Inauguração da loja Shein em Paris atrai manifestantes, policiais e caçadores de pechinchas

Por Mimosa Spencer

PARIS (Reuters) - Manifestantes com cartazes 'Shame on Shein' (vergonha da Shein) se reuniram do lado de fora de uma loja de departamentos em Paris nesta quarta-feira, quando a varejista online de fast-fashion abriu sua primeira loja em meio a críticas ferozes ao seu modelo de negócios de baixo custo.

Depois de fazer fila por horas, dezenas de compradores entraram na loja de departamentos BHV do Século 19, no distrito comercial de Marais, enquanto vários policiais antimotim destacados para proteger a loja, observavam.

A loja da Shein, que ocupa 1.000 metros quadrados no sexto andar da BHV e criou 50 empregos, causou alvoroço entre os políticos, incluindo a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, bem como entre os varejistas que afirmam que o modelo de negócios da Shein tem uma vantagem injusta e corroeu o comércio das ruas francesas.

Na quarta-feira, a Shein tentou mostrar que pode ter um impacto positivo sobre os varejistas franceses, oferecendo aos clientes uma oferta para o dia da inauguração -- tudo o que os clientes gastarem na Shein será convertido em um voucher para gastar em outras lojas da BHV, válido até domingo.

Os primeiros clientes que entraram na loja percorreram os cabides de roupas da Shein, incluindo jeans por 27,99 euros (US$33) e uma jaqueta preta de couro sintético por 42,49 euros.

A Shein, que envia vestidos e jeans baratos de fábricas na China diretamente a consumidores em 150 países em todo o mundo, foi abordada para estabelecer uma concessão pela Société des Grands Magasins (SGM), que espera que o lançamento atraia uma clientela mais jovem para sua loja de departamentos BHV, e traga benefícios graças à sua experiência em comércio eletrônico.

'Todos os dias nos dizem que as lojas físicas estão morrendo. Todos os dias nos dizem que milhares de empregos estão em jogo, que a indústria têxtil francesa está morrendo, e não são esses mesmos críticos que nos oferecem soluções', disse Frederic Merlin, presidente da SGM, à BFM TV. 'Acredito que, sem inovar, o futuro honestamente não parece brilhante.'

A SGM usará o nome BHV para suas sete lojas de departamento regionais, cinco das quais também abrigarão lojas da Shein, depois de encerrar um contrato de franquia com a Galeries Lafayette, que também criticou publicamente a parceria com a Shein.

A França tem sido particularmente rigorosa em sua reação à Shein, e poderia proibi-la de anunciar no país de acordo com uma lei planejada para regulamentar a moda 'ultrarrápida' que visa especificamente plataformas que adicionam mais de 1.000 novos produtos por dia.

'Estamos lutando contra a Shein há dois anos e ver essa marca instalada em um prédio histórico... que simboliza a indústria têxtil francesa, é uma provocação inaceitável', disse a parlamentar Anne-Cécile Violland, que esteve à frente da lei de fast fashion.

A descoberta de bonecas sexuais com aparência infantil no site da Shein alimentou ainda mais protestos, com o ministro das Finanças da França ameaçando na segunda-feira banir a plataforma caso volte a vender tais produtos. A Shein disse que sancionou os vendedores e implementou uma proibição total de bonecas sexuais.

A dimensão das operações da Shein na França não é conhecida e a empresa não respondeu à Reuters quando questionada sobre as suas receitas no país, mas de acordo com seu último 'relatório de transparência', exigido pela UE nos termos dos regulamentos sobre grandes plataformas, a Shein registrou 27,3 milhões de usuários médios mensais na França entre fevereiro e julho.

(Reportagem de Mimosa Spencer, Michaela Cabrera, Dominique Patton, Helen Reid, Inti Landauro e Lucien Liber)