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Nações pobres têm 'todo direito de se irritar' sobre clima, diz secretário-geral da ONU

Placeholder - loading - Secretário-geral da ONU, António Guterres 08/09/2023 REUTERS/Anushree Fadnavis
Secretário-geral da ONU, António Guterres 08/09/2023 REUTERS/Anushree Fadnavis

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Por David Sherfinski

NOVA YORK (Thomson Reuters Foundation) - Os países em desenvolvimento exigiram nova ajuda financeira das nações ricas em sua árdua luta contra a crise climática durante uma cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York nesta quarta-feira, na qual o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que eles tinham 'todo o direito de estar com raiva'.

Guterres disse à Cúpula de Ambição Climática, que durou um dia e foi realizada na sede da ONU, que os países mais pobres foram os que menos contribuíram para causar o aquecimento global, mas estão arcando com o peso de seus impactos, desde mais secas e ondas de calor até tempestades e incêndios florestais.

'Muitas das nações mais pobres têm todo o direito de estar com raiva', disse ele. 'Irritadas por serem as que mais sofrem com uma crise climática que não fizeram nada para criar. Irritadas com o fato de que o financiamento prometido não se concretizou.'

'E irritadas porque seus custos de empréstimo estão altíssimos', acrescentou o secretário-geral da ONU. 'Precisamos de uma transformação para reconstruir a confiança.'

Fiamē Naomi Mataʻafa, primeiro-ministra de Samoa e presidente da Aliança de Pequenos Estados Insulares (Aosis, na sigla em inglês), observou que os habitantes de nações insulares do Pacífico, como Tuvalu e Kiribati, já estão sendo forçados a se mudar devido ao aumento do nível do mar.

'Em resumo, estou aqui para garantir que todas as pessoas de pequenos Estados insulares em desenvolvimento saibam que suas vozes estão sendo ouvidas no cenário mundial', disse ela.

'E não deixaremos de lutar por seu direito de permanecer nas terras em que estão enraizados os legados de seus ancestrais. As terras que temos toda a obrigação de proteger.'

Ela elogiou as soluções que os países menores estão propondo, como um santuário marinho em Palau.

'Muitas ilhas pequenas estão liderando o caminho para impulsionar iniciativas de energia renovável, bem como fazendo esforços conjuntos de adaptação para combater a erosão e o aumento do nível do mar e enfrentar os desafios hídricos e agrícolas', disse.

Lidy Nacpil, coordenadora do Movimento dos Povos Asiáticos sobre Dívida e Desenvolvimento, disse que os governos ricos não estão nem perto de fazer o suficiente pelo mundo em desenvolvimento.

'Nós, os povos do Sul Global, não estamos pedindo ajuda', disse ela na cúpula. 'O financiamento climático é uma obrigação e parte das reparações por injustiças e danos históricos e contínuos.'

Até o momento, os países desenvolvidos estão notoriamente atrasados em relação a uma promessa de contribuir com 100 bilhões de dólares em financiamento climático por ano para nações vulneráveis a partir de 2020 -- com somas insignificantes disponíveis para a adaptação aos impactos das mudanças climáticas.

O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, disse que as economias desenvolvidas 'em particular, devem agir com urgência para acelerar a redução das emissões e cumprir suas obrigações e honrar as promessas anteriores.'

'FALSO DILEMA'

A ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, falou em nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e anunciou uma meta mais ambiciosa para a redução de emissões de gases do efeito estufa do país, além de reafirmar os planos para acabar com o desmatamento na Amazônia até 2030.

'Nenhum país deveria ter que escolher entre combater o aquecimento global ou combater a pobreza ou a fome', disse ela, fazendo o discurso do presidente. 'Esse é um falso dilema.'

Líderes de mais de 30 países, incluindo representantes de uma série de países de regiões mais pobres ou em desenvolvimento, bem como da União Europeia, foram selecionados para discursar no evento -- mas, coletivamente, eles representaram apenas cerca de 17% das emissões mundiais, de acordo com um cálculo da Thomson Reuters Foundation.

'Uma cúpula não mudará o mundo', disse o secretário-geral da ONU. 'Mas o dia de hoje pode ser um momento poderoso para gerar impulso -- impulso que será aproveitado nos próximos meses -- e, em particular, na COP.'

Guterres também disse que os governos deveriam pressionar o sistema financeiro global a apoiar as ações climáticas.

E disse que gostaria que novos sistemas de alerta precoce para ameaças como tempestades e inundações -- que não existem em áreas em desenvolvimento como a África -- fossem implementados até 2027.

Talvez tão significativo quanto a lista de palestrantes foram os líderes mundiais que não compareceram.

Entre eles estavam o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden; o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak -- que disse em Londres nesta quarta-feira que adiaria algumas das ações do Reino Unido para combater a mudança climática --; e o presidente francês, Emmanuel Macron, que está recebendo o rei Charles em uma visita de Estado à França.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que ajudou a sediar a recente cúpula do G20 na Índia, também não compareceu, assim como o presidente chinês, Xi Jinping.

A Casa Branca havia indicado na semana passada que Biden, que está em Nova York esta semana para outras reuniões na ONU, não compareceria. John Kerry, enviado especial para o clima, estava presente, embora não tenha discursado.

Escrito por Reuters

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