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ANÁLISE-Cortes de impostos e subsídios nas passagens: como Massa virou a eleição na Argentina

Placeholder - loading - Ministro da Economia e candidato presidencial Sergio Massa em entrevista coletiva em Buenos Aires 23/01/2023 REUTERS/Agustin Marcarian
Ministro da Economia e candidato presidencial Sergio Massa em entrevista coletiva em Buenos Aires 23/01/2023 REUTERS/Agustin Marcarian

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Por Anna-Catherine Brigida

BUENOS AIRES (Reuters) - A virada política inesperada do ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, que venceu o primeiro turno da eleição presidencial apesar da pior crise econômica do país em décadas, foi construída com base em cortes de impostos e nas preocupações dos eleitores com o aumento das tarifas de ônibus e dos gastos médicos.

No domingo, o candidato peronista obteve cerca de 37% dos votos, à frente do libertário de extrema-direita Javier Milei, que recebeu 30%, em uma reversão surpreendente das expectativas pré-votação. O resultado deu um impulso a Massa para o segundo turno, em 19 de novembro.

A vitória de Massa ressalta como ele conseguiu tirar proveito dos temores de que as propostas radicais de Milei para consertar uma economia quebrada poderiam piorar as coisas para milhões de pessoas que dependem fortemente de subsídios estatais, apesar da raiva dos eleitores contra o atual governo.

Na semana que antecedeu a votação, foram mostrados aos passageiros dois preços de passagens de trens e ônibus: um 'preço Massa' mais baixo ou preços muito mais altos sem subsídios com seus adversários. A mídia local relatou campanhas semelhantes, embora mais informais, em alguns hospitais, e o ministro da Energia alertou que o preço do gás poderia dobrar sem os subsídios.

Massa também ampliou as isenções de imposto de renda para todos os trabalhadores no início deste mês, uma medida popular, embora com um custo significativo para os cofres estatais já esgotados e para as metas fiscais acordadas com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Milei, por sua vez, prometeu 'motosserrar' o status quo econômico e privatizar muitas entidades estatais, obtendo um forte apoio dos eleitores cansados de anos de má administração econômica, mas também assustando algumas pessoas com sua retórica frequentemente violenta em relação aos críticos.

'Para mim, era uma questão de tempo até que as pessoas percebessem que as propostas de Milei não faziam sentido', disse Amparo Anzaldi, de 20 anos, estudante em Buenos Aires. 'Não vai ser fácil tirar nossa educação ou saúde públicas'.

MOTOSSERRA' NOS BENEFÍCIOS SOCIAIS?

Milei falou sobre ser a favor da privatização de entidades estatais e do modelo público-privado do Chile, uma mudança brusca em relação aos benefícios sociais peronistas que criam uma rede de segurança para os menos favorecidos, mas que drenou os cofres do Estado.

'Muitos argentinos têm muito a perder com o desmantelamento do Estado de bem-estar social', disse Benjamin Gedan, diretor do Projeto Argentina do Wilson Center, acrescentando que as aparições de campanha de Milei empunhando uma motosserra para ilustrar seus planos de reduzir o tamanho do Estado podem ter saído pela culatra.

'Na outra ponta da motosserra que ele carrega em seus comícios estão os bolsos de milhões de argentinos', afirmou Gedan.

Massa, no entanto, carrega uma bagagem política pesada devido aos fracassos econômicos do atual governo ao longo dos anos, mesmo que seja mais centrista e não esteja intimamente ligado ao ícone esquerdista do movimento peronista, Cristina Kirchner.

Ana Monclus, uma estudante de 20 anos, disse estar cética em relação ao partido do governo que liderou o país durante sua atual situação econômica difícil, com taxas de câmbio múltiplas, dívidas crescentes e uma recessão iminente.

'A verdade é que não consigo acreditar que as pessoas continuem a eleger esse governo. Anos de corrupção, o dólar indo para o inferno, a inflação para o inferno e eles votam nas mesmas pessoas que estão lá agora', disse ela à Reuters.

(Reportagem de Anna-Catherine Brigida; Reportagem adicional de Candelaria Grimberg e Lucinda Elliott)

Escrito por Reuters

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