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Efeito do coronavírus é mais direto e liquidamente negativo do que escalada do dólar, diz Waldery

Placeholder - loading - Painel com cotações de moedas estrangeiras em casa de câmbio em São Paulo 27/02/2020 REUTERS/Amanda Perobelli
Painel com cotações de moedas estrangeiras em casa de câmbio em São Paulo 27/02/2020 REUTERS/Amanda Perobelli

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Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O efeito do coronavírus é negativo sobre a economia enquanto a recente escalada do dólar frente ao real tem implicações para os dois lados, afirmou o secretário especial da Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues.

Em entrevista à Reuters na noite de quinta-feira, ele ponderou que, para efeitos de influência no Produto Interno Bruto (PIB), a alta da moeda norte-americana tem impactos positivos e negativos. Esses movimentos, embora complexos, podem eventualmente se compensar.

Quanto ao coronavírus, há um nível de alerta maior dentro do governo, que monitora de perto as consequências da disseminação do surto para o crescimento da China, expansão da economia global e consequentes reflexos para o Brasil.

'O câmbio pode influenciar o consumo privado, mas influencia também a demanda externa, composta por importação e exportação. O efeito líquido não é diretamente medido. Já um efeito de uma epidemia ou de um coronavírus é mais direto e liquidamente negativo”, disse Waldery.

Nesta sexta-feira, o dólar seguia em alta pela oitava sessão consecutiva, chegando a ultrapassar os 4,50 reais, embalado por temores de um impacto mais forte do coronavírus na economia global.

Em relação ao PIB brasileiro, Waldery afirmou que, por ora, a perspectiva de alta em 2020 segue em 2,4%, já que as projeções ainda não foram revisadas.

Mas o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, indicou ao jornal Estado de S. Paulo que o coronavírus pode levar o governo a cortar sua projeção.

À Reuters, Sachsida avaliou nesta sexta-feira que o cenário piorou das últimas duas semanas para cá e que o governo ainda analisa se divulgará novos números.

'Teremos uma resposta mais clara semana que vem', disse ele.

Há cerca de 10 dias, Sachsida havia dito que o coronavírus ainda não impactara a economia brasileira, mas que a secretaria de Política Econômica seguia atenta, pelo lado da oferta, a uma eventual falta de peças que vêm da China para empresas brasileiras e, pelo canal da demanda, ao comportamento do preço de commodities.

Waldery, por sua vez, destacou que a posição da equipe econômica é de cautela e acompanhamento num momento em que o coronavírus não está mais restrito à China e à Ásia.

Economistas reduziram mais uma vez suas contas para a alta do PIB neste ano a 2,20%, conforme boletim Focus mais recente, feito pelo BC junto a uma centena de profissionais.

Algumas casas, como o Bank of America e o Banco Fator, já vêem uma expansão abaixo de 2% para este ano --em 1,9% e 1,4%, respectivamente.

Em condição de anonimato, uma importante fonte do governo reconheceu que a visão hoje é de que o crescimento econômico ficará neste ano 'mais para perto de 2% mesmo'.

'Nossa preocupação é mais com o fluxo de investimentos da China, que tende a diminuir com o corona, do que com a balança e o PIB”, adicionou outra fonte do governo, também em sigilo.

OTIMISMO COM O CONGRESSO

Apesar do aumento da temperatura nesta semana na relação entre os poderes Executivo e Legislativo após o presidente Jair Bolsonaro compartilhar vídeo estimulando as pessoas a irem protestar no dia 15 de março, Waldery segue prevendo a aprovação das propostas do pacote do pacto federativo no primeiro semestre.

Algumas publicações em redes sociais chamando para os protestos defenderam o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), com ataques aos presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

'O pacto federativo é de interesse de todas as partes --União, Estados, municípios e sociedade-- e há uma provável convergência na aprovação dessas PECs', afirmou Waldery, em referência à PEC do Pacto Federativo, PEC Emergencial e PEC dos Fundos Públicos.

'Já há maturidade no Congresso, que abraçou essas medidas', completou ele.

TRIBUTÁRIA PARA GRAU DE INVESTIMENTO

Questionado sobre a eventual volta do grau de investimento, o secretário especial da Fazenda afirmou que isso dependerá da continuidade das reformas estruturais, citando especificamente a aprovação da reforma tributária como crucial nesse processo.

'A aprovação da reforma tributária é fundamental para termos de volta o grau de investimento … ela é parte essencial nesse caminho de ´investment grade´ e tem impacto muito positivo na economia e mercado de trabalho', avaliou.

Segundo Waldery, apenas essa reforma será capaz de elevar o PIB potencial do país em 0,4 a 0,5 ponto percentual.

A equipe econômica ainda não formalizou sua proposta de reforma tributária ao Congresso, tendo ressaltado a intenção de não congestionar os trabalhos com o envio de mais um texto aos parlamentares diante da existência de PECs que já tramitam na Câmara e no Senado sobre o tema.

Para Waldery, as agências de classificação de risco vão no curto prazo revisar suas análises tanto em relação às perspectivas para o Brasil quanto em relação às notas de classificação.

Atualmente, a nota brasileira está três níveis abaixo do mínimo para grau de investimento pela S&P e pela Fitch e dois pela Moody's. As três agências cortaram o Brasil para território especulativo entre setembro de 2015 e fevereiro de 2016, em meio à forte deterioração das contas públicas.

(Reportagem adicional de Marcela Ayres em Brasília)

Escrito por Reuters

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