Governo Biden adia plano para proibir cigarros de mentol

Por Jarrett Renshaw

(Reuters) - O governo do presidente norte-americano, Joe Biden, adiou nesta sexta-feira um plano para proibir os cigarros de mentol, uma medida que reflete o potencial de uma reação política dos eleitores negros num ano de eleições.

Há décadas os cigarros de mentol estão na mira de grupos antitabagismo, que argumentam que eles trazem encargos desproporcionais para a saúde das comunidades negras e atraem jovens para ingressar no fumo.

Cerca de 81% dos adultos negros que fumam cigarros usam variedades de mentol, em comparação com 34% dos adultos brancos, de acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA.

O secretário da Saúde dos EUA, Xavier Becerra, afirmou num comunicado que a proposta de proibição tinha atraído muitos feedbacls, incluindo de partes do movimento dos direitos civis e da justiça penal.

“Está claro que precisamos ter mais conversas, e que isso demandará muito mais tempo”, afirmou.

Ações da Altria Group e da British America Tobacco caíram marginalmente, mas os papéis da Imperial Brands perderam 1%. O valor da ação da Philip Morris International, que não vende cigarros nos EUA, recuou 1%.

O presidente da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP, na sigla em inglês), Derrick Johnson, disse que a sua organização estava indignada e revoltada com a decisão.

“Num ano de eleições, os políticos deviam dar prioridade às pessoas e não aos aproveitadores. As notícias de hoje da administração Biden são um golpe para a comunidade negra', disse ele.

Nancy Brown, diretora-geral da Associação Americana do Coração, também manifestou a sua consternação pelo adiamento. “Dois anos completos após a publicação das regras propostas com base em provas científicas extensas -- e mais de uma década desde que a FDA começou a examinar os cigarros mentolados -- a administração não tomou medidas decisivas para retirar do mercado estes produtos mortais e viciantes.”

Cigarros de mentol formam cerca de um terço do mercado nos EUA.

(Reportagem de Granth Vanaik em Bangalore)