Ataque aéreo em Gaza atingiu local onde desabrigados se reuniam para jogo de futebol, segundo testemunhas
Ataque aéreo em Gaza atingiu local onde desabrigados se reuniam para jogo de futebol, segundo testemunhas
Reuters
10/07/2024
Por Nidal al-Mughrabi e Hatem Khaled
CAIRO/GAZA (Reuters) - Um míssil israelense atingiu um acampamento de barracas no sul de Gaza na terça-feira, no momento em que os desabrigados se reuniam para assistir a uma partida de futebol em uma escola, disseram testemunhas nesta quarta-feira.
Pelo menos 29 pessoas, a maioria mulheres e crianças, foram mortas no ataque, de acordo com autoridades palestinas, que ocorreu enquanto os espectadores lotavam o pátio da escola em Abassan, a leste de Khan Younis, e vendedores ambulantes vendiam bebidas e biscoitos.
'Eles estavam assistindo a uma partida de futebol. Houve feridos e mártires. Eu testemunhei isso... pessoas jogadas de um lado para o outro e partes de corpos espalhadas, sangue', disse uma jovem, Ghazzal Nasser, à Reuters em Abassan.
'Tudo estava normal. As pessoas estavam brincando, outras estavam comprando e vendendo (alimentos e bebidas). Não havia som de aviões nem nada', afirmou ela.
Os militares israelenses disseram que estavam analisando os relatos de que civis foram feridos. O incidente ocorreu quando o Exército israelense atingiu com 'munição precisa' um combatente do Hamas que participou do ataque a Israel em 7 de outubro, que desencadeou a guerra.
Os militares não responderam imediatamente a um pedido de comentário sobre se sabiam que estava ocorrendo uma partida de futebol quando o ataque foi ordenado.
No Hospital Nasser, nas proximidades, dezenas de palestinos se despediram de entes queridos antes de funerais e enterros.
'As escolas estavam superlotadas de pessoas e a rua também estava cheia, de repente um míssil atingiu e destruiu todo o lugar', disse Asmaa Qudeih, que perdeu alguns parentes no ataque.
'Corpos voaram com o vento, partes de corpos voaram, não sei como descrever', declarou.
As forças israelenses continuaram a pressionar sua ofensiva no norte e no centro de Gaza nesta quarta-feira, e aprofundaram sua incursão em dois distritos da Cidade de Gaza. Os soldados realizaram buscas de casa em casa em algumas áreas e os tanques bombardearam várias casas, de acordo com os moradores.
O grupo militante Hamas disse que a campanha israelense renovada ameaça inviabilizar os esforços para garantir um cessar-fogo na guerra que já dura nove meses, com conversações a serem retomadas em Doha nesta quarta-feira.
Foram lançados folhetos sobre a Cidade de Gaza, desta vez com um mapa marcando 'rotas seguras' para a retirada de toda a cidade, e não apenas de alguns bairros. Os folhetos israelenses pedem que os civis sigam para o sul ao longo de duas rotas para o centro da Faixa de Gaza.
A cidade, que abrigava mais de um quarto da população de Gaza antes da guerra, foi destruída por ataque israelense nas primeiras semanas de combate no ano passado, mas acredita-se que centenas de milhares de habitantes de Gaza tenham retornado às ruínas nos últimos meses.
As forças israelenses patrulharam a estrada principal para o litoral, franco-atiradores ocuparam os telhados de alguns prédios altos que ainda estão de pé e tanques estavam estacionados dentro da sede da agência de refugiados palestinos da ONU, a UNRWA, disseram os moradores.
Os militares israelenses afirmaram em um comunicado que suas forças continuavam as operações na Cidade de Gaza contra militantes do Hamas e sua aliada Jihad Islâmica, que, segundo eles, operavam de dentro das instalações da UNRWA, usando-as como base para ataques.
'Depois que um corredor definido foi aberto para facilitar a retirada de civis da área, as tropas da IDF (forças de Israel) realizaram um ataque direcionado à estrutura, eliminaram os terroristas em combate corpo a corpo e localizaram grandes quantidades de armas na área', disseram os militares.
O Crescente Vermelho Palestino disse que recebeu dezenas de ligações desesperadas de moradores da Cidade de Gaza presos em suas casas, mas suas equipes não conseguiram chegar até eles devido à intensidade do bombardeio.
Reuters

