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Novo estudo revela que bullying pode modificar o cérebro

O problema é até reconhecido como um desafio global à saúde pela OMS e pelas Nações Unidas e deve ser combatido.

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Criança pequena (Foto: Pixabay)

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Nos últimos anos, um volume cada vez maior de dados demonstrou que o bullying afeta centenas de milhões de crianças e adolescentes, com os efeitos às vezes durando anos e, possivelmente, décadas.

O problema é até reconhecido como um desafio global à saúde pela Organização Mundial da Saúde e pelas Nações Unidas. Mas os pesquisadores sustentam que ainda há uma compreensão limitada de como o comportamento pode moldar fisicamente o cérebro em desenvolvimento.

O bullying é geralmente definido como comportamento verbal, físico e anti-social repetido e intencional que busca intimidar, prejudicar ou marginalizar alguém percebido como menor, mais fraco ou menos poderoso. Entre as crianças mais novas, formas comuns de bullying incluem linguagem abusiva e danos físicos. Esse comportamento pode se tornar mais sutil com a idade, pois os agressores adolescentes rotineiramente excluem, insultam e zombam de seus alvos. Às vezes, esse comportamento se transforma em "assédio moral" entre grupos de agressores na escola, no trabalho ou na internet.

Os pesquisadores acreditam que mais de 3,2 milhões de estudantes sofram bullying todos os anos nos Estados Unidos. Isso representa cerca de 1% da população total do país. Entre esses alunos, cerca de 10 a 15% sofrem bullying "crônico" ou persistente, que dura mais de seis meses contínuos.

Sofrer por muito tempo com o bullying está associado a menor desempenho acadêmico, maiores taxas de desemprego, depressão, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático, abuso de substâncias e pensamentos de auto-agressão e suicídio. A maioria das pesquisas sobre os processos neurobiológicos que podem contribuir para esses resultados negativos para a saúde ocorreu na década passada, grande parte focada no impacto do bullying no sistema de resposta ao estresse do corpo.

Um artigo publicado em dezembro passado na revista Molecular Psychiatry foca uma área diferente: arquitetura do cérebro. O trauma decorrente do assédio moral crônico pode afetar a estrutura do cérebro, de acordo com dados de ressonância magnética longitudinal coletados por uma equipe internacional sediada no King's College London. As descobertas ecoam pesquisas anteriores, que demonstraram mudanças semelhantes em crianças e adultos que sofreram com maus tratos, que e a negligência ou abuso por parte de cuidadores adultos para com as crianças.

Mudanças a longo prazo na estrutura e na química do cérebro são um indicador de como o bullying pode ser devastador, segundo Tracy Vaillancourt, psicóloga clínica da Universidade de Ottawa. Juntamente com outras pessoas no campo, ela espera que estudos como o do King's College sejam um catalisador para futuras pesquisas que possam ser usadas para fundamentar decisões políticas e apoiar intervenções anti-bullying.

Para o estudo, os pesquisadores usaram um conjunto de dados que incluía informações clínicas, genéticas e de neuroimagem de 682 jovens da França, Alemanha, Irlanda e Reino Unido coletados como parte de um projeto de pesquisa europeu conhecido por ser um dos primeiros estudos longitudinais para pesquisar o desenvolvimento cerebral de adolescentes e a saúde mental. Neles, os dados são coletados ao longo de vários anos, permitindo que os pesquisadores rastreiem as crianças ao longo do tempo e determinem se certas experiências - como sofrer bullying - estão associadas a mudanças estruturais no cérebro.

Os jovens completaram questionários aos 14, 16 e 19 anos de idade sobre o bullying que sofriam em suas vidas diárias. Os exames de ressonância magnética foram adquiridos nas idades de 14 e 19. Os pesquisadores identificaram nove regiões de interesse associadas ao estresse e maus-tratos.

Analisando as mudanças no volume cerebral aos 19 anos, eles descobriram que os participantes que sofreram bullying crônico tiveram diminuições significativamente mais acentuadas no volume de duas regiões envolvidas em movimento e aprendizado - o putâmen esquerdo e o caudado esquerdo - com o primeiro mostrando o efeito mais forte. Esses participantes também experimentaram níveis mais altos de ansiedade generalizada.

Embora seu trabalho mostre mudanças ao longo do tempo, os pesquisadores observam que “o cérebro é plástico por toda a vida”. É por isso que continuamos aprendendo. ”Portanto, não é possível dizer se a diminuição do volume representa um estado permanente ou temporário”, diz Erin Burke Quinlan, neurocientista do King’s College London e principal autora do artigo.

A equipe de Quinlan não foi capaz de determinar qual mecanismo biológico alterou o volume cerebral dos jovens em seu estudo. Vaillancourt e outros pesquisadores sugerem que os achados da literatura sobre maus-tratos infantis podem fornecer uma explicação possível. Nesses estudos, o estresse "tóxico" e o hormônio do estresse cortisol parecem alterar o desenvolvimento do cérebro.

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