Concessionários estimam alta de 12% nas vendas de veículos em 2024 e esperam rever projeção para cima
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SÃO PAULO (Reuters) -Por Alberto Alerigi Jr.,
SÃO PAULO, 4 Jan (Reuters) - As vendas de veículos novos no Brasil devem subir 12% este ano, para 2,58 milhões de unidades, mas a estimativa ainda poderá ser revista para cima em meados do ano, disse nesta quinta-feira o presidente da associação de concessionários Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior.
'Espero estar errado sobre a projeção e acho que no meio do ano vamos refazer a projeção para mais', disse o dirigente em entrevista a jornalistas após apresentação dos números do setor em dezembro.
As vendas de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus novos no país no mês passado dispararam 14,6% ante dezembro de 2022 e subiram quase 17% sobre novembro, para 248,5 mil unidades. O volume foi o maior para um único mês desde dezembro de 2019, quando o setor emplacou 262,6 mil veículos.
'É um ano de PIB que deve crescer menos (que 2023), mas o mercado de veículos está se recuperando de uma retração de vários anos... por isso o otimismo', disse o diretor-executivo da Fenabrave, Marcelo Franciulli.
A expectativa da Fenabrave é maior que a da associação de montadoras, a Anfavea, que no mês passado projetou crescimento de 7% nas vendas deste ano, para 2,45 milhões de veículos.
O otimismo da Fenabrave vem embalado pela perspectiva de continuação do ciclo de queda de juros, ampliação do crédito, aumento da renda e medidas do governo de incentivo ao setor e ao restante da indústria, como o Programa Mover, anunciado via medida provisória pelo governo federal no final de dezembro, e também o projeto de lei da depreciação acelerada.
Questionado sobre o impacto para o setor automotivo das medidas, que ainda carecem de regulamentação ao longo dos próximos meses, Andreta Júnior elogiou a MP e o projeto de lei e afirmou que foram 'as medidas que o governo podia tomar'.
'Acho que estamos em um momento mágico para termos um ano sem as turbulências do ano passado, com cenário político mais calmo e com as regras claras do Mover', disse o presidente da Fenabrave, se referindo aos ataques golpistas ocorridos em Brasília em 8 de janeiro de 2023.
A última vez que as vendas de veículos novos no Brasil chegaram um pouco mais perto da marca de 3 milhões de unidades foi em 2019, quando foram emplacados cerca de 2,8 milhões de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus. De lá para cá o setor tem patinado no patamar de 2,1 milhões de unidades.
O recorde histórico ocorreu em 2012, com 3,8 milhões de veículos novos vendidos, quando a taxa de juros Selic estava em 7,25%, ante os atuais 11,75%. A capacidade de produção das montadoras no país é de cerca de 4,5 milhões de veículos por ano. Em 2023, os emplacamentos somaram 2,3 milhões de unidades, segundo a Fenabrave.
'O que vende automóvel é crédito', disse Andreta Júnior, citando que as vendas financiadas atualmente são 30% do total, 'quando já foram de 70%'.
'Temos um cenário bastante positivo de juros e câmbio, principalmente para o setor automotivo. O crédito está começando a voltar a subir... Se não tivermos nenhum susto maior, essa tendência se perpetua pelo ano e fecharemos 2024 com uma tendência de crédito crescente', disse Tereza Fernandez, da TF Consultoria, que assessora da Fenabrave em suas projeções.
SEGMENTOS
O segmento de carros e comerciais leves registrou emplacamentos de 236,6 mil veículos no mês passado, um crescimento de 17,3% ante novembro e de 17% na comparação anual.
Já o segmento de caminhões apurou vendas de 10.068 unidades em dezembro, avanço de 11,2% ante novembro, mas queda de 16,5% ante dezembro de 2022. Em ônibus, foram registradas 1.877 vendas no mês passado, queda de 3,45% ante novembro e recuo de quase 30% sobre dezembro do ano anterior.
A expectativa da Fenabrave para vendas de caminhões em 2024 é de crescimento de 10%, para 114.571 unidades, impulsionado pelo agronegócio. Para ônibus, a entidade projeta expansão de 20%, a 29.546 veículos, motivada pela licitação de cerca de 16 mil unidades para o Programa Caminho da Escola, além do cenário de eleições municipais, afirmaram os representantes da Fenabrave.
(Por Alberto Alerigi Jr., edição de Pedro Fonseca)
Escrito por Reuters
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