Bolsonaro pede que PGR procure conversar se governo estiver em caminho 'não muito certo'
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Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro fez um apelo nesta quarta-feira ao novo procurador-geral da República, Augusto Aras, para que procure o governo para conversar caso este esteja em um 'caminho não muito certo'.
Na cerimônia comemorativa de posse de Aras na PGR --a posse oficial aconteceu no Palácio do Planalto na semana passada--, Bolsonaro ressaltou a independência do Ministério Público, mas disse que é mais fácil corrigir rumos do que aplicar sanções depois.
'Um apelo que faço é que é importante investigar, cumprir a lei, mas, por muitas vezes, se nós estivermos em um caminho não muito certo, estamos fazendo aquilo não muito certo, nos procure para corrigir. Corrigir é muito melhor do que uma possível sanção lá na frente', disse Bolsonaro.
O presidente já fez críticas diversas vezes à atuação do Ministério Público, e chegou a dizer que 'em tudo o MP se mete' e muitas vezes paralisa obras importantes para o desenvolvimento do país. Em outra ocasião, comentou que os procuradores seriam focados demais no combate à corrupção.
Apesar das críticas, Bolsonaro afirmou que o MP tem ajudado o país com independência e altivez e, ao comparar novamente os Poderes com um jogo de xadrez, disse que ele seria o rei; Aras, a rainha; os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), as torres; e o presidente do STF, Dias Toffoli, o cavalo.
'Neste jogo de xadrez, a independência que as peças têm que ter para trabalhar é a garantia no sucesso do cumprimento da missão', afirmou.
Em seu discurso de posse, o novo procurador elogiou a 'sensibilidade política' do presidente, que disse apontar como 'prioridade o combate intransigente à corrupção'.
'Não há poder de Estado que esteja imune à ação do Ministério Público', afirmou.
O novo procurador defendeu ainda que o MP seja atuante, mas responsável, dentro do espírito da Constituição
Ao elogiar a operação Lava Jato, Aras citou o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, e outros que atuam nas operações como magistrados 'que serão sempre lembrados pela coragem'.
'A PGR vai procurar com mais ênfase o enfrentamento e o combate à macro e à micro criminalidade, e com esse compromisso eu conto com um corpo técnico de colegas. Todos nós do MP brasileiro estamos com essa disposição de contribuir para que o país seja elevado ao status que merece, ao status do desenvolvimento social, com todos os valores, direitos e garantias fundamentais, respeito ao meio ambiente e às minorias”', afirmou.
Escrito por Reuters
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