Enviado de paz na Bósnia alerta para consequências caso sérvios ignorarem leis

SARAJEVO (Reuters) - O enviado internacional de paz na Bósnia alertou os sérvios do país nesta segunda-feira que enfrentarão consequências se quebrarem os termos de um acordo de paz ao se recusarem a reconhecer seus decretos e leis.

Christian Schmidt supervisiona o acordo de paz de Dayton, patrocinado pelos Estados Unidos, que pôs fim à guerra no país balcânico na década de 1990, e tem o poder de retirar autoridades e impor leis.

Líderes da região sérvia da Bósnia -- que ameaçaram se separar -- não reconhecem Schmidt em seu cargo oficial como Alto Representante para a Bósnia e Herzegovina e não o encontram desde que assumiu o cargo em 2021.

Eles disseram que sua assembleia adotará um projeto de lei na quarta-feira que impedirá a publicação de seus decretos e leis no Diário Oficial, o que significa que não seriam reconhecidos como legislação oficial.

Ex-ministro do governo alemão, Schmidt disse nesta segunda-feira que todas as partes do acordo de paz se comprometeram a cooperar com seu gabinete.

'As autoridades que, por ação ou omissão, desrespeitam seus deveres legais, assim como essas obrigações, assumem responsabilidade pessoal por suas decisões e pelas consequências de tais decisões', disse Schmidt.

'Eles devem estar cientes de que estarão navegando em águas pesadas.'

Os acordos de paz de Dayton encerraram quase quatro anos de guerra, nos quais cerca de 100.000 pessoas morreram, ao dividir a Bósnia em duas regiões autônomas: a República Sérvia, dominada pelos sérvios, e a Federação, compartilhada por bósnios e croatas, unidos por um governo central fraco.

O nacionalismo linha-dura sérvio do líder sérvio-bósnio Milorad Dodik e sua postura pró-Rússia levantaram a preocupação de que a Bósnia possa se fragmentar novamente em linhas étnicas uma geração após o conflito.

(Reportagem de Daria Sito-Sucic)