MILEY CYRUS TRANSFORMA 2025 EM UM ANO DE REINVENÇÃO
ENTRE ÁLBUM-VISUAL, RECONCILIAÇÃO FAMILIAR E TRILHA PARA “AVATAR”, ARTISTA VIVEU UM DE SEUS MOMENTOS MAIS CRIATIVOS
João Carlos
09/12/2025
Poucos artistas conseguiram ocupar 2025 com tanta força cultural quanto Miley Cyrus. Dos tapetes vermelhos às estreias cinematográficas, passando por prêmios, revelações pessoais e decisões que redesenharam os rumos de sua carreira, a cantora viveu um ano em que vulnerabilidade, ambição artística e reinvenção caminharam lado a lado.
Ao longo de 12 meses, Miley manteve a atenção da mídia global ao transformar experiências difíceis em combustível criativo e consolidar uma nova fase com o álbum-visual “Something Beautiful”, obra que combina trauma, cura e espiritualidade pop em uma narrativa profundamente autoral. A seguir, reunimos os acontecimentos que marcaram esse ciclo — um panorama essencial para os fãs e ouvintes da Rádio Antena 1, sempre atentos ao que move o noticiário musical internacional.
A virada glamourosa do início do ano
Janeiro abriu a temporada com Miley estrelando o Golden Globe 2025, exibindo um visual que misturava referências de Debbie Harry ao universo dos animes japoneses — um look que dominou o noticiário de moda. A vida pessoal, porém, já começava a entrar em pauta com novas matérias sobre o distanciamento entre a cantora e o pai, Billy Ray Cyrus, assunto que ainda renderia capítulos importantes ao longo do ano.
Poucas semanas depois, veio um momento histórico: durante o Grammy 2025, Miley chegou ao tapete vermelho acompanhada da mãe, Tish Cyrus, e do namorado, Maxx Morando, e subiu ao palco para apresentar o prêmio de Gravação do Ano. Na mesma noite, conquistou um Grammy de Best Country Duo/Group Performance ao lado de Beyoncé pelo dueto “II Most Wanted” — uma vitória simbólica que reconectou Miley às raízes country da família.
Em fevereiro, ela ainda brilhou no especial SNL 50, reforçando a força contínua de “Flowers”, hit que se mantém como um dos grandes hinos pop da década.
A chegada da era Something Beautiful
Entre março e abril, Miley iniciou oficialmente sua nova fase com o lançamento de “Prelude” e da faixa-título “Something Beautiful”, acompanhadas de clipes cinematográficos que anunciavam um projeto maior: um álbum-visual sobre transformação emocional.
Em abril, o single “End of the World” apresentou um lado mais dançante, combinando Europop, disco e pop contemporâneo, enquanto aprofundava o tom existencial das novas composições.
A crítica internacional logo reconheceu o projeto como um dos mais ousados da carreira da artista — e uma virada estética que a colocava ao lado de nomes que tratam o álbum como obra completa, não apenas como uma coleção de singles.
Maio de contrastes: Met Gala, revelações de saúde e o novo álbum
Maio foi decisivo. No Met Gala 2025, Miley marcou presença com look sob medida da Alaïa, ressaltando que a moda funciona como “armadura emocional”.
Na mesma semana, porém, vieram revelações impactantes: a artista contou que enfrentou uma ruptura de cisto ovariano durante seu especial de Ano-Novo em 2022/2023, episódio que classificou como traumático. Também revelou ter sido internada na UTI em novembro de 2024 após uma grave infecção no joelho — adquirida durante as filmagens de seu filme — e tornou público o diagnóstico de Reinke’s edema, condição que ajuda a explicar sua voz rouca característica.
Mesmo com esse histórico médico, Miley lançou em 30 de maio seu nono álbum, “Something Beautiful”, coproduzido por Shawn Everett e repleto de colaborações de peso. O disco recebeu elogios da crítica e pavimentou o caminho para o filme homônimo.
Tribeca, Disney+ e a decisão de abandonar as turnês
Em junho, a artista estreou o filme “Something Beautiful” no Tribeca Festival, em Nova York. A produção de 55 minutos funciona como ópera pop, conectando todas as faixas em uma narrativa visual psicodélica. A exibição gerou debate — alguns espectadores esperavam um show completo —, mas Miley transformou o momento em conversa franca e apresentações improvisadas.
O filme ganhou sessões globais em datas únicas e chegou ao Disney+ pouco depois, consolidando a estratégia da artista: lançar um grande projeto visual sem a necessidade de uma turnê mundial.
Mais tarde, Miley explicou publicamente que não pretende mais fazer grandes turnês por questões de saúde mental, sobriedade e bem-estar — um posicionamento que ecoou com força na indústria da música.
Reconciliação familiar e a força emocional de “Secrets”
Se o ano começou com tensão familiar, o meio dele trouxe reconciliação. Em maio, Miley voltou a ser vista com o pai em fotos publicadas durante o aniversário do irmão. O movimento ficou ainda mais claro em setembro, com o lançamento de “Secrets”, parceria com Lindsey Buckingham e Mick Fleetwood.
A faixa, incluída na edição deluxe do álbum, foi lida pela imprensa como uma carta aberta de cura, marcada por metáforas sobre confiança, perdão e passado em reconstrução. Não por acaso, Billy Ray posteriormente celebraria publicamente o noivado da filha — um gesto simbólico de reaproximação.
VMAs e uma exposição mais controlada
Mesmo colhendo indicações importantes no MTV Video Music Awards 2025, incluindo Melhor Vídeo em Formato Longo, Miley optou por não comparecer ao evento. A escolha reforçou sua nova postura: menos exposição, mais autocontrole e maior foco na qualidade artística de seus lançamentos.
Em entrevistas, ela definiu sua filosofia como a capacidade de “ver destruição e decepção como começos”, frase que se tornou resumo perfeito da era Something Beautiful.
“Avatar”, noivado e o encerramento de um ciclo
No último trimestre do ano, Miley expandiu sua presença no cinema com “Dream as One”, música original para “Avatar: Fire and Ash”. Escrita com Mark Ronson, Andrew Wyatt e Simon Franglen, a canção toca nos créditos finais e reforça a presença da artista nas grandes trilhas sonoras de Hollywood.
Mas o momento mais comentado de dezembro veio no tapete vermelho da première do filme: Miley surgiu com um anel de diamante que confirmava o noivado com Maxx Morando. Em entrevistas posteriores, ela relatou que busca uma vida mais calma e privada — alinhada ao discurso de transformação que guiou todo o ano.
A artista também aproveitou a ocasião para tranquilizar fãs sobre o estado de saúde de Dolly Parton, sua madrinha artística, dizendo que a estrela country está se recuperando e continua ativa “no próprio ritmo”.
Moda, publicidade e a presença de Miley no universo do estilo
Além da música, 2025 também consolidou Miley Cyrus como uma das figuras mais influentes da moda e da comunicação visual. A artista intensificou parcerias com marcas de luxo, estrelou campanhas de moda e ampliou seu alcance no mercado de perfumes e cosméticos, reforçando a imagem de uma estrela que domina não apenas os palcos, mas também o imaginário estético da cultura pop contemporânea.
Durante o ano, Miley protagonizou ensaios que exploraram diferentes facetas de sua personalidade — ora irreverente, ora elegante, sempre consciente do poder simbólico da própria imagem. Essa versatilidade culminou em uma das aparições editoriais mais comentadas de 2025: sua capa para a Vogue, onde assumiu uma estética madura e sofisticada, alinhada ao conceito visual de Something Beautiful. A publicação destacou sua evolução estilística e sua habilidade de transformar experiências pessoais em expressão artística, reforçando o lugar que ela ocupa entre as vozes femininas mais influentes da moda internacional.
Sua presença contínua em tapetes vermelhos, campanhas e editoriais deixou evidente que Miley domina uma gramática visual própria — um repertório que vai do glamour experimental às referências rock e alternativas que marcaram suas fases anteriores. Em comerciais e ativações com marcas de beleza, a cantora também expandiu seu alcance, emprestando voz, estilo e narrativa a produtos que dialogam diretamente com o público jovem adulto que a acompanha há mais de uma década.
Em 2025, Miley não apenas lançou música e cinema: ela construiu uma identidade estética capaz de dialogar com múltiplos segmentos da indústria, confirmando que sua influência ultrapassa o território do entretenimento e alcança a moda, a beleza e a publicidade com a mesma força transformadora.
O legado de Miley Cyrus em 2025
No fim das contas, 2025 entrou para a história de Miley Cyrus como um ano de renascimento, marcado por escolhas artísticas e pessoais que redefiniram sua trajetória. A chegada do álbum-visual “Something Beautiful” consolidou uma fase mais sofisticada e conceitual, enquanto a reconciliação com a família trouxe um equilíbrio emocional que se refletiu diretamente em sua música. Ao decidir não voltar às grandes turnês, Miley reafirmou um novo pacto consigo mesma, priorizando saúde mental, estabilidade e liberdade criativa. Paralelamente, sua expansão para o cinema, com a participação em “Avatar: Fire and Ash”, reforçou o alcance multidimensional que ela vem construindo. E, no plano íntimo, o noivado com Maxx Morando simbolizou um começo mais sereno, alinhado ao discurso de transformação que guiou todo o ano.
Mais do que um ciclo profissional bem-sucedido, 2025 marcou o momento em que Miley Cyrus consolidou uma linguagem própria — madura, visual e profundamente introspectiva — que a posiciona entre as artistas mais relevantes do pop contemporâneo.
Recorde três momentos essenciais de Miley em 2025: a performance intimista de “End of the World (Live from Chateau Marmont)”, que evidenciou a nova sensibilidade da artista; o lançamento de “Secrets”, parceria com Lindsey Buckingham e Mick Fleetwood, que aprofundou o caráter emocional da era Something Beautiful; e a chegada de “Dream As One”, composta para o filme Avatar: Fire and Ash, mostrando sua expansão para o universo das grandes trilhas sonoras.


