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Ibovespa tem pior mês desde setembro com riscos fiscais e interferência na Petrobras

Placeholder - loading - Bolsa de valores de São Paulo  16/03/2020 REUTERS/Rahel Patrasso
Bolsa de valores de São Paulo 16/03/2020 REUTERS/Rahel Patrasso

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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda de quase 2% nesta sexta-feira, acumulando a terceira semana consecutiva de perda, o que deixou fevereiro com o pior desempenho mensal em cinco meses e ampliou o declínio em 2021.

Neste último mês, a bolsa paulista viu as vendas de estrangeiros superarem as compras em quase 5 bilhões de reais até o dia 24, o que deve marcar uma quebra na sequência de saldos positivos mensais desde outubro do ano passado.

É verdade que o número não contempla as ofertas de ações (IPOs e follow-ons), que em fevereiro teve como destaque o IPO amplamente esperado da unidade de mineração da CSN, que movimentou 5,2 bilhões de reais.

Mas diferente de 2020, quando investidores locais garantiram a recuperação do Ibovespa após o tombo em março com a pandemia de Covid-19, receios fiscais e a percepção de aumento do risco político desanimaram compras no pregão brasileiro.

A primeira semana do mês até começou bem, embalada pela aposta positiva na agenda de reformas após as eleições no Congresso Nacional, com parlamentares mais próximos ao governo assumindo os comandos da Câmara dos Deputados e do Senado.

Mas não demorou muito para o Brasília adicionar volatilidade e preocupações, com a possibilidade de retomar o auxílio emergencial e ruídos relacionados aos preços dos combustíveis, com caminhoneiros mais uma vez ameaçando uma greve.

Após pressão de deputados e senadores, o governo confirmou, com algumas mudanças, a volta do benefício aos mais afetados pela crise econômica desencadeada pelo coronavírus, que foi interrompido no final do ano passado.

No caso dos combustíveis, a Petrobras sentiu a ojeriza de investidores à possibilidade de interferência política na gestão de estatais e sofreu perda de cerca de 100 bilhões de reais em valor de mercado em dois dias.

Depois de algumas ameaças, o presidente Jair Bolsonaro anunciou ao final de uma sexta-feira (19) a indicação do general Joaquim Silva e Luna no lugar de Roberto Castello Branco.

No mesmo fim de semana, ele sinalizou mais mudanças, prometendo ainda 'meter o dedo na energia elétrica que é outro problema também'. No primeiro pregão após tais declarações, o Ibovespa derreteu quase 5%, na maior queda desde abril de 2020.

O governo buscou amenizar o prejuízo, entregando ao Congresso a medida provisória para a privatização da Eletrobras e o projeto para a desestatização dos Correios, bem como sancionou a autonomia do Banco Central.

O efeito, contudo, foi passageiro, com o presidente voltando a destacar o 'papel social' das estatais apesar de ter sido eleito defendendo peso menor do Estado na economia. Enquanto isso, o adiamento da leitura do parecer da PEC Emergencial reforçou o ambiente de resistência a medidas de ajuste fiscal.

O último pregão do mês ainda terminou com ruídos envolvendo a permanência do ministro da Economia, Paulo Guedes, bem como do presidente do Banco do Brasil, André Brandão, o que o banco estatal negou, além de dólar acima de 5,60 reais.

Nem a temporada de balanços com resultados bem avaliados no mercado, entre eles o lucro recorde da Petrobras no quarto trimestre, freou as vendas na bolsa paulista, que também sofreu mais no final do mês com apreensões relacionadas aos Treasuries.

Na última quinta-feira, o rendimento do título do Tesouro norte-americano de 10 anos, referência para vários investimentos em todo o mundo, bateu 1,614%, máxima em um ano, derrubando as bolsas em Wall Street e contaminando outros mercados.

Parte do movimento desses ativos reflete preocupações de que o Federal Reserve, banco central dos EUA, possa ter espaço para aumentar as taxas mais cedo do que se pensava, já que a economia está se recuperando.

Após tais desenvolvimentos, março começa com cautela, mas com chance também de alguma recuperação, em particular se houver uma melhora nos mercados no exterior e Brasília não adicionar novos ruídos.

Nesta sexta-feira, o Ibovespa caiu 1,98%, a 110.035,17 pontos, acumulando perda de 7% na semana, maior declínio semanal percentual desde outubro de 2020. Em fevereiro, recuou 4,37%, pior desempenho percentual mensal desde setembro do ano passado. No ano, a queda agora é de 7,55%.

Maiores baixas do Ibovespa no dia

Maiores altas do Ibovespa no dia

O índice Small Caps caiu 1,65%, a 2.675,37 pontos, com recuo de 5,72% na semana e queda de 1,84% no mês, ampliando o declínio em 2021 para 5,21%.

O volume negociado no pregão nesta sexta-feira somou 50,19 bilhões de reais.

DESTAQUES DO IBOVESPA DO ACUMULADO DO MÊS:

- VIA VAREJO ON recuou 19,2%, pior desempenho do Ibovespa no mês, tendo de pano de fundo anúncio de combinação de operações de B2W e Lojas Americanas. LOJAS AMERICANAS PN subiu 3,4 % e B2W ON cedeu 0,39% no mês. Ainda no setor de ecommerce, MAGAZINE LUIZA ON caiu 4,31%.

- PETROBRAS ON caiu 18,95% e PETROBRAS PN cedeu 16,67%, em meio a dúvidas sobre a autonomia da política de preços da petrolífera, após decisão da companhia de mudar o prazo para calcular a paridade internacional e movimentações do governo para trocar o comando da empresa. Nem o forte resultado do último trimestre de 2020 evitou uma perda de mais de 60 bilhões de reais em valor de mercado em fevereiro.

- SULAMÉRICA UNIT perdeu 17,24%, com a última semana do mês mostrando uma queda de quase 150% no lucro do quarto trimestre de 2020, afetado pelo efeito da queda da Selic no resultado financeiro, maiores despesas com seguros a mortes pela Covid-19 e desempenho mais fraco na gestão de recursos.

- EMBRAER ON valorizou-se 39,14%, com a pauta do mês mostrando que a fabricante de aviões encerrou o ano passado com um carteira de pedidos firmes a entregar de 14,4 bilhões de dólares, equivalentes a 281 aeronaves. Além disso, a companhia divulgou que tem discutido com a Lufthansa uma potencial venda de aeronaves, embora tenha ponderado que, até o último dia 19, não havia compromisso firme de concretização das vendas.

- BRASKEM PNA subiu 29,07%, favorecida pela decisão da Agência Nacional de Mineração (ANM) de desistir da exigência de medidas adicionais ao plano de fechamento de mina de sal-gema da companhia, em Maceió (AL). De acordo com a petroquímica, essas medidas extras poderiam acarretar valor estimado de cerca de 3 bilhões de reais. A Braskem também retomou nesse mês a produção de cloro-soda e dicloretano na capital alagoana.

- USIMINAS PNA avançou 23,03%, na esteira de resultado forte para os últimos três meses de 2020, com a maior receita trimestral da história da companhia e o melhor desempenho operacional medido pelo Ebitda ajustado desde 2008, de 1,6 bilhão de reais. As rivais CSN e GERDAU PN subiram 8,13% e 11,27%, respectivamente, também tendo no radar desempenho robusto no final de 2020.

Veja o comportamento dos principais índices setoriais na B3 no acumulado do mês:

- Índice financeiro: -6,86%

- Índice de consumo: -5,29%

- Índice de Energia Elétrica: -5,74%

- Índice de materiais básicos: +10,53%

- Índice do setor industrial: +1,65%

- Índice imobiliário: -10,11%

- Índice de utilidade pública: -4,58%

Escrito por Reuters

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