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Podcast Lado Pessoal - Joana Adissi - General Manager Vacinas na Sanofi Brasil

com Millena Machado

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Podcast Lado Pessoal. Podcast semanal com Millena Machado. Crédito da imagem: Antena 1

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PODCAST Nº 17 (2a Temporada)

Apresentado pela Millena Machado, o podcast Lado Pessoal vai te levar até o universo particular dos CEOs. Com um formato descontraído, você vai conhecer aspectos da vida pessoal, decisões impactantes, mudanças de localidade, e, ainda, qual música inspirou os momentos importantes na vida de cada um dos CEOs.

Legendas:

MM: = Millena Machado (Apresentadora do podcast, Lado Pessoal).

JA = Joana Adissi (Entrevistada)

Está no ar... Lado Pessoal, com Millena Machado, o podcast de entrevistas da Rádio Antena 1! Vinheta da Antena 1.

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Música de introdução deste podcast: Fight Song – Rachel Platten

[0:01:25] - MM: Olá... Está no ar, Lado Pessoal, o podcast Rádio Antena 1, que bate um papo sincero e descontraído com os executivos mais admirados do Brasil. Eu sou Millena Machado, muito prazer! E hoje, aqui revelando o seu lado pessoal pra gente, a diretora geral de vacinas, Sanofi, no Brasil, Joana Adissi. Oi Joana, seja muito bem-vinda!

[0:01:48] – JA: Oi, Millena, prazer estar aqui, muito obrigada... Estou muito feliz em participar.

[10:01:48] – MM: A gente que fica, viu! É sempre muito bacana receber mulheres aqui; são poucas as executivas, ainda, né, em postos de comando no Brasil, então, a gente faz festa mesmo quando vocês abrem um espacinho na agenda e conseguem estar aqui com a gente, falando um pouco mais sobre vocês; e é claro que essa música que você escolheu pra gente, aqui, abrir o nosso papo, não vou perder a oportunidade, eu entendo que você é do tipo que não foge à luta, né? [Risos]... É a canção da luta, e se é pra brigar, vamos brigar, vamos com tudo, mulher guerreira! [risos]

[0:02:28] – JA: É... Eu acho que, tem até o começo dessa música, Millena, é muito interessante, eu acho que ele reflete muito o meu momento, hoje, que ele fala muito desse poder individual né, que é assim, como fotos pra você causa uma explosão, é um barco no mar que faz... a onda né, começar se abrir e o movimento começar, é uma palavra que abre um coração como um todo; então, é muito mais nesse lado do poder individual mesmo, que eu acho que a gente ainda desacredita muito né, o nosso impacto pessoal, e eu acho que tô muito nesse momento de... de ser protagonista, de tentar trazer as transformações que eu acredito, muito nesse... nesse lado pessoal de, assim, de fazer minha voz ser ouvida, sabe, eu acho que é... é mais nesse... nesse lado da música que eu me identifico muito com ela.

{0:03:10] – MM: Pois é! E você já há 3 anos né, num cargo de liderança, de alta responsabilidade, muito inspiracional também, já toda realizada; eu percebo pela tua voz, pelo teu pic, pela tua energia. Quero saber como é que nasceu essa mulher determinada... Eu sei que você teve uma adolescência de muita decisão né, você resolveu mudar de cidade, foi morar com seus avós paternos, depois você resolveu passar uma temporada fora do país, aí você foi fazer faculdade, aí você trancou a faculdade, foi morar em outro país de novo... Como... De onde surgem, assim, as suas decisões, os seus planos, como faz pra ser uma pessoa determinada?

[0:03:48] – JA: Então, Millena, sabe que esses dias eu estava até procurando, que eu queria entender se tem alguma... assim, algum número né, que a gente é muito focada no [...?] e num número que falasse assim: “—tanto é... é DNA né, tanto é hereditário e tanto é personalidade... Não existe isso, porque a gente pode até transformar as nossas células aí, dependendo do ambiente que a gente vive e tudo mais. Mas eu acho que tem um ponto que é super importante pra mim, que é a maneira como eu fui criada, o ambiente que fui criada, os exemplos que eu tive né; então, eu nasci... sou né, de uma família... que minha mãe e meu paai nunca diferenciaram a gente por gênero, eu tenho uma irmã e um irmão, eu sou a filha do meio, e tenho uma família que vem de referências de mulheres muito fortes. Então, eu nasci num ambiente em que a mulher sempre se posicionou, a mulher sempre trabalhou fora, desde as minhas avós, minhas tias, a minha mãe; então, é exemplo de mulheres muito fortes em que isso nunca foi, assim, uma discussão em casa né, se a gente teria esse tipo de independência, ela foi meio que um default, a gente foi criado dessa maneira, né, a gente foi criada dessa maneira. Então, é... eu acho que essa parte da criação é muito impactante pra mim, acho que no que eu sou hoje, eu acho que esse pedaço da criação tem um papel super significativo, e eu acho que tem um lado, também, de personalidade né. Então....

[0:05:01] - MM: Quando que a sua mãe percebeu esse primeiro indício de mulher forte que você se tornaria?

[0:05:07] – JA: Então, eu devia ter, sei lá, uns 11 anos de idade, 10-11 anos. Eu sou muito baixinha né, eu tenho 1,59 m e sempre fui muito pequena; e o Vôlei né, um esporte que exige que você tenha um pouco mais de altura, e minha mãe conta uma história que uma vez ela estava assistindo um treino e ninguém passava a bola pra mim, então eu ficava lá correndo de um lado pro outro e não conseguia pegar a bola, ninguém jogava pra mim, e eu não estava participando do jogo, e aí em determinado moimento a bola saiu do campo e eu fui correndo na frente de todo mundo pegar e bola, e sentei em cima da bola e falei: “— bom, ou vocês começam a jogar pra mim e me deixam participar do jogo ou ninguém mais vai jogara aqui nesse campo”... [risos]... Ela conta essa história, e isso eu acho que diz muito, assim, quem eu sou, sabe, essa coisa da justiça e de ter respeito por todo mundo, sabe? Então, acho que essa é uma história bem emblemática, assim, da minha personalidade.

[0:05:53] – MM: Ai... Adorei, Joana, eu vou começar a prestar atenção agora nas minhas situações e quando a bola não quicar pra mim eu vou fazer como você, sabia? [risos]... Adorei! Adorei... De que cidade você é? Onde você nasceu?

[0:06:08] – JA: Eu nasci no Rio, mas eu tinha 3 anos de idade, a gente foi pra Poços de Caldas, meus pais moram em Poços de Caldas até hoje, então eles estão em Poços já há mais de 40 anos; então, na verdade eu fui criada em Poços de Caldas, né, eu só nasci no Rio, na minha identidade está escrito Rio, mas eu fui criada em Poços de Caldas.

[0:06:24] – MM: E aí de Poços você foi pra onde aos 16 anos? Onde moravam os seus avós paternos?

[0:06:29] – JA: Em São Paulo...

[0:06:30] – Ahh.....!

[0:06:30] – JA: O que acontecia, né? Essa era uma situação, também, muito específica daquela época né, hoje não é mais assim, porque hoje tem faculdade em Poços, mas nessa... na... Minha irmã é dois anos mais velha que eu, e nessa época, quando você chegava no 3º Colegial, você era obrigada a sair de Poços, porque lá não tinha nem cursinho e nem faculdade, então, obrigatoriamente a gente saía de lá. Só o quê que aconteceu? Minha irmã ia sair, eu era 2 anos mais nova, minha irmã ia pra Campinas, e eu falei: “— eu quero ir também, só que eu não quero ir pra Campinas, eu quero ir pra São Paulo”, e eu falei: “— não quero mais ficar aqui, eu quero viver um mundo diferente, eu quero tentar...”. Porque cidade do interior é muito legal né, essa infância, mas eu acho que chega uma hora que você é muito protegida de todos os lados, você é sempre a filha né, a filha Rau, a filha do Vitor, e eu sentia muita falta, assim, de: quem é a Joana, sabe? O que a Joana consegue fazer por ela mesma? E aí era meio que uma busca minha. Então, minha mãe quase morreu né, imagina as duas filhas saindo ao mesmo tempo né, mas eu saí; no final minha irmã foi pra Campinas e eu fui pra São Paulo, eu vim pra São Paulo né, estou em São Paulo desde então.

[0:07:30] – MM: Entendi. E aí não parou quieta...rsrs... porque você decidiu passar uma temporada nos Estados Unidos né? E depois você...

[0:07:37] – JA: Ainda nessa busca.

[0:07:39] – MM: Ah... Nessa busca! Que busca que era, o que você estava buscando?

[0:07:41] – JA: Ainda nessa busca, porque... Então, porque era assim, eu falava: “—ah, aqui eu sou muito protegida né, sou sempre a filha da Rau, do Vitor, e vai estar sempre alguém aqui em cima de mim me olhando, olhando por mim né, me protegendo de alguma maneira, e eu quero ir pra um lugar maior”. Cheguei em São Paulo, eu fazia colégio na FAAP, entrei lá no colégio, e aí você vai se inserindo naquela nova comunidade, e na verdade, depois de um tempo, eu estava sentido a mesma proteção, num ambiente menor, mas também sentido a mesma coisa; aí eu falei: “— poxa vida, então eu vou para os Estados Unidos, eu vou...fiquei pensando, porque se eu for...

[0:08:10] – MM: São Paulo era pequeno pra você...

[0:08:12] – JA: Exato! [Risos]... Eu vou pra outro lugar, eu vou conseguir viver uma outra situação, e aí eu fui para os Estados Unidos, no final aqueles programas de intercâmbio que você pede Califórnia e eles me jogaram lá no Ione, uma cidade de 20.000 habitantes [risos]... Mas que foi uma experiência maravilhosa, mas que no final, depois de 6 meses, do prefeito à faxineira da escola, todo mundo me conhecia, e aí eu comecei a perceber que, talvez, fosse eu né, eu que fizesse com que as pessoas quisessem me proteger né, e estar perto e estar ali né, querendo saber quem eu era, e querendo conversar comigo; então, a busca terminou nos Estados Unidos [rsrs], eu não continuei. Depois eu voltei pra São Paulo e entendi que aquilo fazia parte de mim, então...

[0:08:51] – MM: Você é muito comunicativa né? Assim, no ritmo de falar, as palavras que você escolhe, é bastante acessível, você se faz entender muito, já fico imaginando você. Mas você falou que a busca parou aí? Não parou não, porque eu sei da sua história, depois você trancou a faculdade pra passar uma temporada na Espanha. Agora te pergunto: [risos]... Foi por amor? [rsrsrs] ... Ou São Paulo ficou pequeno de novo e você falou: “— vou conhecer o velho mundo, eu vou pra Europa”...[rsrsrs].

[0:09:17] – JA: Não. É... Essa foi mais ou menos assim, eu entrei na faculdade muito cedo, porque eu entrei com 17 anos da faculdade e eu sairia com 20. E aí eu tinha vontade de morar um tempo na Espanha, na verdade o plano era ficar 6 meses na Espanha e 6 meses na França pra aprender espanhol e francês e depois eu voltaria e ainda me formaria com 21. Mas eu fui numa época que foi bem numa das viradas aí das nossas crises econômicas que o...né, o euro multiplica lá, de repente, e no final eu acabei ficando só os 6 meses na Espanha. Mas esse era muito pensando que assim, a partir do momento que eu entrasse, de verdade, no mercado de trabalho, eu nunca mais teria esse tipo de oportunidade, então, foi muito mais pensando ... sabe? “— deixa eu ampliar aqui repertório, deixa eu conhecer outras coisas, deixa eu viajar mais um pouco, e depois eu sabia que, como eu já estava indo pro quarto ano da faculdade, que eu entraria no mercado de trabalho, e aí é muito mais difícil que você saia né, pra viver, assim, não a trabalho né, no trabalho, lógico, você tem sempre oportunidade de sair, mas era mais, assim, sem a responsabilidade da vida profissional, mais para ampliar repertório pessoal.

[0:10:14] – MM: Sim. E aí essa sua percepção estava correta? A profissão que você escolheu, o caminho que você trilhou, realmente, não criou oportunidades pra você dar essas escapadas, essas espairecidas? Você fez a coisa certa?

[0:10:28] – JA: Olha, eu acho que o momento da viagem foi... foi ótimo, assim, que eu acho que foi uma parada até pro amadurecimento, foi uma coisa completamente diferente do que tinha sido nos Estados Unidos, porque nos EUA eu entrei na High School, então você entra ali num ambiente todo formado, e na Espanha, na verdade, eu fazia um curso de Espanhol para estrangeiro, então era todo mundo meio que vivendo aquela mesma situação, era todo mundo estrangeiro, então muito mais fácil de você se adaptar e tudo mais. E eu acho que, assim, o mais importante era que eu queria viajar, eu queria conhecer os lugares, eu queria ampliar mesmo o repertório, entendeu? Conhecer novos lugares, novas pessoas e eu sempre fui muito curiosa, eu amo aprender; então, isso pra mim sempre... assim, sempre me gerou um encantamento. E eu pensava muito, eu sempre fui muito disciplinada, muito determinada, e eu falava assim: “— eu tenho certeza, que o dia que eu entrar no mercado de trabalho, dificilmente eu vou largar tudo pra... pra... fazer um sabático né, tipo pra viver esse tipo de coisa. E acho que a profissão, foi até bastante interessante essa história porque, quando eu estava terminando o 3º Colegial, até ele não sabe disso, mas o Leandro Karnal foi meu professor na FAAP...

[0:11:33] – MM: Olha...!

[0:11:33] – JA: E ele estava fazendo até os cursos ali de... é... é... como que chama aquilo? De...Esqueci o nome... Que você vai escolher a profissão... e eu tive uma conversa com ele, eu queria falar

[0:11:42] – MM: Vocacional? Uma coisa assim, vocacional...

[0:11:44] – JA: Vocacional, teste vocacional; isso. E eu estava conversando com ele que eu queria fazer Comércio Exterior, porque eu queria ser diplomata, meu sonho era ser diplomata, e aí ele falou assim: “— Joana, você querer fazer Comércio Exterior é a mesma coisa que você gostar de dança e ir estudar ballet, então, não vai fazer comércio exterior, vai fazer administração porque, de repente você muda de ideia no caminho e administração vai te dar uma amplitude aí muito maior de opções; então, assim, vai estudar administração; você pode ir pra RH, você pode ir pra finanças, você pode ir pra marketing, você pode ir pra área comercial, então assim, te abre tanto o escopo, não faça comércio exterior”. E foi por influência dele que eu prestei administração, e fiz administração, e acho que foi a melhor escolha porque, no final, eu cheguei a ter uma experiência em comércio exterior e vi que não era nada daquilo que eu pensava, super burocrático, não era o que eu queria fazer. Então, eu falei: “—nossa, ainda bem que eu fui fazer administração né”, e aí a minha vida profissional foi pra outro caminho, deu outro rumo completamente diferente daquilo que eu pensava.

[0:12:39] – MM: Que legal! Foi um ótimo conselho, mesmo, que ele deu...

[0:12:42] – JA: Foi, foi ótimo!

[0:12:42] – MM: Porque tem professor que restringe mesmo a gente né? E depois não tem muita saída.

[0:12:46] – JA: Exatamenter!

[0:12:47] – MM: Fica predestinado àquilo mesmo. Você tá me levando a concluir que você é uma pessoa extremamente racional e planejada; mas, por outro lado, a maneira como você se expressa e tudo, eu acho que você deve agir com intuição também, ou não? O que você tem, assim, de atributos, assim, que você considera na hora de você tomar as suas decisões ou de fazer os seus planejamentos que não sejam tão racionais?

[0:13:13] – JA: Millena, eu amo astrologia, sou apaixonada por astrologia, e eu acho...

[0:13:15] – MM: Eu também....

[0:13:15] – JA: Eu acho que o meu mapa astral me define completamente, porque...

[0:13:20] – MM: Me conta!

[0:13:20] – JA: O meu Sol é em Peixes, então eu sou super intuitiva, eu acredito muito em tudo o que eu sinto, eu faço muito a coisa com sentimento, com emoção, sou dessas que chora por qualquer coisa, coisa boa, coisa ruim, quando eu tô com raiva, então, assim, a emoção está presente na minha vida em qualquer momento; eu sou muito focada em pessoas, então assim, eu tenho esse olhar de querer ajudar, sabe, de ver todo mundo bem, eu acho que a gente tem esse olhar mais amplo de querer ajudar. Por outro lado, eu tenho um ascendente que é Capricórnio, e aqui é que vem o meu lado racional...

[0:13:53] – MM: Trabalhador...

[0:13:53] – JA: Pragmático, disciplinado, trabalhador, então é assim, eu sou muito planejada, aquela pessoa que: “— ah, com tantos anos eu quero fazer isso, com tantos anos eu quero fazer aquilo”, então esse é o Capricórnio; e, a minha Lua é em Áries, então é essa história aí da Fight Song, a que... eu tô sempre pronta pra uma briga, entendeu, independente do tamanho que ela seja, se é uma causa ali que eu acredito, eu ponho a mão na massa e eu posso tá sozinha falando, que eu não tenho o menor problema de estar sozinha falando, eu sou aquela que vai puxar o movimento. Eu tive uma chefe que me falava que eu era uma piqueteira, que ela tinha certeza absoluta que se tivesse uma greve na empresa eu ia ser a que estava segurando a placa, puxando a greve, entendeu? [Risos]. Então, depois de um tempo eu entendi que eu só mesmo piqueteira, mas eu sou piqueteira do bem, porque eu quero transformar, eu quero fazer, sabe, um mundo melhor, eu quero deixar esse mundo melhor do que o que eu encontrei, entendeu? Esse é um pouco... eu me sinto, hoje, eu tenho essa consciência de que eu sou uma agente de transformação e eu lute muito pelas coisas que eu acredito.

[0:14:44] – MM: É. Te conhecendo, você é inspiradora, dá vontade de ser sua amiga né, de te observar, de saber tudo sobre você, porque você também tem uma característica vanguardista, assim, vamos dizer, talvez pelo planejamento, essa coisa toda que você explicou. Mas, no dia a dia da empresa a gente tem pouca oportunidade de se mostrar pessoalmente né, de contar a nossa história né, de... e tudo mais. Como é que você faz pra trazer todo mundo junto com você, pra liderar? Porque já percebi que você é muito empática, você se relaciona muito bem com as pessoas, é como você falou: se tiver a greve você vai estar lá levando a plaquinha, você compreende muito o outro, mas e para os outros virem na tua onde né, falando até do barquinho que você tá colocando no começo da música né, como é que faz pra trabalhar e estar com todo mundo junto, engajar?

[0:15:29] – JA: Millena, eu acho assim, eu acho que durante toda a minha carreira eu sempre fui muito influenciadora, é um pouco isso né, você começa a falar aquilo que você pensa, as pessoas vão vindo com você, e você vai angariando; e eu fui entendendo que quanto mais eu crescesse dentro do mundo corporativo, maior influência, maior poder de influência eu teria pra mobilizar naquilo que eu acreditava, porque chegou um momento, ali, da minha vida, lá com 40 anos, eu não sei a idade que você tem, mas eu não sei se você passou por isso...

[0:15:54] – MM: ...”Quenta”...

[0:15:55] – JA: Mas a maioria das mulheres tem essa... essa quebra né, de você chegar nos 40 e falar: “— nossa! Cheguei na metade da vida, o que eu tô fazendo, né”? O que eu estou deixando pra trás, né, tipo, se eu morrer amanhã vão lembrar de mim tendo feito o quê? E eu entrei, ali, num parafuso, sabe? Eu falava assim: ”— eu não quero levar faturamento e marketer pro meu caixão, sabe? Eu preciso fazer uma coisa que faça mais sentido, sabe, que deixa, de fato, um legado, que mobilize de alguma forma”. E nessa época eu até tentei muito seriamente, eu fui ver, de fato, eu falei: “eu acho que eu tenho que trabalhar numa Ong, eu acho que eu tenho que usar esse meu poder de influência pra mobilizar, pra ter um impacto social maior. E aí, nessas andanças, eu comecei a conversar muito com as pessoas, e eu sou.... né, eu acredito muito na espiritualidade, meu lado... deixa, você vai se conectando com pessoas que tenham esses pensamentos parecidos. E nesse caminhar eu encontrei com uma pessoa que também foi muito impactante pra mim, os Anjos da Guarda né, que aparecem aí dando sinais, mas ele virou pra mim e falou assim: “ — você quer impactar? Você quer ter impacto social? Pois você não saia da empresa... da indústria, do privado, e você cresça cada vez mais, porque você com poder de influência e com dinheiro, você tem capacidade de transformar mais do que em qualquer Ong; então assim, cresça e cresça cada vez mais”. E isso foi decisivo pra mim, porque assim, eu entendi que eu tinha que estar no mundo corporativo, eu entendi que eu tenho uma missão dentro do mundo corporativo, que eu falo muito da história da humanização do mundo corporativo, porque eu acho que já passou da hora de a gente viver em ambientes mais saudáveis, e eu consegui entender e enxergar que assim, por exemplo, eu tô com a Medley hoje, como eu consigo transformar através do negócio né, e como você consegue impactar a sociedade trazendo o negócio junto né, eu vi que eu acho que é a melhor combinação possível. Uma empresa depende de resultados? Lógico! Mas se você conseguir trazer o resultado pra empresa e trazendo impacto pra sociedade e pras pessoas que estão ali trabalhando junto, isso é maravilhoso né, esse é o ciclo virtuoso na verdade. Então, foi muito do que eu comecei a fazer depois disso, já vão fazer quase 4 anos aí que essa história aconteceu e cada vez mais eu sinto né, que quanto mais eu cresço mais influência eu tenho, e aí eu tenho esses momentos né, de abertura pra trazer a minha história, pra falar sobre o que eu acredito, eu sou uma das líderes do projeto, aqui, de transformação cultural, eu sou uma das responsas do pilar de gênero daqui da Sanofi, então... Aí eu vou mobilizando de outras maneiras, então, é um pouco essa a história do protagonismo individual, sabe? Você parar de ficar só reclamando da situação ou dizendo que você não tá confortável com isso, e o quê, de fato, você consegue fazer pra mobilizar? Então, esse tem sido o meu caminho aí nos últimos anos.

[0:18:24] – MM: Uma curiosidade...Esse seu segundo conselheiro...rsrs... o primeiro foi o Karnal, um homem; esse segundo foi o quê? Fiquei curiosa pra saber o gênero.

{0:18:32] – JA: Um homem também

[0:18:33] – MM: Um homem também....

[0:18:34] – JA: Ele se chama Sérgio Serapião... Também. E ele tem uma coisa de 50+, ele tem aí um trabalho lindo, que chama... chama Labora, que é com pessoas de 50+, é a recolocação das pessoas de 50 +. E ele foi uma pessoa também que assim, eu nem conhecia, foi um primeiro contato que eu tive com ele e ele me falou essa frase; depois a gente ficou amigo, a gente fez alguns projetos juntos, mas que também me pegou ali e eu falei: “— nossa, ele tem toda razão”, né; aquela coisa que você fala: “— gente, como que eu não tinha pensado nisso antes!” né, porque a gente fica nessa busca e... e às vezes a gente vai recebendo... às vezes não né, acho que sempre, a gente vai recebendo esses insights, que a gente precisa estar atento né, pra capturar os insights, porque eles sempre estão aí, a gente precisa é conseguir essa consciência e abertura pra enxergar.

[0:19:18] – MM: Verdade.

[0:19:18] – JA: Mas foi outro homem.

[0:19:18] – MM: Joana, de mulher pra mulher, ahnnn.. eu queria saber se você, com toda essa coragem, que você tem, cria, enfim, ou te dão né, você consegue perceber que a sua luta, voltando também na referência que abriu o nosso papo hoje né, que a sua luta, ela é diferente da luta de uma outra mulher ou da luta de uma outra pessoa, de uma outra identidade de gênero ou mesmo da luta de um homem; você, em algum momento na sua vida, você chegou a parar pra pensar nisso ou perceber ou teve indícios de que: “— porque eu sou mulher eu tenho que fazer mais assim”, você já teve que se moldar, você já teve que se adaptar, você já teve que fazer coisas diferentes ou essa coragem, ela, te cega pra essas...pra toda essa diversidade aí, você passa por cima mesmo?

[0:20:15] – JA: Millena, eu acho assim, primeiro, eu falo de um lugar de privilégio né, eu sou mulher sim, que é uma minoria, mas eu sou uma mulher branca, de classe média, que teve toda oportunidade na vida, que estudou em melhores escolas, tive todas as oportunidades, eu acho que a gente tem que ter esse olhar amplo, sim, pra diversidade, mas eu sou mulher, mas eu não sou uma mulher negra, eu não sou uma mulher negra homossexual, então assim, eu acho que tem um monte de recortes...

[0:20:36] – MM: Uma mulher trans.... Ahann...

[0:20:39] - JA: Exato, uma mulher trans, que eles têm que ser considerados, que têm que ser incluídos. O que eu acho que aconteceu, assim, de mais radical, e essa foi uma consciência que, na verdade, eu ainda estou nessa jornada, é que é assim, eu entrei no mundo corporativo, eu tinha lá 17, 18 anos, e aí, vindo de uma... de uma família que eu sempre me posicionei, que eu sempre tive esse fato, então, era uma coisa que eu achava que era default, eu não achava que era uma coisa que tinha que construir, então, a minha realidade foi outra. Então, eu entro no mundo corporativo e eu começo a entender o jogo, porque é um jogo né, um jogo do toma lá dá cá, é um jogo que ainda é muito rígido, que ainda é muito duro, que ainda só foca em resultado, e o que a gente faz? A gente... somos seres sociais né? Se somos seres sociais a gente quer pertencer, e pra pertencer o que a gente faz? A gente se adequa. Então, eu fui começando a perceber de quem que... quem eles respeitavam, de quem... é.. que tipo de personalidade eles passavam por cima, e aí como é que as mulheres se posicionavam ali, e eu fui criando um personagem, e esse personagem era o quê? “—ah, você vai ser grosseiro comigo, eu vou ser grossa com você” e vai ser assim que vai funcionar. E eu comecei a entrar nesse jogo; então assim, de: “— ah, eu vou me adequar àquilo que o ambiente exige, porque eu vou sobreviver aqui e eu vou crescer aqui dentro”, esse era o pensamento. E nesse pensamento, Millena, o que foi acontecendo? Eu fui criando os cascos né, a gente vai ali se transformando né, e vai se distanciando cada vez mais da nossa essência, porque aquela não era eu, aquela era uma personagem né, mas eu sentia que eu precisava daquilo pra sobreviver. Só que esse endurecimento, ele não vai fazendo isso só dentro da sua vida profissional, você vai endurecendo pra vida, você vai endurecendo pra sua família, você vai endurecendo com seus amigos, você vai endurecendo com você, porque a gente entra num nível de auto exigência, de cobrança, que é uma coisa absurda! Então assim, eu acho que esse personagem foi me custando muito, e foi demandando de mim uma energia que pra eu conseguir tomar consciência de que aquilo era muito distante de quem eu era, não foi um processo rápido, foi um processo aí com muita terapia, com muito curso de autoconhecimento, com muito aprofundamento pessoal...

[0:22:46] – MM: Olha...!

[0:22:47] – JA: E aí eu consegui entender que isso era um personagem, primeira coisa, que além de ser um personagem era um personagem que me custava muito, porque eu estava endurecendo pra vida e aquilo não fazia sentido pra mim, e o pior de todos, foi um tapa na cara pra mim, e isso aconteceu o ano passado, que eu fiz um curso e eu... você tinha que fazer ali a sua situação atual, e depois você tinha que olhar pra essa mesma situação como se fosse uma constelação ali com os objetos, e você olhava pra essa mesma situação de ângulos diferentes; e num determinado ângulo que eu olhei, eu entendi que o toma lá dá cá que eu tinha tanto orgulho de ser, alimenta o sistema que eu quero descontruir...

[0:23:25] – MM: [Interjeição de Espanto... Ahrrr..]

[0:23:26] – JA: Então assim: “— gente, eu tô aqui falando que eu quero transformar e eu tô fazendo igual!” Então assim: “— o que eu tô fazendo?” — Eu tô fazendo só com que esse sistema seja perene, eu tô alimentando aquilo que eu não quero mais ver, e isso tá errado”. Então, foi uma parada drástica, assim, pra mim, de tomada de consciência muito radical, que assim, não é fácil pra mim, porque eu tô há 23 anos né, transformando né, me transformando né, me endurecendo e vivendo esse tipo de comportamento. Então assim, hoje, eu consigo ter a consciência, eu consigo olhar as situações de uma outra maneira, eu consigo silenciar ao invés de responder na hora, mas eu ainda tô nesse processo de desconstrução; mas eu não quero mais alimentar esse sistema, eu quero transformar, então eu preciso fazer diferente, entendeu? E acho que hoje é a minha grande luta aí, é como que, a partir de mim, eu comece a transformar, porque eu não posso querer que o outro transforme se nem eu tô conseguindo dizer isso né; então é um pouco essa jornada hoje.

[0:24:20] – MM: Nossa! Joana, é tão sério, tão profundo, tão... tão verdadeiro tudo que você tá contando aqui, e ao mesmo tempo você conseguiu ser tão cuidadosa, cautelosa, porque em nenhum momento você dividiu, classificou, qualificou as características né, as atitudes que você descreveu aqui pra gente. É... sobre gênero né: “— ah, eu tive que ser mais masculina; ah eu tive que ser mais assim, naranã... Em, nenhum momento você falou sobre isso. E eu sei que você é mãe de meninos, de dois meninos né? Rs... O Victor e o Tom. Então... Nossa, agora eu imagino... tenho um pouquinho de noção do tamanho do seu desafio, que é ser humano né, ser executiva, ter essa identidade feminina, tentar fazer diferente, criar os meninos...[risos].

[0:25:17] – JA: Pra serem homens diferentes, né, Millena que tenham outra cabeça...rsrsrsrs...

[0:25:23] – MM: Socorro! Você adora desafio! Rsrsrs... Vida fácil não é com você! Como é que faz isso no dia a dia? Você ensina os meninos como, assim? Já pensando no que eles vão enfrentar, então, no futuro, nesse novo ambiente de trabalho que você já tá começando a construir agora, como é que é isso, essa coisa do sentimento, do dia a dia? Você, pelo jeito não deve falar nunca pra eles: “— ah, isso é coisa de menina, isso é coisa de menino”, como que é isso?

[0:25:49] – JA: Eu ainda sou aquela que levanta as bandeiras e aí eles já vêm: “—ah, lá vem você de novo com essa história”. [risos]. Eu tenho... O Victor já está com 13, o Tom tem 8 e... Primeiro assim, eu acho que esse exemplo de que a mulher pode estar onde ela quiser né, então, assim, eu trabalho, e eu trabalho porque o trabalho é muito importante pra mim, então assim, eu vou estar presente com eles sempre que eles precisarem, eles são prioridade na minha vida, mas eles sabem que o trabalho também é importante pra mim, então eu acho que esse é um ponto muito importante, E.. essa é a primeira coisa que eu mostro...

[0:26:16] – MM: E que você é capaz né?

[0:26:16] – JA: Exato!

[0:26:21] – MM: Esse é o discurso com eles, né?

[0:26:21] – JA: E que é assim, e que eles querem me ver bem né, Millena, porque assim, não adianta, eu vou ficar sem trabalhar, e vou ficar, assim, infeliz, porque eu não tô fazendo aquilo que eu gosto? Então assim, eu me encontro também no meu trabalho, o trabalho não é minha vida, mas ele é uma parte importante da minha vida, mas eles também sabem e têm muita certeza disso, de que eles são minha prioridade, e que independente do que estiver acontecendo no meu trabalho que tiver qualquer coisa com eles, eles vão ser sempre a minha primeira escolha; eu acho que esse é... é uma coisa que eu sempre deixei muito claro e sempre mostrei muito isso pra eles com minhas atitudes né....

[0:26:48] – MM: Gera conforto, né?

[0:26:48] - JA: Exato, exato!

[0:26:53] – MM: A tranquilidade, acalma: “posso contar com a minha mãe”.

[0:26:55] – JA: Isso... Exatamente! E acho que outro ponto que vem, é que assim, é.. quando a gente fala... eu li um livro, não sei se você conhece, chama Liderança Shakti.

[0:27:05] – MM: Ah, já vou ler...

[0:27:05] – JA: É maravilhoso! O livro veio muito dentro, assim, veio muito de encontro com o que eu acredito; porque, o que o livro fala? Que todas as pessoas, homens e mulheres, a gente é 50% atributos masculinos e 50% atributos femininos; atributos masculinos: pragmatismo, tomada de decisão, força, é... foco em resultado; atributos femininos: criatividade, vulnerabilidade, empatia, trabalho em equipe, criatividade; mas, a pessoa que é plena é a pessoa que entende que ela é 50% de cada lado, e ela entende que esses atributos são forças complementares, não forças antagônicas ou opostas, porque assim, vamos pensar: o que adianta eu ser criativa, porque é meu atributo feminino e é, lógico, a minha zona de conforto; tá, eu sou criativa, mas eu não tenho o poder da ação; o que adianta eu ser criativa se eu não conseguir executar nada? Então, que todas as pessoas, homens e mulheres, a gente precisa das duas forças, e a pessoa plena de verdade, a pessoa que entende que ela tem as duas e que ela consegue entender aonde e quando ela tem que usar uma e outra, e isso não é gênero, isso é todos nós. Então assim, dentro do mundo corporativo quando eu falo em humanização do mundo corporativo, é o resgate, é o despertar desses atributos femininos em mulheres em homens, porque assim, é lógico que a gente está 100 anos atrás, e eu sei dessa luta e faço parte dela, mas o homem também não pode ser vulnerável, ele não pode dizer que ele errou, ele não pode pedir desculpas, ele não pode dizer que ele não sabe; então ele também é oprimido nessa situação. Enquanto a gente não entender isso, que assim, a gente é sentimento e razão, a gente tem as duas coisas né, e uma pessoa equilibrada é a pessoa que consegue transitar pelos dois lados. Enquanto a gente não tomar essa consciência, a gente não vai morrer né, porque isso é pra todos, é pra homens e mulheres, não é só pra mulheres. Ent&

Escrito por Antena 1

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