Democratas arquivam relatório sobre derrota para Trump em 2024, de olho nas eleições de meio do mandato
Democratas arquivam relatório sobre derrota para Trump em 2024, de olho nas eleições de meio do mandato
Reuters
18/12/2025
Por James Oliphant e Tim Reid
WASHINGTON, 18 Dez (Reuters) - O Partido Democrata disse nesta quinta-feira que não divulgaria uma análise interna de sua derrota para o presidente republicano Donald Trump em 2024, afirmando que a divulgação pública de seus fracassos desviaria o foco da vitória nas futuras eleições.
O partido tem se envolvido em acusações mútuas sobre quem foi o culpado pela derrota da vice-presidente Kamala Harris. Kamala tornou-se a candidata democrata à Presidência poucas semanas antes da eleição, depois que o presidente norte-americano, Joe Biden, abandonou abruptamente a disputa.
O chamado relatório de autópsia, que envolveu centenas de entrevistas com autoridades do partido em todo o país, foi uma tentativa de chegar a algum consenso.
Em vez disso, depois que os democratas venceram as eleições para governador em Nova Jersey e na Virgínia no mês passado e mostraram força em outras disputas, o tão esperado relatório agora será deixado de lado enquanto o partido se prepara para as eleições de meio de mandato do próximo ano, quando tentará retomar o controle do Congresso dos republicanos.
'Em nossas conversas com as partes interessadas de todo o ecossistema democrata, estamos alinhados com o que é importante, que é aprender com o passado e vencer no futuro', disse Ken Martin, presidente do Comitê Nacional Democrata (DNC), em um comunicado nesta quinta-feira.
'Esta é a nossa estrela do norte: isso nos ajuda a vencer? Se a resposta for não, é uma distração da missão principal.'
A derrota de Kamala expôs uma ruptura no partido entre suas alas liberal e mais ao centro, com cada facção afirmando que detinha o projeto para o caminho a seguir.
Mas não se esperava que o relatório tocasse nessa divisão ideológica, nem que colocasse a culpa em Kamala ou Biden.
As conclusões do relatório se concentraram no processo -- contatos com eleitores, captação de recursos e mensagens na mídia, de acordo com um integrante do DNC que falou sob condição de anonimato. O relatório mencionou o sucesso de Trump em alcançar eleitores mais jovens e sua capacidade de explorar mídias não tradicionais, como podcasts.
O relatório também argumentou que os democratas não conseguiram abordar adequadamente as preocupações dos eleitores em questões como economia, segurança pública e imigração, questões sobre as quais Trump conseguiu obter ganhos, disse o integrante do DNC.
Karen Finney, estrategista democrata que foi diretora de comunicações do DNC entre 2005 e 2009, disse que a decisão de não divulgar o relatório não foi 'surpreendente, principalmente porque os democratas parecem ter algum impulso político'.
Mas Finney disse que movimento foi decepcionante, porque havia lições valiosas a serem tiradas da vitória de Trump no ano passado, conforme o partido se prepara para a eleição presidencial de 2028.
Depois que o presidente democrata Barack Obama ganhou seu segundo mandato em 2012, o Partido Republicano encomendou seu próprio relatório de autópsia, que, entre outras coisas, pedia que o partido fizesse um esforço maior para atrair eleitores negros e mulheres. Mas essas recomendações foram deixadas de lado quando Trump ganhou a indicação republicana e depois a Presidência em 2016.
Reuters

