Centro-direita de Portugal lidera pesquisas, mas extrema-direita pode ser decisiva

Por Sergio Goncalves

LISBOA (Reuters) - A Aliança Democrática, partido de oposição de Portugal, deverá obter o maior número de votos nas eleições antecipadas de 10 de março, mas não terá maioria parlamentar, segundo uma pesquisa divulgada nesta terça-feira, o que poderá fazer com que o partido dependa do apoio da extrema-direita.

A pesquisa realizada pelo CESOP/Universidade Católica para a emissora RTP e o jornal Público colocou o apoio à Aliança, de centro-direita, em 32%, à frente do governista Partido Socialista, de centro-esquerda, com 28%, em contraste com várias outras pesquisas recentes.

Embora ambos tenham ganhado algum terreno em comparação com o levantamento anterior do instituto de pesquisa em novembro, o Chega, partido de extrema-direita e antiestablishment, também viu seu apoio aumentar de 16% para 19%, reforçando suas perspectivas de se tornar decisivo para a formação de um governo.

O líder do Chega, André Ventura, disse à Reuters no mês passado que seu partido exigiria fazer parte de um governo de coalizão de direita em troca de apoio parlamentar.

No entanto, o líder do principal partido de oposição, o Partido Social Democrata (PSD), que lidera a Aliança Democrática de três partidos, Luis Montenegro, rejeitou qualquer tipo de acordo com o Chega.

A eleição antecipada, a segunda em Portugal em dois anos, foi convocada após a renúncia, em novembro, do primeiro-ministro socialista António Costa devido a uma investigação sobre supostas ilegalidades na condução de grandes projetos de investimento verde por seu governo. Ele negou qualquer irregularidade.

A nova pesquisa mostrou uma situação semelhante ao resultado da eleição regional de domingo nos Açores, onde a Aliança ficou a três cadeiras de obter a maioria absoluta. O Chega, que garantiu cinco cadeiras, tentou negociar um acordo, que foi rejeitado pelo PSD local.

Montenegro disse que isso pode ser replicado nacionalmente, com um possível governo minoritário que só poderia ser derrubado se os socialistas se unissem ao Chega.

'É uma inspiração para o que faremos a partir de 10 de março em todo o país', disse ele a repórteres.

O CESOP realizou a pesquisa com 1.192 pessoas entre 24 de janeiro e 1º de fevereiro.