Após saída de pacto, Bolsonaro diz que Brasil vai estabelecer próprias regras para imigração
Após saída de pacto, Bolsonaro diz que Brasil vai estabelecer próprias regras para imigração
Thomson Reuters
09/01/2019
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira que o Brasil definirá 'por conta própria' as regras para controlar a imigração, em uma justificativa para a decisão do governo de abandonar o pacto migratório da Organização das Nações Unidas (ONU).
Em sua conta no Twitter, Bolsonaro afirmou que o Brasil não deixará de ajudar quem precisa, mas que a imigração não pode ser indiscriminada.
'É necessário critérios, buscando a melhor solução de acordo com a realidade de cada país. Se controlamos quem deixamos entrar em nossas casas, por que faríamos diferente com o nosso Brasil?', escreveu.
Em uma sequência de dois posts, Bolsonaro lembrou que a 'defesa da soberania nacional' foi uma das bandeiras de sua campanha e será prioridade do governo.
'Os brasileiros e os imigrantes que aqui vivem estarão mais seguros com as regras que definiremos por conta própria, sem pressão do exterior', justificou.
O Brasil se retirou na terça-feira do pacto migratório, de acordo com um diplomata do Itamaraty a par do assunto. [nL1N1Z81XE]
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse no mês passado, antes de Bolsonaro e dele próprio tomarem posse, que o novo governo tinha intenção de retirar o país do acordo assinado durante a gestão do ex-presidente Michel Temer.
Com um recorde de 21,3 milhões de refugiados em todo o mundo, a ONU começou a trabalhar no acordo não vinculante depois de mais de 1 milhão de pessoas chegarem à Europa em 2015, muitos fugindo da guerra na Síria e da fome na África.
Entre os pontos de destaque, afirma que a garantia de direitos humanos deve ser mantida independentemente da nacionalidade e restrições a imigração só devem ser adotadas em casos excepcionais.
Diplomatas questionam a decisão do governo de deixar o pacto, já que as normas servem, inclusive, para proteção dos brasileiros que vivem no exterior.
Todos os 193 membros da ONU, exceto os Estados Unidos, concordaram com o texto do pacto em julho, mas somente 164 --incluindo o Brasil-- o ratificaram formalmente.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)
Thomson Reuters

