Assassinato de astro do futebol evidencia criminalidade na África do Sul antes de eleição
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Por Nellie Peyton
JOHANNESBURGO (Reuters) - Na cidade sul-africana onde Luke Fleurs cresceu, alguns de seus amigos se juntaram a gangues antes de chegarem ao ensino médio, mas Luke encontrou outro caminho: ele era tão brilhante no futebol que chegou a ser jogador profissional no principal clube da África do Sul.
A história de sucesso de Fleurs terminou abruptamente no mês passado, quando ele foi morto em um posto de gasolina de Johanesburgo por alguém que roubou seu carro.
O assassinato de Fleurs, de 24 anos, não só provocou a tristeza da população devido a sua fama como defensor do Kaizer Chiefs, mas também pôs em evidência o problema da criminalidade na África do Sul. O país tem uma das taxas de homicídio mais altas do mundo, com uma média de 75 assassinatos por dia.
A frustração dos eleitores com a incapacidade do governo de conter o aumento das taxas de criminalidade é uma das razões pelas quais o partido governista Congresso Nacional Africano deve perder sua maioria nas eleições de 29 de maio, após 30 anos no poder.
'Nós demos nossa bênção para que ele se mudasse para Johanesburgo para escapar da violência e das gangues em sua terra natal, mas ele acabou morrendo no auge de sua promissora carreira no futebol', disse o pai de Luke, Theo Fleurs, em uma entrevista à Reuters.
Com 45 assassinatos por 100.000 habitantes entre 2022 e 2023, a taxa de homicídios da África do Sul foi a mais alta dos últimos 20 anos, segundo dados da polícia, quase equivalente à do Equador e mais alta do que a de Honduras, um país assolado pela violência extrema das gangues.
Altos níveis de pobreza, desemprego e desigualdade criaram um terreno fértil para que o crime se enraizasse na África do Sul, agravado pela proliferação de grupos criminosos organizados e uma enxurrada de armas ilegais nos últimos anos, segundo analistas.
A abordagem do Estado, amplamente focada no recrutamento de mais policiais, mudou pouco desde a década de 1990, disse David Bruce, consultor de policiamento do Institute for Security Studies.
'O sistema de policiamento sul-africano precisa se adaptar a um novo mundo', disse Bruce.
O manifesto eleitoral do partido governista diz que modernizará o policiamento, desenvolverá capacidades para combater o crime cibernético e a violência de gangues e implementará uma abordagem orientada por dados, entre outras medidas.
A proporção de casos de homicídio resolvidos tem diminuído. Entre 2022 e 2023, ocorreram 27.494 assassinatos e 2.982 condenações, segundo dados do governo.
'Basicamente, um em cada dez homicídios é resolvido pela polícia', disse Ziyanda Stuurman, analista do Eurasia Group que escreveu um livro sobre o policiamento na África do Sul.
'Existe a crença geral de que você pode escapar impune do assassinato de alguém e nunca será pego.'
Escrito por Reuters
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