O Brasil é o país mais ansioso do mundo, segundo a OMS
Especialistas dão dicas de como contornar o transtorno.
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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil vive uma epidemia de ansiedade. Isso porque o país tem o maior número de pessoas ansiosas do mundo. Quase 19 milhões de brasileiros, cerca de 10% da população, convivem com o transtorno.
Mesmo diante desta realidade, o tabu em relação ao uso de medicamentos ainda permanece. O psiquiatra Daniel Martins de Barros, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, confirma. “As duas frases que eu mais ouço na clínica são ‘eu não queria tomar remédio’, na primeira consulta, e ‘eu não queria parar de tomar os remédios’, na consulta seguinte. A gente tem muita resistência porque existem muitos mitos: ficar viciado, bobo, impotente, engordar”.
Segundo o especialista, todo remédio pode provocar efeitos colaterais, por isso são receitados quando existe uma relação de custo-benefício favorecendo o paciente.
Há 30 anos, os médicos dispunham de recursos inadequados para o tratamento da ansiedade. É o que afirma Neury Botega, psiquiatra da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Ou usávamos drogas bem pesadas, como barbitúricos, ou as que existem até hoje, como as faixas pretas, os benzodiazepínicos. Por isso, nós vimos várias tias, avós, viciadas em remédios e essa é uma das imagens gravadas quando pensamos em tratamentos psiquiátricos”.
A partir de 1990, no entanto, a fluoxetina, mais conhecida comercialmente como Prozac, mudou este cenário. “Hoje, para tratar a ansiedade, na maioria das vezes usamos medicamentos que aumentam a atividade de um neurotransmissor chamado serotonina. É o nosso Bombril: mil e uma utilidades”, afirma Botega.
Quanto ao tempo de duração do tratamento, não uma receita exata a ser seguida. “Ele pode durar um tempo ou ser necessário pela vida inteira. Ansiedade é como pressão alta: quando descontrola, às vezes é para sempre. Você pode controlar com atividade física, meditação, terapia, mas ela vai estar sempre ali te ameaçando”, diz Martins de Barros.
No entanto, a questão do uso excessivo de medicamentos para tratar a ansiedade causa polêmica. Leandro Karnal, historiador e colunista do jornal O Estado de S. Paulo, aponta uma “medicalização” do comportamento humano. “Se o aluno não consegue acompanhar as aulas, dão remédio para ele. Nem todo mundo que não presta atenção tem déficit de atenção. A aula pode ser chata mesmo”, argumenta.
Já Rosely Sayão, psicóloga e consultora em educação, chama a atenção para o que ela intitula de “epidemia de diagnósticos”. Segundo a especialista, cada um de nós hoje usa a lógica médica para estar sempre diagnosticando o outro. “Nós vivemos à base de diagnósticos e, quando fazemos isso, apagamos a pessoa que está por trás dele”, diz.
Os remédios podem não ser a única alternativa para tratar a ansiedade. Segundo um estudo feto por pesquisadores da Southern Methodist University in Dallas e University of Vermont in Burlington, nos EUA, praticar exercícios físicos regularmente pode ser uma boa estratégia para prevenir ataques de pânico e doenças relacionadas.
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