Marina defende decretar estado de emergência climática em cidades sob rico de desastre
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(Reuters) - A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, defendeu nesta sexta-feira a decretação de estado de emergência climática em 1.942 municípios do país que correm risco de desastres como o que está atingindo várias áreas do Rio Grande do Sul depois das fortes chuvas que atingiram o Estado.
Em entrevista à CNN Brasil, a ministra afirmou que o decreto permitiria 'ações continuadas' de enfrentamento a eventos climáticos extremos, desde remoção de pessoas em áreas de risco até o estabelecimento de sistemas de alerta rápidos e infraestrutura adequada.
'Nossa expectativa é poder decretar emergência climática nos 1.942 municípios que são suscetíveis a eventos climáticos extremos', afirmou Marina.
'Ao decretar emergência climática, você pode ter ações que sejam continuadas', acrescentou.
Para acompanhar o possível decreto, a ministra indicou que o governo prepara a criação de um plano 'inédito' de gerenciamento de risco de eventos climáticos extremos. Segundo ela, medidas implementadas atualmente tratam apenas da gestão de desastres e não da prevenção de riscos.
Marina afirmou que esse esforço está sendo acompanhado de perto pela Organização das Nações Unidas (ONU), devido ao fato de que nenhum país no mundo possui hoje um plano específico para o gerenciamento de riscos.
'O mundo ainda não sabe como fazer prevenção a eventos climáticos extremos. Ele geralmente faz a gestão do desastre, não faz a gestão do risco', disse.
Em discurso na quinta-feira, Marina já havia defendido também uma 'excepcionalidade fiscal' para que o governo possa realizar 'durante todo o ano' medidas para prevenir desastres climáticos, uma ideia similar à adotada à época da pandemia de Covid-19.
Na entrevista desta sexta-feira, a ministra apontou ainda que é preciso reconhecer que o Brasil é um país suscetível a grandes estiagens e cheias, além de afirmar que o fenômeno climático La Niña deve levar seca à Amazônia e ao Rio Grande do Sul neste ano.
No momento, o Brasil e países próximos enfrentam o fenômeno El Niño, que se trata do aquecimento anormal da superfície do Oceano Pacífico. Como consequência, o país tem visto períodos de chuvas intensas no Sul, assim como observou uma seca histórica na região Amazônica no ano passado.
Centros metereológicos mundiais têm indicado que uma transição rápida do El Niño para o La Niña, o resfriamento anormal das águas do Pacífico, deve ocorrer no segundo semestre do ano.
As chuvas recentes no Rio Grande do Sul já deixaram 31 mortos e 74 desaparecidos, de acordo com dados da Defesa Civil do Estado. Cerca de 235 municípios foram afetados desde o início da semana e a previsão é de que as chuvas continuem até sábado.
(Por Fernando Cardoso, em São Paulo)
Escrito por Reuters
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