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Serra reforça disposição do BC de atuar no câmbio por 'overhedge', minimiza preocupação com inflação

Placeholder - loading - Homem mostra notas de dólares em casa de câmbio em Peshawar, Paquistão 03/12/2018 REUTERS/Fayaz Aziz
Homem mostra notas de dólares em casa de câmbio em Peshawar, Paquistão 03/12/2018 REUTERS/Fayaz Aziz

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Por Isabel Versiani e Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, afirmou nesta quarta-feira que a autoridade monetária está preparada para atuar no câmbio caso o mercado não seja capaz de absorver o volume elevado de recursos relacionados ao desmonte de posições de 'overhedge' dos bancos esperado para o término do ano.

Segundo Serra, o sistema financeiro já repatriou cerca de 20 bilhões de dólares em antecipação às mudanças de tributação da variação cambial de investimentos no exterior, que começarão a entrar em vigor no final deste ano, e há ainda cerca de 30 bilhões de dólares pendentes até essa data-limite. Desse total, 50% teriam de ser executados até 31 dezembro e o restante, até o final do ano que vem.

'O Banco Central nunca negou que esse volume de 15 bilhões de dólares aproximadamente para ser executado no último dia do ano é um volume bastante significativo. Pode ser que tenha um risco de o mercado não ter a capacidade, não ter profundidade, para digerir', disse Serra durante live do jornal Valor Econômico.

'Se a gente entender que o mercado não está sendo capaz de digerir esse volume, que isso está afetando o funcionamento do mercado, para preservar isso o Banco Central vai atuar, isso é natural, não é nenhuma surpresa', completou.

Nesse sentido, Serra esclareceu que, com o comunicado divulgado pelo BC há dois dias sobre a rolagem de contratos de swap cambial vincendos em janeiro de 2021, a autoridade monetária deixou claro que está disposta a 'eventualmente rolar um volume maior do que o vencimento total, dando liquidez para o mercado se isso for necessário'.

Ele afirmou que, diferentemente de outros mercados, o de câmbio não retomou o seu volume normal pré-pandemia e está com uma 'profundidade' menor. 'A gente vai acompanhar se quem precisa vender está encontrando a contraparte no mercado, não importa o preço'.

Questionado sobre o porquê de os bancos não terem antecipado a compra de dólares no mercado necessária ao desmonte das operações de 'overhedge', Serra notou que isso implicaria um risco cambial, uma vez que as mudanças nas regras tributárias só começam a entrar em vigor em 30 de dezembro.

'Uma atuação natural, se o Banco Central entender que é necessário, seria rolar os contratos de swap além do valor integral que vence.'

Serra, avaliou que a volatilidade do câmbio tem caído com a volta de estrangeiros ao mercado, movimento que, segundo ele, deve se acentuar após o desmonte de posições de 'overhedge' dos bancos.

A volatilidade implícita das opções de dólar/real para três meses caiu de cerca de 21% ao ano do fim de setembro para 16,7% no início de novembro, antes de voltar a subir e bater 18,7% dois dias atrás. Nesta quarta, essa medida estava em 17,4%, o que confere ao real o título de segunda moeda mais volátil entre os principais rivais emergentes, atrás apenas da lira turca.

INFLAÇÃO

Serra reforçou que a visão da autoridade monetária é de que a inflação é, sim, temporária, sinalizando que o repasse cambial aos preços tem sido ajudado por fatores que não necessariamente adentrarão 2021.

Ele destacou que, com a recomposição de renda como pano de fundo, houve direcionamento do consumo de serviços para o consumo de bens, facilitando o repasse do aumento de custo do câmbio para os preços na indústria e no varejo.

'A questão é: essa realidade que a gente observa hoje no setor de bens é a realidade que vai vigorar no início de 2021? Será que quando as pessoas voltarem a consumir serviços, voltarem a direcionar um pedaço da renda para serviços, aquele excesso de renda direcionado para bens vai seguir?', questionou ele, pontuando que os programas fiscais também serão encerrados ao fim deste ano.

O diretor reconheceu que há limitação de capacidade produtiva em alguns setores, especialmente para aqueles que interromperam suas atividades em meio à pandemia e tiveram dificuldades para voltar posteriormente, num momento de demanda mais forte. Mas ele frisou que essa situação também é temporária.

Serra afirmou ainda que há aproximação do IPCA do centro da meta de inflação em 2020, o que é sempre desejável, e que a inflação para 2021 voltou a caminhar na direção correta, embora 'ainda longe e distante do centro da meta'. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) é a referência para o regime de metas de inflação seguido pelo Banco Central.

A meta de inflação deste ano é de 4% e a de 2021, 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos nos dois casos. No acumulado em 12 meses até outubro, o IPCA ficou em 3,92%.

MENOR PREOCUPAÇÃO COM ESTABILIDADE FINANCEIRA

Sobre as mudanças de atuação nos mercados de títulos anunciadas de forma conjunta pelo Banco Central e o Tesouro Nacional no início de outubro, Serra disse considerar que elas foram bem-sucedidas.

Segundo o diretor, a avaliação é que, com a limitação da emissão de compromissadas de 45 dias pelo BC, cerca de 50% dos recursos que tiveram que deixar esses ativos migraram para a compra de títulos públicos, em um total de cerca de 260 bilhões de reais.

'Acho que funcionou, o mercado se estabilizou. Não tem uma reversão, o que vai reverter isso vai ser o fiscal, não vai ser nenhuma medida do Banco Central', afirmou.

Ele destacou que está havendo uma desaceleração da fuga dos fundos. 'Desse ponto de vista, as preocupações de estabilidade financeira estão menores do que no início de outubro', afirmou.

Escrito por Reuters

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