Pacheco defende mudança na política externa e diz que Bolsonaro decide comando do Itamaraty
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Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), defendeu mudanças na política externa do país, mas ponderou que cabe ao presidente Jair Bolsonaro decidir se mantém ou retira o ministro Ernesto Araújo do comando do Itamaraty.
Segundo Pacheco, senadores manifestaram sua 'frustração' com a política externa nas audiências com Araújo na véspera no Congresso, e prevalece entre parlamentares o entendimento que a diplomacia brasileira teve erros.
'Muito além da personificação ou do exame sobre o trabalho específico de um chanceler, o que se tem que mudar é a política externa do Brasil. Evidentemente que ela precisa ser aprimorada, melhorada. As relações internacionais precisam ser mais presentes, um ambiente de maior diplomacia', disse o presidente, questionado se defendia a saída do ministro.
'Isso é algo que está evidenciado a todos. Não só no Congresso Nacional, mas a todos os brasileiros que enxergam essa necessidade de o Brasil ter uma representatividade melhor do que tem hoje', afirmou o presidente.
'Essa questão de saída ou de entrada de ministros, eu considero que só pode demitir aquele que admite. Esse é o papel do presidente da República. É uma prerrogativa do presidente da República e ele haverá de tomar as melhores decisões para poder melhorar o governo.'
Pacheco avaliou que o país cometeu erros no enfrentamento à pandemia de Covid-19 e um deles refere-se à atuação diplomática, que poderia ter estabelecido relações com países que pudessem ajudar o Brasil e evitar o acirramento da crise.
'Ainda está em tempo de mudar para poder salvar vidas. O que nós precisamos agora é mudar o rumo dessa política externa', defendeu.
Pacheco comentou ainda que a Polícia Legislativa investiga gestos do assessor internacional da Presidência da República, Filipe Martins, captados pela TV Senado durante a audiência com Araújo, a pedido do líder da Oposição na Casa, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que poderiam estar identificados com movimentos de supremacia branca ou ainda ter conotação sexual.
'Verdadeiramente, vendo as imagens, identificamos um gesto completamente inapropriado para o ambiente do Senado Federal', disse Pacheco.
'Nós queremos aqui, uma vez mais, repudiar todo e qualquer ato que envolva racismo ou discriminação de qualquer natureza, repudiar qualquer tipo de ato obsceno, também, caso tenha sido essa a conotação no Senado ou fora dele. E Senado não é lugar de brincadeira... ali nós estávamos trabalhando, buscando soluções e informações em um ministério que está muito aquém do desejado para o Brasil.'
Escrito por Reuters
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