Rússia e Ucrânia sinalizam abertura para negociar; Kiev se prepara para enfrentar ataque
Publicada em
Por Maria Tsvetkova
KIEV (Reuters) - Os governos russos e ucranianos sinalizaram, nesta sexta-feira, uma abertura para negociações, enquanto as autoridades em Kiev pediram que os cidadãos ajudem a defender a capital do avanço das forças russas, na pior crise de segurança da Europa em décadas.
Ucrânia e Rússia estão discutindo o local e a hora das conversas, disse Sergii Nykyforov, porta-voz do presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, nas redes sociais.
O Kremlin afirmou mais cedo nesta sexta-feira que havia oferecido uma reunião com autoridades ucranianas na capital de Belarus, Minsk, mas a Ucrânia propôs Varsóvia como local, o que resultou em uma “pausa” nos contatos.
“A Ucrânia estava e continua preparada para conversar sobre um cessar-fogo e paz”, disse Nykyforov.
Mas o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, afirmou que a proposta da Rússia era uma tentativa de conduzir diplomacia “com uma arma na cabeça”, e que o Exército do presidente russo, Vladimir Putin, deveria parar de bombardear a Ucrânia se quiser falar a sério sobre negociações.
Essas aberturas contrastam com os eventos em terra e com a dura retórica de Putin contra os líderes ucranianos, até mesmo pedindo que os militares conduzam um golpe.
Moradores de Kiev foram orientados pelo Ministério da Defesa a produzirem coquetéis molotov para afastar os invasores, e na noite de sexta-feira testemunhas relataram ter ouvido tiros intensos na região oeste da cidade.
Zelenskiy fez um vídeo de si mesmo com auxiliares nas ruas da capital, prometendo defender a independência da Ucrânia.
Algumas famílias se esconderam em abrigos, após Kiev ser atingida na noite de quinta-feira por mísseis russos. Outras tentaram desesperadamente entrar em trens lotados que se dirigiam ao oeste, entre as centenas de milhares de pessoas que deixaram suas casas em busca de segurança, segundo o chefe de auxílio da Organização das Nações Unidas (ONU).
Após semanas de alertas dos líderes ocidentais, Putin iniciou uma invasão em três frentes, pelo norte, pelo leste e pelo sul, na quinta-feira, um ataque que ameaça derrubar a ordem da Europa pós-Guerra Fria.
“Eu mais uma vez apelo aos militares das forças armadas da Ucrânia: não permitam que neo-nazistas e (nacionalistas ucranianos radicais) usem seus filhos, esposas e idosos como escudos humanos”, disse Putin, em uma reunião televisiva com o Conselho de Segurança da Rússia na sexta-feira. “Tome o poder com suas próprias mãos, será mais fácil chegarmos a um acordo”.
Putin citou a necessidade de “desnazificar” a liderança da Ucrânia como uma das principais razões pela invasão, acusando-a de genocídio contra cidadãos que falam russo no leste da Ucrânia. Kiev e seus aliados ocidentais negam as acusações, dizendo que são apenas propaganda sem fundamentos.
A Casa Branca disse que os Estados Unidos aplicariam sanções contra Putin e o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov -- ações coordenadas com a União Europeia e o Reino Unido. No entanto, o aumento constante de restrições não deteve a Rússia.
(Reportagem de Natalia Zinets e Maria Tsvetkova, em Kiev; Aleksandar Vasovic, em Mariupol; Alan Charlish, em Medyk, Poloni?; Fedja Grulovic, em Sighetu Marmatiei, Romênia; e redações da Reuters)
Escrito por Reuters
SALA DE BATE PAPO