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Produtor PJ impulsiona recorde em pedidos recuperação judicial no agro no 2º tri, aponta Serasa

Produtor PJ impulsiona recorde em pedidos recuperação judicial no agro no 2º tri, aponta Serasa

Reuters

29/09/2025

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Colheita de milho em Maringá

Atualizada em  29/09/2025

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) -Os pedidos de recuperação judicial no agronegócio brasileiro atingiram números recordes no segundo trimestre, com aumento de 31,7% em relação ao mesmo período do ano passado, impulsionados por solicitações de produtores rurais que atuam como pessoa jurídica (PJ), de acordo com dados da Serasa Experian divulgados nesta segunda-feira.

Ao todo, considerando pedidos de produtores pessoa física, jurídica e empresas relacionadas ao agronegócio, o total de RJs solicitados atingiu 565. Em relação ao primeiro trimestre, a alta foi de 45,2%.

Em relatório, a Serasa não comentou sobre os motivos do aumento dos pedidos de recuperação judicial. No ano passado, esse movimento de alta já havia sido registrado, quando a safra de grãos, especialmente de soja e milho, sofreu perdas severas por conta de problemas climáticos.

As quebras de colheitas coincidiram com uma escalada dos juros que impactou o endividamento do setor e também ampliou a sua inadimplência, desafiando instituições como o Banco do Brasil, o principal credor do agronegócio nacional. A instituição chamou a atenção anteriormente para uma 'advocacia predatória', que levaria produtores a pedir RJ antes de avançar em renegociações com os bancos credores.

A Serasa destacou que o segmento que engloba os produtores pessoa jurídica mais que dobrou o número de pedidos de RJ registrados no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano passado e na comparação com os primeiros três meses do ano, para 243.

Pela primeira vez desde o último trimestre de 2023, os pedidos de pessoa jurídica, que possuem maior porte e geralmente são mais organizados, superaram os registrados para pessoa física.

Os produtores rurais que trabalham com perfil PJ tinham feito 121 pedidos no mesmo período do ano passado e 113 no primeiro trimestre.

'A surpresa foi o fato de produtores que atuam como PJ... terem uma quantidade superior de RJs do que produtores que atuam como PF', disse o head de Agronegócio da Serasa, Marcelo Pimenta.

Sobre este fato, ele afirmou que a datatech ainda está avaliando se houve um represamento de pedidos ou alguma mudança no perfil.

Para o professor da Faculdade de Direito da USP e administrador judicial Oreste Laspro, a maior procura por RJs pelo setor do agronegócio acontece em parte devido ao acúmulo de 'desequilíbrios econômicos', como a alta dos juros e quebra de safra em algumas regiões.

Mas ele citou também que, até 2020, havia divergência quanto ao cabimento da recuperação judicial de produtor rural. Com mudanças na Justiça e na legislação, a procura disparou.

'Hoje muitas dívidas ficam de fora da recuperação judicial, o que dificulta o sucesso dos planos de reestruturação. Dívidas com cooperativas, com linhas oficiais e contratos renegociados de crédito rural, entre outros, não são incluídos. Isso reduz a margem de manobra', observou Laspro, em nota.

Ele comentou também agricultores precisam aprender a se antecipar à crise e buscar outras formas de solução, como a mediação e a recuperação extrajudicial.

PRODUTORES DE GRÃOS

Entre aqueles que são PJ, o maior número de pedidos foi realizado pelos produtores rurais que atuam com o cultivo de soja, com 192 solicitações. Aqueles que realizam a criação de bovinos realizaram 26 pedidos de RJ.

Os produtores rurais que atuam como pessoa física registraram 220 pedidos de RJ, versus 214 requisições no mesmo período do ano passado e 195 no primeiro trimestre.

As empresas ligadas ao agronegócio registraram 102 pedidos, volume que também é o mais alto da série. O segmento que mais demandou RJ foi o de processamento de agroderivados (óleo e farelo de soja, açúcar, etanol, laticínios etc.) com 32 pedidos; seguido pela agroindústria da transformação primária (madeira serrada, couro curtido, beneficiamento de grãos etc.), com 22 solicitações; e o comércio atacadista de produtos agropecuários primários, com 18 requerimentos.

Os produtores rurais e empresas do agronegócio de Goiás registraram o maior número de pedidos de RJ no segundo trimestre, somando 94, sendo seguidos por Mato Grosso (73), Rio Grande do Sul (66), Minas Gerais (63) e Paraná (63), segundo o levantamento da Serasa, que afirma ter soluções como o Agro Score que permitem antecipar potenciais riscos de inadimplência entre produtores rurais, reduzindo incertezas para credores na concessão do crédito.

(Por Roberto Samora; edição de Marta Nogueira e Letícia Fucuchima)

Reuters

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