A CIÊNCIA ABERTA E OS DESAFIOS DA COMPETITIVIDADE NA UNIÃO EUROPEIA
OS DEBATES EM TORNO DESSAS QUESTÕES VISAM FORTALECER A POSIÇÃO DA UE EM RELAÇÃO AO CENÁRIO GLOBAL DE PESQUISA E INOVAÇÃO
Publicada em
A União Europeia (UE) está passando por uma reavaliação significativa de sua abordagem à competitividade, o que levanta questões sobre o futuro da Ciência Aberta. A introdução da "Competitiveness Compass" visa fortalecer a posição da UE no cenário global de pesquisa e inovação, buscando reduzir a lacuna de inovação em relação a parceiros globais. No entanto, essa ênfase na competitividade traz à tona o dilema entre manter a ciência "tão aberta quanto possível, tão fechada quanto necessário", conforme defendido por líderes como Mario Draghi.
O que é Ciência Aberta?
Ciência Aberta é um movimento que promove o acesso livre e compartilhado ao conhecimento científico, buscando tornar a pesquisa e a inovação mais transparentes, acessíveis e colaborativas. Isso vai além do simples acesso aberto a publicações acadêmicas, abrangendo também práticas como o compartilhamento de dados de pesquisa, o uso de recursos educacionais abertos e a participação ativa da comunidade pública em projetos científicos (como ciência cidadã).
A Ciência Aberta propõe uma mudança na forma como a ciência é realizada e disseminada, incentivando a colaboração entre pesquisadores, organizações, e até mesmo entre cidadãos e cientistas. A ideia é criar uma rede de conhecimento compartilhado, onde todos os envolvidos possam contribuir e acessar resultados de pesquisa sem restrições.
O Papel de Mario Draghi na Competitividade

Mario Draghi é um economista italiano que desempenhou um papel crucial como Presidente do Banco Central Europeu e mais recentemente foi Primeiro-Ministro da Itália. Draghi é conhecido por seu enfoque na necessidade de aumentar a competitividade da Europa, particularmente em termos de inovação e pesquisa. Ele tem defendido uma abordagem pragmática, em que as políticas públicas devem ser moldadas para impulsionar a produtividade enquanto equilibram a necessidade de garantir acesso aberto e inclusivo à ciência.
Draghi formulou a ideia de que a ciência precisa ser "tão aberta quanto possível, tão fechada quanto necessário". Essa filosofia visa garantir que a inovação e os resultados de pesquisa possam ser amplamente acessados, enquanto aspectos sensíveis, como dados proprietários ou questões de segurança, sejam protegidos de forma adequada.
Avanços e Resultados Práticos na Ciência Aberta
Apesar dos desafios, a Ciência Aberta tem gerado avanços significativos na União Europeia e no mundo. Um exemplo é o Open Research Europe, uma plataforma lançada pela Comissão Europeia para apoiar a disseminação de resultados de pesquisa financiados pela UE. A plataforma permite o acesso gratuito a publicações científicas, proporcionando maior visibilidade para os pesquisadores e facilitando a colaboração internacional.
Outro exemplo de avanço é o Open Data Initiative, que visa disponibilizar dados de pesquisa de maneira aberta e acessível. Essa iniciativa tem sido particularmente importante em áreas como a pesquisa médica e a biotecnologia, onde o compartilhamento de dados pode acelerar o desenvolvimento de novos tratamentos e medicamentos.
Além disso, a ciência cidadã tem crescido, com projetos onde qualquer pessoa, não apenas especialistas, pode participar da coleta de dados ou até mesmo na análise de resultados. Isso tem sido fundamental em áreas como ecologia, onde voluntários ajudam a monitorar a biodiversidade e a saúde ambiental.
O Desafio de Equilibrar Competitividade e Abertura
Para garantir que a Ciência Aberta continue a prosperar, é essencial que a UE desenvolva políticas que equilibrem a necessidade de competitividade com o compromisso com a abertura e a colaboração científica. Isso inclui a implementação de estruturas regulatórias que promovam o acesso equitativo aos dados e recursos de pesquisa, além de apoiar modelos de publicação que favoreçam a disseminação ampla do conhecimento. A integração de práticas de inovação aberta também é uma chave para que a pesquisa pública se beneficie da colaboração de diferentes setores da sociedade.
Conclusão
Em resumo, enquanto a busca por competitividade é crucial para a posição global da UE, é igualmente importante preservar os princípios da Ciência Aberta para garantir que a pesquisa continue a ser acessível, colaborativa e orientada para o bem público. Políticas públicas que promovem a transparência e a participação ativa de todos os setores são fundamentais para o avanço da ciência, a inovação e a resolução de desafios globais, como mudanças climáticas e questões de saúde pública.
SALA DE BATE PAPO