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WIDER IMAGE-No Nordeste do país, Bolsonaro envereda por caminhos inesperados

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Por Nacho Doce

BARREIRINHAS, Maranhão (Reuters) - A casa de Crenilton Santos Ferreira e de sua mulher, Cláudia Adriana, fica no fim de uma estrada de terra no Estado do Maranhão, o mais pobre do Brasil.

Em 2014, os votos de 80 por cento dos maranhenses foram para o PT na eleição presidencial. Neste mês, reelegeram o governador Flávio Dino, do PCdoB, com quase 60 por cento dos votos.

No entanto, à medida que se aproxima o segundo turno das eleições presidenciais, neste domingo, Ferreira planeja votar no candidato do PSL, Jair Bolsonaro, um deputado de extrema-direita do distante Rio de Janeiro.

Apesar de um histórico de comentários ofensivos sobre mulheres e negros, o capitão da reserva do Exército está prestes a ganhar a disputa ao Planalto contra Fernando Haddad (PT) com sua retórica de lei e ordem, visões conservadoras e promessas de combater a corrupção na política.

'Meu voto é o Bolsonaro porque ele defende o valor da família, o valor cristão, defende a igualdade', disse Ferreira, pastor na cidade de Barreirinhas, no interior do Maranhão.

'Ele não defende uma bandeira, mas defende uma nacionalidade: o nosso povo brasileiro.'

O entusiasmo de Ferreira com Bolsonaro neste rincão do país, onde não chega sinal de celular ou televisão, atesta o apelo do parlamentar a uma gama de eleitores, até mesmo em lugares onde candidatos conservadores tinham pouca ou nenhuma força.

Em Barreirinhas, o capitão da reserva obteve 14,51 por cento dos votos, contra 74,97 por cento de Haddad.

Com o apoio de um pequeno partido e pouco tempo de propaganda na televisão no primeiro turno, Bolsonaro está a caminho de uma forte vitória, embora muitos analistas políticos descartassem suas chances há alguns meses.

A maneira como Ferreira defende Bolsonaro --em sua igreja e ao redor da cidade-- ressalta uma das muitas forças ocultas do candidato: a religião evangélica deu um exército de voluntários para a campanha do capitão da reserva.

ESQUERDA NÃO ARREDA O PÉ

No Maranhão, pastores evangélicos e suas igrejas deram uma abertura para Bolsonaro no que tradicionalmente seria um solo infértil para o candidato.

Enquanto é esperado que as Regiões Sul e Sudeste deem quase 80 por cento de seus votos para o parlamentar, grande parte do Norte e Nordeste do país ainda deve escolher o PT.

Muitos ainda alimentam um profunda gratidão pelos programas de assistência social que o PT expandiu, em especial durante os dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Questionados sobre a sentença de 12 anos de prisão que Lula está cumprindo por corrupção, parecem não se incomodar. Inicialmente candidato à Presidência da República, Lula foi impedido de disputar com base na Lei da Ficha Limpa. O atual candidato pelo PT, o ex-prefeito de São Paulo Haddad, mesmo desconhecido de muitos, herdou os votos.

'Pode ser no papai Lula, no candidato dele, no chefe que é sempre quem está nos ajudando', disse Maria das Luzes, de 54 anos e mãe de 10 crianças, quando perguntada sobre em quem votará.

Maria e seu marido, Raimundo Domingo Ferreira Pires, de 74 anos, vivem em Belágua, uma das cidade mais pobres do Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em Belágua, Haddad obteve 89,57 por cento dos votos, e Bolsonaro 5,87 por cento.

Maria recebe um total de cerca de 500 reais mensais de Bolsa Família, somados a outros 650 reais da aposentadoria de seu marido.

Esse dinheiro, segundo Pires, ajudou a família a comprar lápis, cadernos e roupas que as crianças precisam para ir à escola.

Até mesmo Ferreira, pastor apoiador de Bolsonaro, depende do benefício do Bolsa Família para fechar as contas no fim do mês.

Ele recebe 163 reais por mês do programa para sustentar seus dois filhos, complementando seu salário de 800 reais.

Entretanto, conversas com outros membros da igreja ajudaram a torná-lo totalmente contra o PT, que tem incomodado muitos evangélicos devido a seu apoio a direitos LGBT e educação sexual nas escolas.

Ferreira fala sobre política via satélite com Pedro Aldi Damasceno, um pastor de São Luís, capital do Maranhão, que não se intimida para falar de política no púlpito.

'Nós somos cristãos, defendemos com ardor e zelo o cristianismo real', disse Damasceno à Reuters.

'Não tem paz entre nós e o Haddad. É inimigo, é inimigo dos crentes.'

(Reportagem adicional de Laís Martins e Gram Slattery, em São Paulo)

Escrito por Thomson Reuters

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