Netanyahu promete fechar TV Al Jazeera em Israel
Netanyahu promete fechar TV Al Jazeera em Israel
Reuters
01/04/2024
Atualizada em 01/04/2024
JERUSALÉM (Reuters) - O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu nesta segunda-feira fechar a rede de televisão por satélite do Catar Al Jazeera em Israel, enquanto a guerra em Gaza continuar.
Horas depois que o porta-voz de seu partido disse que parlamentares seriam convocados à noite para ratificar a lei necessária ao ato, o Knesset (o parlamento israelense) aprovou o projeto que permite o fechamento temporário em Israel de emissoras estrangeiras consideradas uma ameaça à segurança nacional.
A lei aprovada nesta segunda-feira permite que Netanyahu e o gabinete de segurança fechem a emissora por 45 dias, período que pode ser estendido. O ato permanece em vigor até o final de julho ou até o fim das principais operações militares em Gaza.
A Al Jazeera rejeitou as acusações de que teria prejudicado a segurança de Israel como uma 'mentira perigosa e ridícula'. A emissora, que tem criticado ferozmente a operação militar de Israel em Gaza, de onde tem feito reportagens 24 horas por dia, já acusou Israel de atacar sistematicamente seus escritórios e funcionários.
O ministro das Comunicações, Shlomo Karai, acusou a Al Jazeera de incentivar hostilidades contra Israel.
'É impossível tolerar um meio de comunicação, com credenciais de imprensa da assessoria de imprensa do governo e com escritórios em Israel, agindo de dentro para fora contra nós, certamente em tempo de guerra', disse ele.
Autoridades israelenses reclamam há muito tempo da cobertura da Al Jazeera, mas não chegaram a tomar medidas, conscientes do financiamento do Catar aos projetos de construção palestinos na Faixa de Gaza -- vistos por todas as partes como um meio de evitar o conflito.
No entanto, a iniciativa de permitir que o governo feche os escritórios locais de grupos de mídia estrangeiros gerou preocupação nos Estados Unidos, o principal aliado de Israel, que disse ser fundamental manter a liberdade de imprensa.
'Se for verdade, uma medida como essa é preocupante', disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, a repórteres em uma reunião.
Desde a guerra em Gaza, que eclodiu em 7 de outubro com assassinatos e sequestros transfronteiriços cometidos pelos combatentes do Hamas, grupo que governa o enclave, Doha tem mediado negociações de cessar-fogo, sob as quais Israel recuperou alguns dos reféns.
No entanto, as negociações sobre uma segunda proposta de trégua parecem não levar a lugar algum. Em janeiro, Netanyahu apelou publicamente para que os catarianos aplicassem mais pressão sobre o Hamas. O Catar abriga o gabinete político do grupo e várias autoridades graduadas do Hamas.
Questionado se a ameaça contra a Al Jazeera poderia fazer parte de tal pressão, um porta-voz do governo israelense, Avi Hyman, não respondeu diretamente, embora tenha descrito a emissora como 'empenhada em divulgar propaganda durante muitos e muitos anos'.
No que pode ter sido uma indicação de que a Al Jazeera poderia ter recursos legais contra qualquer fechamento, Hyman acrescentou durante um briefing: “Há o devido processo, então ainda não chegamos lá”.
O ministro das Comunicações de Israel acusou a emissora em 15 de outubro de incitação pró-Hamas e de expor as tropas israelenses a emboscadas. A Al Jazeera e o governo de Doha não responderam a essas alegações.
O projeto de lei ratificado nesta segunda-feira foi aprovado em primeira leitura no Knesset em fevereiro.
(Por Dan Williams)
Reuters

