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Caberá a Anvisa e Butantan desfazer temores de interferência política na vacina, diz ex-presidente da agência

Placeholder - loading - FILE PHOTO: A box of China's Sinovac, a potential vaccine against the coronavirus disease (COVID-19), is held during a news conference at Instituto Butantan in Sao Paulo, Brazil November 9, 2020. REUT
FILE PHOTO: A box of China's Sinovac, a potential vaccine against the coronavirus disease (COVID-19), is held during a news conference at Instituto Butantan in Sao Paulo, Brazil November 9, 2020. REUT

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Por Eduardo Simões

SÃO PAULO (Reuters) - Caberá à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e ao Butantan acalmar os ânimos em torno da CoronaVac, potencial vacina contra Covid-19 da chinesa Sinovac que está sendo testada no país pelo instituto ligado ao governo paulista, após a agência autorizar nesta quarta-feira a retomada dos testes com o imunizante, disse à Reuters o ex-presidente da Anvisa Gonzalo Vecina Neto.

Após a Anvisa anunciar na noite de segunda a interrupção dos testes com a CoronaVac, a terça-feira foi marcada por temores de interferência política no tema da vacina, após a comemoração do presidente Jair Bolsonaro pelo revés enfrentado pelo imunizante promovido por seu desafeto João Doria, além de uma troca dura de palavras entre o Butantan e a agência reguladora.

Para Vecina, a decisão da Anvisa na manhã desta quarta de autorizar a retomada dos teses tranquiliza os temores neste sentido, mas não garante que a temperatura irá baixar.

'Eu acho que tranquiliza bastante, e segue o barco. Agora, com certeza Bolsonaro e Doria vão continuar jogando gasolina nessa fogueira, eu não tenho dúvida nenhuma', disse ele, que atuou na Anvisa de 1999, logo após sua fundação, até 2003.

'O que eu espero é que a Anvisa saiba controlar esse fogo e que o Dimas (Covas) seja o presidente do Instituto Butantan, e não o subordinado do governador Doria', afirmou.

A decisão da Anvisa de interromper os testes com a potencial vacina chinesa foi tomada, de acordo com a agência, por causa de um evento adverso grave em um voluntário. Já na segunda-feira, pouco após o anúncio da Anvisa, Dimas Covas, presidente do Butantan, disse que o evento era a morte de um voluntário não relacionada com a vacina.

Posteriormente, a Secretaria de Segurança Púbica do Estado de São Paulo disse que a morte do voluntário é investigada como suicídio.

Na terça, a Anvisa decidiu manter a paralisação, alegando não ter recebido informações completas do Butantan, incluindo a causa da morte do voluntário. O instituto, por sua vez, reclamou que a agência não entrou em contato em busca de esclarecimentos antes de determinar a interrupção do estudo, como fez, por exemplo, a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), que decidiu a favor da continuidade dos testes apesar da morte.

Para Vecina, o episódio teve falhas de comunicação de ambos os lados e o problema foi potencializado pela relação já atribulada entre Butantan e Anvisa.

'A causa mortis não é um detalhe. A causa mortis é a coisa mais importante que existe neste caso... A agência tratou o Butantan, como diz no ditado, 'aos inimigos, a lei', e assim foi. Então não houve diálogo, Não havendo diálogo, sobra espaço para o formal, e o formal é demorado.'

Na avaliação de Vecina, o Butantan poderia ter enviado informações mais detalhadas e a Anvisa também poderia ter buscado esclarecimentos. O clima de animosidade, no entanto, atrapalhou.

'Poderia ter havido (diálogo), se as duas instituições não estivessem deste jeito', disse. 'Eu acho que quando chegamos a este ponto, não assiste a razão a ninguém.'

Butantan e Anvisa já entraram em outros atritos, mais leves do que o desta semana, por causa da CoronaVac quando, por exemplo, o instituto reclamou publicamente de um suposto atraso na autorização pela agência da importação de doses prontas da CoronaVac e de insumos para formulação e envase da vacina pelo Butantan.

Na terça, claramente irritado em entrevista coletiva, o presidente do Butantan disse que a decisão da Anvisa causava indignação, e autoridades de saúde do Estado de São Paulo a classificaram como injusta, cobraram ética e lisura do órgão regulador e pediram respeito aos médicos e cientistas envolvidos no estudo.

Em Brasília, também em uma coletiva de imprensa, o presidente da Anvisa, Antônio Barra, e diretores da agência rechaçaram a possibilidade politização da agência e também pediram respeito ao trabalho técnico realizado pelo órgão regulador.

Com os ânimos acirrados, Vecina diz ser impossível prever o que acontecerá daqui para frente, conforme os testes com a CoronaVac avançam até o ponto de o imunizante ter seu pedido de registro analisado pela Anvisa.

'Pode ser qualquer uma das duas coisas. Ou isso sirva para aplainar, ou isso sirva para ter subido o nível da desgraça', avaliou.

'Temos que esperar a próxima, porque certamente vai ter mais alguma bobagem. Ou a importação de alguma coisa, ou a questão do controle de qualidade, a visita da Anvisa à fábrica que tem que ser feita. Tem bastante problema para acontecer ainda para frente.'

(Edição de Pedro Fonseca)

Escrito por Reuters

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