SAIBA MAIS-O que é financiamento climático e por que ele é importante?
SAIBA MAIS-O que é financiamento climático e por que ele é importante?
Reuters
11/11/2025
Por Simon Jessop
BELÉM (Reuters) - Os países que estão tentando mudar para a energia limpa e, ao mesmo tempo, se preparar para clima extremo e outros impactos em um mundo mais quente precisarão de dinheiro -- muito dinheiro. À medida que os custos e os riscos do aquecimento global aumentam, o tema do financiamento climático tornou-se mais tenso. Aqui está o que você precisa saber:
O QUE É FINANCIAMENTO CLIMÁTICO?
O financiamento climático é o conjunto de recursos provenientes de governos, bancos de desenvolvimento, investidores privados e entidades filantrópicas destinados a ajudar os países a reduzir as emissões de gases de efeito estufa ou a se adaptar aos impactos climáticos, por exemplo, por meio de projetos de energia renovável ou de defesa contra enchentes.
POR QUE ISSO É IMPORTANTE?
Sem o financiamento climático, os países mais pobres terão dificuldades para descarbonizar suas economias e proteger as populações vulneráveis. Como esses países contribuíram manos com as emissões, o tratado climático da ONU de 1992 determina que eles devem arcar com menos ônus para resolver o problema hoje.
O financiamento climático tornou-se um teste decisivo para a confiança nas negociações internacionais sobre o clima, com o valor comprometido pelos países ricos visto como uma medida de sua seriedade no enfrentamento da crise.
QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS DISPUTAS?
Atualmente, os países discordam sobre quem deve pagar o financiamento climático, quanto é necessário e como ele deve ser distribuído. Historicamente, apenas os países industrializados, como EUA, Japão e as nações da Europa, têm contribuído, mas a pressão está aumentando para que países em rápido desenvolvimento e grandes poluidores, como China, Índia e os países do Golfo, contribuam.
Pequim insiste que deve continuar a ser tratada como uma nação em desenvolvimento de acordo com o tratado climático da ONU.
As nações em desenvolvimento, muitas delas já sobrecarregadas com altos níveis de endividamento, também estão pressionando por mais doações em vez de empréstimos. Um relatório do Banco Mundial de dezembro mostrou que a dívida externa detida por países de baixa e média renda aumentou em mais de US$205 bilhões em 2023, atingindo um recorde de US$8,8 trilhões.
QUAIS METAS FORAM ESTABELECIDAS E ATINGIDAS?
O mundo estabeleceu suas primeiras metas de financiamento climático em 2009, com os países ricos prometendo US$30 bilhões por ano. Eles aumentaram esse valor em 2010 para US$100 bilhões até 2020, mas não atingiram o valor anual total até 2022.
Separadamente, os bancos multilaterais de desenvolvimento disseram que canalizaram cerca de US$137 bilhões em financiamento climático em 2024. Cerca de 62% desse valor, ou US$85,1 bilhões, foram para países de baixa e média renda. Um ano antes, os bancos haviam investido cerca de US$125 bilhões em financiamento climático.
O acordo da COP29 do ano passado combina esses dois grupos de doadores na definição de uma nova meta anual de US$300 bilhões a ser atingida até 2035. Entre agora e 2035, presume-se que a meta permanecerá no nível anterior de US$100 bilhões, embora isso não esteja explicitado na documentação da ONU.
QUANTO DINHEIRO ESTÁ ENVOLVIDO?
Os fundos climáticos de governos ricos estão servindo cada vez mais como capital inicial para fluxos crescentes de capital privado para investimentos favoráveis ao clima.
A Climate Policy Initiative (CPI), organização sem fins lucrativos, estima que os fluxos globais de financiamento climático em 2022 foram de cerca de US$1,46 trilhão, cerca de metade proveniente de investimentos privados. Esse valor subiu para quase US$1,6 trilhão em 2023.
Para os países em desenvolvimento, as nações na COP29 em Baku concordaram em trabalhar para aumentar o financiamento anual para pelo menos US$1,3 trilhão, com dezenas de ministros das finanças produzindo um 'Roteiro de Baku a Belém' de recomendações sobre como fazer isso.
Isso ainda está muito aquém dos US$7,4 trilhões que a CPI estima serem necessários anualmente até 2030 para cumprir as metas climáticas globais.
Apenas para os países em desenvolvimento fora da China após 2030, o Independent High-Level Expert Group on Climate Finance estima que a conta anual seja de US$2,4 trilhões, aumentando para US$3,3 trilhões até 2035.
E AGORA QUE OS PAÍSES ESTÃO SE RETRAINDO?
As nações ricas reduziram a ajuda ao desenvolvimento nos últimos anos, à medida que lidam com preocupações sobre segurança energética, estabilidade econômica e despesas concorrentes para guerra e desenvolvimento de IA. A ajuda ao desenvolvimento no exterior no ano passado totalizou US$212,1 bilhões, uma queda de mais de 7% em relação ao ano anterior, de acordo com estimativas preliminares da OCDE.
Isso está mudando o foco para formas de atrair mais dinheiro privado, por meio de mudanças nas regulamentações financeiras, classificações de crédito e práticas de empréstimos de bancos multilaterais, além da criação de novos instrumentos financeiros.
Uma ideia é o 'financiamento combinado', em que os governos e entidades filantrópicas aceitariam perdas ou retornos menores para que os investidores privados pudessem participar com menor risco.
O Brasil está pedindo aos países presentes na COP30 que contribuam para o recém-lançado Fundo Florestas Tropicais para Sempre, ou TFFF, que visa arrecadar US$25 bilhões em financiamento governamental e filantrópico para mobilizar outros US$100 bilhões em dinheiro privado.
Reuters

