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Vacinação em massa em Serrana reduz mortes por Covid em 95%, mostra estudo

Vacinação em massa em Serrana reduz mortes por Covid em 95%, mostra estudo

Reuters

31/05/2021

Placeholder - loading - Vacinação com CoronaVac em Duque de Caxias, Rio de Janeiro 29/3/2021 REUTERS/Ricardo Moraes
Vacinação com CoronaVac em Duque de Caxias, Rio de Janeiro 29/3/2021 REUTERS/Ricardo Moraes

Por Pedro Fonseca

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A cidade de Serrana, no interior de São Paulo, registrou queda de 95% nas mortes por Covid-19 após concluir a vacinação de quase todos os adultos com a CoronaVac, de acordo com um estudo divulgado nesta segunda-feira, que reforçou a necessidade de imunizar a maior parte da população para controlar a pandemia.

Com 45 mil habitantes, Serrana se tornou um oásis no Brasil, país que tem o segundo surto mais letal de Covid no mundo, com mais de 461 mil mortes até agora, e um ritmo de imunização lento devido à falta de vacinas.

'As mortes caíram 95%, as internações recuaram 86% e os casos sintomáticos forma reduzidos em 80%. Estes são os principais resultados do estudo clínico de efetividade inédito no mundo', disse o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), ao anunciar os resultados do estudo conduzido pelo Instituto Butantan, que é ligado ao governo paulista.

O Butantan, que produz a vacina CoronaVac, desenvolvida pela chinesa Sinovac Biotech, iniciou a pesquisa em fevereiro com o objetivo de vacinar toda a população adulta da cidade(cerca de 30 mil pessoas) para avaliar o impacto da imunização em massa no combate à pandemia de Covid-19.

No início da vacinação, a cidade enfrentava um aumento de casos de Covid, mas a disseminação do vírus foi contida depois que 75% da população foi imunizada, de acordo com a pesquisa.

'O resultado mais importante foi entender que podemos controlar a pandemia mesmo sem vacinar toda a população. Quando atingida a cobertura de 70% a 75%, a queda na incidência foi percebida até no grupo que ainda não tinha completado o esquema vacinal”, disse o diretor médico de pesquisa clínica do Butantan, Ricardo Palacios.

Os pesquisadores dividiram a cidade em quatro áreas para tentar entender qual era o limite para conter a propagação do vírus e descobriram que a disseminação foi controlada depois que três áreas receberam a segunda dose.

O número de casos sintomáticos caiu 80% e as internações recuaram 86%, além da redução de 95% das mortes, segundo dados do Butantan. Os resultados da pesquisa foram antecipados no domingo pela TV Globo.

“A vacina do Butantan é segura, eficaz, eficiente, de altíssima qualidade e contribui para prevenir o desenvolvimento da doença, complicações e óbitos entre os infectados. Agora também sabemos que ela provoca efeito benéfico em uma população inteira, protegendo tanto os vacinados quanto os não vacinados e reduzindo a circulação viral de forma expressiva”, afirmou o presidente do Butantan, Dimas Covas.

O presidente do Butantan aproveitou o anúncio dos dados da pesquisa em Serrana para garantir que não será necessário revacinar idosos que tenham tomado a CoronaVac, minimizando estudos divulgados recentemente que apontaram uma eventual efetividade da CoronaVac abaixo de 50% nas pessoas acima de 75 anos.

'Essas notícias que causaram alarme nos últimos dias não procedem, os estudos não tem poder suficiente para chegar a essa conclusão, muito longe disso. Os dados que existem nesse momento são que não há absolutamente necessidade disso, e os dados de Serrana vem confirmar esse ponto', disse.

De acordo com o Butantan, a vacinação em Serrana foi realizada na vigência da variante P.1 como a predominante, o que reforçou a efetividade da variante contra a linhagem do coronavírus originada em Manaus, que se tornou a principal do país desde o início do ano.

Os pesquisadores do Butantan também afirmaram que a vacinação não gerou qualquer seleção genéticas de novas variantes do coronavírus, o que era uma preocupação com o processo de vacinação em massa.

Serrana é cercada por cidades que ainda enfrentam aumento de casos de Covid. Ribeirão Preto, a 25 quilômetros, passa por uma quarentena rígida atualmente para tentar conter a disseminação da Covid-19.

Uma experiência semelhante está em andamento em Botucatu, também em São Paulo, sob coordenação do Ministério da Saúde. A expectativa é imunizar grande parte dos 148 mil habitantes com a vacina de Oxford/AstraZeneca.

Até o momento o Brasil vacinou 45 milhões de pessoas com a primeira dose, o equivalente a 21,5% da população, e 22 milhões com as duas doses, o que representa 10,4%. A CoronaVac é a vacina mais aplicada no país, sendo responsável por 63% de todas as doses, ante 34,6% da AstraZeneca e 2,5% da Pfizer.

O governador Doria disse que o Brasil inteiro poderia ter o mesmo resultado de Serrana no combate à Covid-19 não fosse o atraso no programa nacional de imunização.

(Reportagem adicional de Tatiana Bautzer, em São Paulo)

Reuters

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