10 ANOS DE “HELLO”
O RETORNO DE ADELE QUE REDEFINIU A FORÇA DAS BALADAS NA ERA DO STREAMING
João Carlos
05/11/2025
Em 23 de outubro de 2015, o mundo ouviu um “Hello” que soou como reencontro. Depois de quatro anos longe dos holofotes, Adele voltava com o primeiro single do álbum 25, transformando uma simples saudação em um dos maiores fenômenos da música moderna. A faixa não apenas quebrou recordes — ela redefiniu o que significava emocionar em plena era digital.

Crédito da imagem: Capa do álbum “25” (2015), da cantora Adele / Reprodução: Spotify
O reencontro

Crédito da imagem: Capa do single “Hello” (2015), da cantora Adele / Fonte: Spotify
“Hello” surgiu de uma fase de amadurecimento. Adele sempre deixou claro que a música não era uma ligação para um ex, mas uma conversa com ela mesma. Uma espécie de acerto de contas com o tempo, com os erros, com quem ficou para trás.
“É sobre o outro lado de mim”, explicou em uma das entrevistas que antecederam o lançamento. A letra ecoa um sentimento universal — aquele desejo de falar com o passado e dizer o que ficou preso na garganta.
Com produção de Greg Kurstin, a faixa mistura piano, drama e sutileza em uma progressão que cresce até o refrão explosivo. Gravada no Metropolis Studios, em Londres, ela mostra o quanto Adele domina o equilíbrio entre fragilidade e força, entre o íntimo e o monumental.
O videoclipe que fez história
Para o diretor Xavier Dolan, a missão era simples: capturar emoção. Filmado em uma fazenda do interior do Quebec, o clipe transforma uma casa abandonada em cenário de lembranças. O uso de câmeras IMAX, inédito em videoclipes, deu uma dimensão cinematográfica à história.
Um detalhe chamou atenção: Adele aparece usando um celular flip, daqueles antigos. Dolan explicou a escolha — “smartphones tiram a gente da história”. A decisão acabou se tornando símbolo da proposta atemporal da música.
O impacto foi imediato. Em 24 horas, o vídeo somou 27,7 milhões de visualizações, quebrando o recorde do YouTube. Em menos de três meses, chegou a 1 bilhão de views, um feito inédito até então. Recorde abaixo:
Um sucesso que parou o mundo
Na semana de estreia, “Hello” vendeu 1,11 milhão de downloads só nos Estados Unidos — a primeira música da história a romper essa marca em sete dias.
Dominou a Billboard Hot 100 por dez semanas consecutivas e alcançou o topo em mais de 30 países.
No Reino Unido, ultrapassou 300 mil unidades vendidas em poucos dias.
A consagração veio em 2017. Adele levou três dos principais Grammys — Gravação do Ano, Canção do Ano e Melhor Performance Pop Solo. O álbum 25 ainda ganhou Álbum do Ano. Poucos artistas haviam conquistado tanto em tão pouco tempo.
Uma exceção na era dos algoritmos
Em 2015, o pop global já vivia sob o domínio das plataformas de streaming. As músicas ficavam mais curtas, os refrões vinham mais cedo e a atenção do público durava segundos.
E Adele, contra todas as lógicas de mercado, lançou uma balada de quatro minutos e meio, lenta, emocional e sem fórmulas.
O resultado provou que emoção ainda vende. Enquanto o mundo girava ao som de hits instantâneos, “Hello” trouxe de volta o poder da pausa, da respiração, da catarse.
Críticos chamaram o single de “último grande evento pop analógico da era digital”.
O que fica depois do “alô”
Dez anos depois, “Hello” continua ressoando — nas rádios, nos filmes, nos palcos e, sobretudo, na memória coletiva.
Não é apenas uma música sobre saudade. É sobre o tempo, sobre se reconhecer, sobre continuar tentando.
Adele transformou um simples cumprimento em um espelho universal. E talvez seja por isso que, ainda hoje, quando ela canta “Hello from the other side”, parece que fala direto com cada um de nós.


