FUTURO DO JOCKEY CLUB DE SÃO PAULO GANHA DESTAQUE NO DEBATE PÚBLICO
O ASSUNTO VOLTOU A SER PAUTADO NA CÂMARA DA CIDADE
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A situação do Jockey Club de São Paulo, um dos espaços mais tradicionais da cidade, voltou ao centro das discussões políticas e urbanísticas. No último dia 24 de abril, o vereador João Jorge (MDB) manifestou apoio ao prefeito Ricardo Nunes na proposta de transformar o terreno da entidade em um parque público. Em sessão na Câmara Municipal, o parlamentar destacou a dimensão da área — 619 mil metros quadrados, o equivalente a 86 campos de futebol — e defendeu a necessidade de reverter o espaço em benefício da população.

Segundo João Jorge (em destaque acima), o Jockey Club enfrenta um cenário crítico. O número de associados caiu drasticamente, passando de nove mil para apenas 300 sócios, e a geração de empregos também sofreu forte retração.
“De milhares de empregos, o Jockey hoje gera 180 empregos”, afirmou.
Além disso, o vereador chamou atenção para a dívida acumulada da instituição:
“Deve para o município de São Paulo mais de R$ 800 milhões em impostos, entre IPTU e ISS. O Jockey não tem como pagar, não tem mais renda para isso”, completou.
Transformação em Parque e Questões Jurídicas
A Prefeitura de São Paulo pretende transformar a área em um parque público, avaliando o terreno em R$ 95 milhões para abater parte da dívida milionária. Para viabilizar o projeto, o governo municipal planeja usar o instrumento de "dação em pagamento", previsto no Plano Diretor da cidade desde 2023.
No entanto, a proposta enfrenta resistência. O Jockey Club contesta tanto o valor de avaliação da área quanto a própria cobrança de IPTU, alegando que deveria ser tributado como propriedade rural, devido à criação de cavalos no local.
O impasse é agora discutido na Câmara Municipal, com forte apoio de parte dos vereadores que enxergam na desapropriação uma oportunidade de ampliar as áreas verdes e culturais da cidade. João Jorge resumiu a visão de muitos ao declarar:
“Estamos procurando mecanismos legais para que possamos contribuir com a cidade de São Paulo, transformando essa área em mais verde, mais cultura e mais lazer.”
Tema Também Foi Abordado na Entrevista da Secretária Elisabete França

O debate sobre o destino do Jockey Club também foi abordado na última sexta-feira (25) pela secretária municipal de Urbanismo e Licenciamento de São Paulo, Elisabete França, em entrevista ao podcast da Rádio Antena 1. Na segunda parte da conversa, a secretária comentou a mudança de paradigma enfrentada pelo terreno do Jockey, tombado como patrimônio histórico e localizado às margens do Rio Pinheiros.
Originalmente previsto como Zona de Operação Urbana no Plano Diretor de 2014, o local passou a ser classificado como ZEPAM — Zona de Proteção Ambiental, direcionando sua função para a implantação de um parque público.
“Hoje, o Jockey é uma ZEPAM e a ideia é implantar um parque. Claro que isso envolve negociação com o Jockey, que ainda mantém atividades de turfe, mas já sem a força de antigamente”, explicou Elisabete.
A Prefeitura, por meio da Procuradoria Geral do Município (PGM) e da Secretaria da Fazenda, está conduzindo um estudo técnico para avaliar a dívida de IPTU do clube — valor que, segundo a secretária, pode superar o próprio valor do terreno.
Apesar dos entraves jurídicos e patrimoniais, Elisabete França é enfática ao defender a transformação da área:
"É um patrimônio muito rico. Acho que o mais rico da cidade. E com a previsão de uma estação do plano hidroviário no Rio Pinheiros, bem em frente, a integração parque–rio será algo fantástico", destacou.
Situação Financeira e Recuperação Judicial

A crise financeira do Jockey Club é um dos principais fatores que impulsionam as discussões sobre seu futuro. A agremiação, tradicionalmente associada às corridas de cavalos e eventos sociais, enfrenta a decadência do turfe como atividade econômica e o desinteresse do público.
Em resposta à crise, o clube tenta entrar em recuperação judicial, em processo que ainda tramita no Tribunal de Justiça de São Paulo. O pedido levanta questões jurídicas relevantes, uma vez que o Jockey é uma associação civil sem fins lucrativos — categoria que tradicionalmente não pleiteia esse tipo de proteção legal.
Além disso, o clube contesta na Justiça a cobrança de IPTU e questiona a avaliação do terreno feita pela Prefeitura, alegando que o valor real seria muito superior ao estipulado para a desapropriação.
Próximos Passos: Debate Continua no Podcast da Rádio Antena 1
O futuro do Jockey Club de São Paulo está em aberto e caminha para um momento decisivo. A proposta de transformar o espaço em um grande parque público visa atender a uma demanda crescente por áreas verdes e culturais na cidade, mas esbarra em impasses jurídicos e patrimoniais.
Enquanto o processo não se resolve, o Jockey segue ativo, promovendo corridas e eventos sociais em meio a um cenário de incertezas. O debate sobre o destino dessa área histórica promete continuar mobilizando autoridades, a sociedade civil e a opinião pública nos próximos meses — e também será tema de novas conversas no podcast da Rádio Antena 1, que seguirá acompanhando de perto todos os desdobramentos.
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