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Butantan diz que CoronaVac previne 100% de casos graves de Covid e pedirá uso emergencial até 6ª

Placeholder - loading - Médica recebe dose da CoronaVac durante fase de testes, em São Paulo 11/12/2020 REUTERS/Amanda Perobelli
Médica recebe dose da CoronaVac durante fase de testes, em São Paulo 11/12/2020 REUTERS/Amanda Perobelli

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Por Eduardo Simões

SÃO PAULO (Reuters) - A CoronaVac, potencial vacina contra a Covid-19 do laboratório chinês Sinovac, tem eficácia de 100% na prevenção de casos graves da doença tanto em jovens quanto em idosos, informou nesta quinta-feira o Instituto Butantan, responsável pelos testes clínicos com a vacina no Brasil, que disse ainda que formalizará até sexta o pedido de uso emergencial da vacina.

Os resultados dos testes clínicos em Fase 3 com a vacina foram anunciados em entrevista coletiva na sede do instituto, na zona oeste de São Paulo. A CoronaVac teve eficácia geral de 78% contra a Covid-19, de acordo com os números apresentados, e de 100% para evitar casos graves, moderados e internações hospitalares causadas pela doença, que já matou quase 200 mil pessoas no Brasil, segundo país com maior número de mortos pelo coronavírus, atrás apenas dos Estados Unidos.

'A vacina protegeu 100% com relação a casos graves de Covid-19. Não só, protegeu também 100% contra casos moderados de Covid-19', disse o presidente do Butantan, Dimas Covas, na entrevista.

'A internação hospitalar foi evitada. Nenhum voluntário que recebeu a vacina foi internado, 100% de eficácia. A pessoa pode até se infectar, mas nós queremos que essa pessoa não progrida com essa doença, que essa pessoa não fique mais grave e que essa pessoa não tenha que ir para o hospital e fique internada.'

Covas lembrou que o estudo clínico da CoronaVac, feito com 12.476 profissionais de saúde até o momento, incluiu pessoas idosas e que, com isso, é possível afirmar que a vacina mostrou-se 100% eficaz também na prevenção de casos graves de Covid-19 em idosos. Não foi informada a proporção de idosos no estudo.

'A eficácia para proteção contra casos graves se aplica tanto aos mais jovens como aos idosos. Não há nesse momento nenhuma diferença observada', disse o presidente do Butantan.

O instituto já havia informado que a CoronaVac mostrou-se segura durante os testes, sem provocar efeitos colaterais graves. De acordo com o Butantan, a vacina provocou apenas, e somente em alguns casos, efeitos leves e esperados em qualquer vacinação, como febre baixa e dor no local da aplicação.

Covas afirmou ainda que representantes do Butantan fizeram uma reunião inicial com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nesta quinta como parte de um protocolo para a apresentação do pedido para uso emergencial da vacina junto à agência. Ele espera que o pedido seja formalizado até a sexta-feira e a Anvisa informou que fará uma nova reunião com o Butantan às 18h desta quinta.

Uma vez apresentado o pedido para uso emergencial, a Anvisa afirma que o analisará em 10 dias.

Já o pedido de registro definitivo do imunizante deverá ser feito pela Sinovac, na China, e, com isso, em conjunto entre o laboratório chinês e o Butantan no Brasil. Não foi dado um prazo para o pedido definitivo.

Na avaliação de Cristina Bonorino, integrante do Comitê Científico da Sociedade Brasileira de Imunologia, seria importante ter acesso aos dados do estudo clínico em detalhe. Ela disse, ao mesmo tempo, que, confirmados os dados anunciados, trata-se de um resultado 'excelente'.

'Eu acho que o mais importante é que a gente confirme se são realmente esses os dados. Uma coisa são os dados apresentados na entrevista, outra coisa é quando a gente pega os dados e reanalisa eles, porque é isso que o comitê da Anvisa faz', disse.

'Se é isso mesmo, é um excelente resultado. E não tem que comparar esses 78% com a vacina da Pfizer, porque a gente não tem a vacina da Pfizer, essa é a única que a gente tem, então está maravilhoso', disse em referência à vacina desenvolvida em parceria entre a norte-americana Pfizer e a alemã BioNTech, que apresentou eficácia de 95%.

Indagado durante a coletiva sobre dados mais detalhados do estudo clínico com a CoronaVac, Covas afirmou que o relatório com os resultados será entregue à Anvisa e publicado em revistas científicas, mas que não iria detalhá-los na entrevista.

Ele afirmou, no entanto, que dos voluntários do estudo, 218 contraíram Covid-19 e, desse total, 'cento e sessenta e alguma coisa' tomaram placebo e 'pouco menos de 60' receberam a vacina.

INTERVALO ENTRE DOSES

Covas explicou que o plano inicial de vacinação definido pelas autoridades de saúde de São Paulo prevê um intervalo de 14 dias entre as aplicações da primeira e da segunda doses da CoronaVac, mas que as autoridades de saúde estudam ampliar o intervalo para 28 dias para aumentar a cobertura inicial de vacinação na população. Segundo ele, o intervalo previsto pode variar entre esses dois prazos.

Ele defendeu ainda que a vacinação comece rapidamente.

'É uma excelente vacina para o momento. Precisamos que ela chegue ao braço das pessoas. Precisamos que ela seja aplicada nos profissionais de saúde e nos idosos, na primeira fase do programa, o mais rapidamente', disse.

O Butantan já tem em solo brasileiro 10,8 milhões de doses da CoronaVac. A expectativa do instituto é chegar a 46 milhões de doses até meados de fevereiro e 100 milhões em maio.

Também presente na entrevista coletiva, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), reiterou que a vacinação com a CoronaVac começará no Estado no dia 25 de janeiro.

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em pronunciamento na quarta-feira em rede nacional de rádio e TV, citou a CoronaVac entre os imunizantes que estarão no Programa Nacional de Imunização e previu o início da vacinação para este mês.

A CoronaVac tem sido nos últimos meses o cerne de uma disputa política entre Doria e o presidente Jair Bolsonaro.

De um lado o governador paulista tem na vacina um trunfo em uma possível candidatura á Presidência em 2022 e aproveita as frequentes entrevistas para criticar a forma como Bolsonaro lida com a pandemia.

Do outro, Bolsonaro, que minimiza a Covid-19 e já afirmou que não se vacinará contra a doença --que tanto ele como Doria já contraíram--, criticou recentemente a vacina da Sinovac, afirmando que ela não transmitiria segurança à população por ter origem na China.

OUTRAS VACINAS

Dois imunizantes que já apresentaram resultados de testes em Fase 3 registraram uma eficácia superior à registrada pela CoronaVac nos testes feitos no Brasil.

A vacina desenvolvida em conjunto entre a norte-americana Pfizer e a alemã BioNTech mostrou eficácia de 95% nos estudos de Fase 3 e já está sendo aplicada em países como Estados Unidos, Canadá e Reino Unido.

O imunizante da Moderna indicou ser 94% eficaz na prevenção da doença.

Já a vacina da AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, no Reino Unido, mostrou eficácia média de 70,4%, em uma análise combinada de dados preliminares de estudos de estágio final.

Durante a coletiva desta quinta, Covas afirmou que o fato de a CoronaVac ter sido testada somente em profissionais de saúde que atuam na linha de frente do combate à Covid-19 faz dela a vacina que, nas palavras do presidente do Butantan, passou 'pela prova mais dura no mundo' para um imunizante contra o coronavírus.

A CoronaVac usa a tecnologia de vírus inativado --em que um vírus morto ou pedaços do vírus são injetados na pessoa para provocar uma resposta imune. Esse modelo de vacina já é fabricado pelo Butantan para a prevenção de outras doenças.

As vacinas Pfizer/BioNTech e da Moderna usam a tecnologia de RNA mensageiro, ao passo que o imunizante AstraZeneca/Oxford usa o mecanismo de vetor viral, em que um adenovírus incapaz de causar infecção em humanos é geneticamente alterado para incluir pedaços do coronavírus e gerar uma resposta imune.

O governo federal tem um acordo para a compra, transferência de tecnologia e futura produção local da vacina da AstraZeneca. O Ministério da Saúde mantém tratativas para compra de doses da vacina da Pfizer.

No caso da CoronaVac, o acordo do Butantan prevê também a transferência de tecnologia para a produção integral da CoronaVac no Brasil em uma nova fábrica do instituto cuja previsão de conclusão é setembro de 2021.

(Reportagem adicional de Ricardo Brito, em Brasília)

Escrito por Reuters

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