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Ministério suspende vacinação de adolescentes sem comorbidades, mesmo de quem recebeu 1ª dose

Placeholder - loading - Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante entrevista coletiva em Brasília 18/08/2021 REUTERS/Adriano Machado
Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante entrevista coletiva em Brasília 18/08/2021 REUTERS/Adriano Machado

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Por Lisandra Paraguassu

(Reuters) - Em uma entrevista confusa e sem apresentar uma razão clara, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reiterou a nota técnica do ministério em que suspendeu a vacinação de adolescentes sem comorbidades entre 12 e 17 anos e afirmou que mesmo os já vacinados não deveriam tomar a segunda dose.

'Adolescentes que foram vacinados, a orientação é parar por aí, independentemente da vacina', disse o ministro, advogando que pais e mães não levem seus filhos para tomar a segunda dose.

Queiroga afirmou que os Estados iniciaram a vacinação antes do planejado --que seria a partir de 15 de setembro, quarta-feira--, levantou dúvidas sobre riscos da vacina, incluindo a da Pfizer, autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para esse público e citou o caso de uma morte, que ainda está sendo investigada, no Estado de São Paulo.

'No começo de setembro, a nota técnica da SeCovid (Secretaria de enfrentamento a Covid-19) orientava que adolescentes com comorbidade e privados de liberdade seriam prioridade, e só depois desse grupo entraria adolescentes sem comorbidades, e só depois de 15 de setembro. Vários Estados começaram antes, no mês de agosto ainda. Já temos quase 3,5 milhões de adolescentes vacinados. Como conseguimos coordenar uma campanha de vacinação dessa forma?', disse Queiroga.

O ministro da Saúde negou que a mudança seja por falta de vacinas, e enfileirou uma série de questões que envolveriam dúvidas científicas, a decisão do sistema de saúde inglês em suspender a vacinação de menores de 15 anos e casos de Estados que vacinaram jovens com outras vacinas que não a Pfizer.

Em agosto, o ministério divulgou nota técnica indicando a vacinação de adolescentes com comorbidades e em privação de liberdade prioritariamente, e indicou a vacinação dos demais a partir da conclusão da vacinação da população adulta.

Ao mesmo tempo, indicou também a aplicação de uma dose de reforço para adultos com mais de 70 anos e com problemas de imunidade. Em todos os casos a vacina a ser usada, obrigatoriamente ou preferencialmente, deveria ser a Pfizer.

Queiroga garante que há vacinas suficientes. De acordo com números da Pfizer, o Brasil ainda tem quase 130 milhões de doses a receber até o final do ano, para que se complete os dois contratos com o laboratório, somando 200 milhões de doses. O ministério, no entanto, ainda não assinou novos contratos para 2022.

Dados do ministério apresentados na coletiva à imprensa apontam que haveria 1.545 casos de eventos adversos registrados entre 3,5 milhões de adolescentes vacinados. Desses, 93% seriam de jovens que receberam vacinas que não a Pfizer --AstraZeneca, CoronaVac e Janssen-- e que serão acompanhados pelo ministério.

Houve ainda um registro de uma morte de um jovem por miocardite, em São Bernardo do Campo, que está sendo ainda investigado e não há comprovação de que tenha relação direta com a vacina --por enquanto, o que se sabe é que o jovem morreu na mesma época em que tomou a vacina--, mas foi citado por Queiroga como um exemplo de riscos que estariam sendo assumidos pelos Estados. A vacina aplicada foi a Pfizer, autorizada pela Anvisa para essa faixa etária.

Em nota, o governo de São Paulo classificou de 'irresponsável' a disseminação de informações sobre o caso que, de acordo com o Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado, ainda está em investigação. 'Qualquer afirmação ainda é precoce e temerária', afirmou.

ESTADOS

De acordo com o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Lula, a maior parte dos Estados não planeja parar a imunização deste grupo.

O Conass enviou um ofício a Anvisa em que pede a reiteração de que a vacina Pfizer, autorizada pela agência, é segura para adolescentes.

Uma fonte da agência ouvida pela Reuters afirma que a decisão foi tomada por Queiroga sem ouvir a agência e que a posição dos técnicos é de que a vacina é sim segura.

Em outra nota, o governo do Estado de São Paulo disse lamentar a decisão do ministério, afirmando que ela vai na contramão da orientação do Conass e de autoridades sanitárias de outros países, lembrando que a vacinação nessa faixa etária já é realizada nos Estados Unidos, Chile, Canadá, Israel, entre outros.

'O governo de SP informa que continuará vacinando os adolescentes de 12 a 17 anos de idade por recomendação do Comitê Científico do Estado. A imunização começou em SP no dia 18 de agosto e já foram imunizadas cerca de 2,4 milhões de pessoas, ou seja, 72% deste público', diz o governo paulista na nota.

Escrito por Reuters

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