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Associação indígena pede ao STF saída imediata de garimpeiros de terra ianomâmi após confronto

Placeholder - loading - Indígenas ianomâmis acompanham operação do Ibama na floresta amazônica 17/04/2016 REUTERS/Bruno Kelly
Indígenas ianomâmis acompanham operação do Ibama na floresta amazônica 17/04/2016 REUTERS/Bruno Kelly

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Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) apresentou nesta terça-feira um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que determine a saída imediata de garimpeiros ilegais da terra indígena ianomâmi, após relatos de um ataque de homens armados no território ocorrido na véspera.

No pedido ao ministro do STF Luís Roberto Barroso, a associação apresenta uma carta em que afirma que ataque foi o terceiro este ano na localidade e pede que se cobre da União quais 'medidas estão sendo tomadas para fiscalização da TI Ianomâmi' com o objetivo de impedir a presença dos garimpeiros ilegais e garantir a livre circulação e segurança dos indígenas.

Os indígenas querem a retirada dos invasores com urgência 'ante a iminência de um genocídio e a escalada de disseminação de malária e Covid-19 na referida TI por garimpeiros ilegais', segundo o documento.

'A situação na TI Ianomâmi é grave e tensa. Os indígenas estão sob permanente ameaça de garimpeiros. A realidade é o prenúncio de um genocídio. É preciso que o pedido de socorro dos ianomâmis seja ouvido', disse a Apib.

O pedido foi encaminhado a Barroso por ele já relatar uma ação desde o ano passado a respeito de medidas que o governo federal tem tomado para enfrentar o coronavírus nas aldeias indígenas.

De acordo com os ianomâmis, garimpeiros ilegais abriram fogo dentro da reserva em Roraima com armas automáticas contra uma comunidade indígena que se opõe à sua entrada pelo rio.

Os ianomâmis responderam com arcos e flechas e espingardas, ferindo quatro dos agressores durante o confronto de 30 minutos na manhã de segunda-feira, afirmou Dario Kopenawa, chefe da Hutukara Associação Yanomami, nesta terça-feira.

Um indígena foi atingido de raspão, disse ele em relatório à Funai, ao Exército Brasileiro, ao Ministério Público Federal e à polícia.

Especialistas afirmam que os garimpeiros provavelmente estão tentando evitar que os ianomâmis bloqueiem seu acesso aos garimpos de ouro.

Os conflitos na maior reserva indígena da Amazônia têm se tornado cada vez mais violento nos últimos meses, à medida que os ianomâmis se opõem à invasão de mais de 20.000 garimpeiros ilegais em suas terras.

Kopenawa, filho do respeitado líder e xamã Davi Kopenawa, disse que os mineiros ameaçaram retornar para vingar seus feridos e pediu ação das autoridades para proteger a comunidade.

A Funai informou que está investigando o 'suposto conflito' e criticou reportagens por se basearem em um relato unilateral, recusando-se a comentar mais.

Cerca de 26.800 ianomâmis vivem em uma reserva que é maior que Portugal e se estende por 96.650 quilômetros quadrados na fronteira com a Venezuela.

Os ianomâmis culpam os garimpeiros pela introdução da malária e, desde o ano passado, da Covid-19 que matou nove de seus habitantes. Os garimpeiros poluem rios com mercúrio usado para separar o ouro do minério.

O governo do presidente Jair Bolsonaro tem defendido a mineração comercial em terras indígenas e propôs uma legislação para legalizar os garimpeiros. Essa visão encoraja cada vez mais garimpeiros armados a invadir as terras ianomâmis.

Bolsonaro nomeou um delegado da Polícia Federal para chefiar a Funai e reduziu o financiamento para funcionários e sua capacidade de proteger as comunidades.

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) da Igreja Católica criticou o mais recente ataque aos ianomâmis e disse que Bolsonaro não está fazendo o suficiente para afastar os garimpeiros.

“É no governo federal que o garimpo encontra hoje seu principal aliado. O presidente Bolsonaro tem manifestado abertamente em diversas ocasiões seu apoio e incentivo à atividade ilegal do garimpo dentro das terras indígenas”, disse o Cimi em nota.

(Reportagem adicinal de Anthony Boadle e Leonardo Benassatto)

Escrito por Reuters

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