Vladimir Putin está seguro no poder por ora, mas riscos estão à frente, dizem fontes
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Por Andrew Osborn e Phil Stewart e John Irish
LONDRES (Reuters) - O controle de Vladimir Putin sobre a Rússia continua firme apesar dos reveses militares na Ucrânia, uma mobilização malfeita e lutas políticas internas, disseram oito fontes bem informadas, mas algumas disseram que isso pode mudar rapidamente se a derrota total estiver à vista.
A maioria das fontes disse que o presidente russo está em uma das situações mais difíceis em suas mais de duas décadas no poder devido à situação na Ucrânia, onde suas forças invasoras foram empurradas para trás em alguns lugares por forças ucranianas armadas pelo Ocidente.
Mas as fontes, incluindo ex e atuais diplomatas ocidentais e autoridades governamentais, disseram que nenhuma ameaça iminente é aparente em seu círculo íntimo e nos serviços militares ou de inteligência.
Anthony Brenton, ex-embaixador britânico na Rússia, disse acreditar que o líder russo espera negociar sobre a Ucrânia, provavelmente com os norte-americanos, e espera que a sorte de Moscou no campo de batalha melhore, apesar do que o Ocidente aponta como falta de homens, equipamentos e até mísseis.
No poder desde 1999, Putin resistiu a inúmeras crises e guerras domésticas, e mais de uma vez enfrentou grandes protestos de rua antes de efetivamente eliminar qualquer oposição real.
A 'operação militar especial' de Putin na Ucrânia desde 24 de fevereiro, no entanto, criou o impasse com o Ocidente mais tenso desde a crise dos mísseis cubanos de 1962 e desencadeou as mais duras sanções ocidentais contra a Rússia.
Brenton, que lidou com Putin durante seu segundo mandato, disse que não tem havido críticas públicas a Putin da elite política ou empresarial ou qualquer sinal de movimento contra ele, mas isso pode não durar.
'Se eles (russos) continuarem a recuar..., chegando março/abril do próximo ano, então meu instinto é que nesse ponto as coisas se tornem realmente problemáticas para Putin --não no nível popular, mas no nível da elite.
Protestos contra a mobilização de familiares, a promessa da Ucrânia de não negociar com Putin e uma afirmação aparentemente improvisada do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de que Putin não deve permanecer no poder, alimentaram especulações sobre seu futuro.
Tatiana Stanovaya, fundadora da empresa de análise R.Politik, disse que Putin estará em apuros se ficar sem opções para escalar o conflito.
Nesse caso, a elite tentaria persuadir Putin a se afastar, ela previu, acrescentando que ainda não há sinais do tipo de golpe que derrubou o líder soviético Nikita Khrushchev em 1964 ou mirou Mikhail Gorbachev em agosto de 1991.
'Se ele for capaz de... cumprir suas obrigações tácitas perante a elite e a população --estabilidade, paz, pensões e salários-- então nada o ameaçará', disse Stanovaya.
'Mas se... o Exército russo for empurrado de volta para as antigas fronteiras da Rússia antes da anexação, se o Exército ucraniano continuar a ofensiva... e se o Orçamento não der conta e houver atrasos nas pensões... a elite se mobilizará gradualmente.'
Uma autoridade sênior europeia disse que Putin teria que perder a guerra de forma clara para ser destituído.
Se e quando esse momento chegar, disse o ex-embaixador britânico Brenton, seu sucessor provavelmente não será um amigo do Ocidente.
'As pessoas que vão tomar as decisões são securocratas durões. Não vamos conseguir um liberal fofinho.'
(Reportagem de Andrew Osborn em Londres, Phil Stewart em Washington e John Irish em Paris)
Escrito por Reuters
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