EXCLUSIVO-EUA souberam que advogados militares israelenses alertaram sobre evidências de crimes de guerra em Gaza
EXCLUSIVO-EUA souberam que advogados militares israelenses alertaram sobre evidências de crimes de guerra em Gaza
Reuters
07/11/2025
Por Erin Banco e Jonathan Landay e Humeyra Pamuk
WASHINGTON (Reuters) - Os Estados Unidos obtiveram informações de inteligência no ano passado de que advogados militares de Israel alertaram haver evidências que poderiam embasar acusações de crimes de guerra contra Israel por sua campanha militar em Gaza -- operações dependentes de armas fornecidas pelos EUA, disseram cinco ex-autoridades norte-americanas.
A inteligência, não relatada anteriormente, descrita pelas ex-autoridades como uma das mais surpreendentes compartilhadas com importantes formuladores de políticas dos EUA durante a guerra, aponta para dúvidas dentro das Forças Armadas israelenses sobre a legalidade de suas táticas, o que contrasta fortemente com a posição pública de Israel em defesa de suas ações.
Duas das ex-autoridades dos EUA disseram que o material não foi amplamente divulgado dentro do governo dos EUA até o final do governo Biden, quando foi disseminado mais amplamente antes de um briefing congressional em dezembro de 2024.
A inteligência aprofundou as preocupações em Washington sobre a conduta de Israel em uma guerra que, segundo o país, era necessária para eliminar os combatentes palestinos do Hamas infiltrados na infraestrutura civil -- o mesmo grupo cujo ataque a Israel em 7 de outubro de 2023 desencadeou o conflito. Havia preocupações de que Israel estivesse alvejando intencionalmente civis e trabalhadores humanitários, um possível crime de guerra que Israel negou categoricamente.
As autoridades dos EUA expressaram alarme com as descobertas, especialmente à medida que o crescente número de mortes de civis em Gaza levantava preocupações de que as operações de Israel poderiam violar os padrões legais internacionais sobre danos colaterais aceitáveis.
As ex-autoridades dos EUA com quem a Reuters conversou não forneceram detalhes sobre quais evidências -- como incidentes específicos em tempo de guerra -- causaram preocupações entre os advogados militares de Israel.
Israel matou mais de 68.000 palestinos durante uma campanha militar de dois anos, segundo autoridades de saúde de Gaza. Os militares israelenses disseram que pelo menos 20.000 das vítimas eram combatentes.
A Reuters conversou com nove ex-autoridades do governo do então presidente norte-americano Joe Biden, incluindo seis que tinham conhecimento direto da inteligência e do debate subsequente dentro do governo dos EUA. Todos falaram sob condição de anonimato devido à sensibilidade do assunto.
Relatos de divergências internas no governo dos EUA sobre a campanha de Israel em Gaza surgiram durante a Presidência de Biden. Essa informação -- baseada em lembranças detalhadas das pessoas envolvidas -- oferece um quadro mais completo da intensidade do debate nas últimas semanas do governo, que terminou com a posse do presidente Donald Trump em janeiro.
O embaixador israelense nos EUA, Yechiel Leiter, recusou-se a comentar quando questionado sobre a inteligência dos EUA e o debate interno do governo Biden sobre o assunto. Nem o gabinete do primeiro-ministro israelense nem o porta-voz militar israelense responderam imediatamente aos pedidos de comentários.
(Reportagem de Erin Banco, Jonathan Landay e Humeyra Pamuk; reportagem adicional de Maayan Lubell em Jerusalém)
Reuters

