Autoridades americanas aprovam antidepressivo em forma de spray nasal

Nos últimos 20 anos, estudos têm comprovado que, em baixas doses, o anestésico cetamina tem ação antidepressiva e rápida. Em setembro do ano passado, a empresa farmacêutica Janssen apresentou à agência reguladora americana, a Food and Drug Administration (FDA), um pedido de registro do novo uso para esta medicação – que já é antiga, sintetizada nos anos 1960. Nesta semana, o órgão regulador americano aprovou o spray.

Uma única dose, injetada no músculo ou na corrente sanguínea, poderia reduzir a tristeza, a desesperança, a falta de motivação, a baixa autoestima e até os pensamentos suicidas de forma significativa e duradoura. “Em doses de 10 a 20 vezes inferiores às usadas na anestesia, é um medicamento que ajuda a tirar a pessoa do fundo do poço”, afirma o psiquiatra Acioly Lacerda, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), um dos pioneiros no uso experimental da cetamina contra a depressão no Brasil.

A depressão atinge 300 milhões de pessoas pelo mundo todo, segundo a OMS. Um desafio é que cerca de metade das pessoas não respondem aos tratamentos convencionais. De olho nesse mercado, a Janssen desenvolveu uma versão da cetamina de uso mais simples: um spray nasal que deverá ser administrado sob supervisão médica.

Um artigo online foi publicado em maio no American Journal of Psychiatry mostrando os resultados de uma etapa anterior, os ensaios da fase 2. Realizado com pesquisadores da Universidade Yale, nos Estados Unidos, o estudo avaliou 68 pessoas com depressão refratária e risco iminente de suicídio. Elas receberam duas doses semanais de cetamina intranasal por quatro semanas ou placebo. Os dois grupos também foram tratados com um antidepressivo convencional. Segundo o trabalho, quem recebeu cetamina melhorou mais rápido, até o 11º dia dos testes, do que o grupo placebo.

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