Capa do Álbum: Antena 1
A Rádio Online mais ouvida do Brasil
Antena 1

Centenas de funcionários da ONU pressionam chefe de direitos humanos a chamar Gaza de genocídio, mostra carta

Centenas de funcionários da ONU pressionam chefe de direitos humanos a chamar Gaza de genocídio, mostra carta

Reuters

28/08/2025

Placeholder - loading - Palestinos durante funeral na Cidade de Gaza  28/8/2025    REUTERS/Mahmoud Issa
Palestinos durante funeral na Cidade de Gaza 28/8/2025 REUTERS/Mahmoud Issa

Por Emma Farge

GENEBRA (Reuters) - Centenas de funcionários da ONU no Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos (ACNUDH) pediram a Volker Turk que descreva explicitamente a guerra de Gaza como um genocídio em andamento, de acordo com uma carta vista pela Reuters.

A carta enviada na quarta-feira afirma que os funcionários consideram que os critérios legais para genocídio na guerra de quase dois anos entre Israel e Hamas em Gaza foram atendidos, citando escala, escopo e natureza das violações documentadas lá.

'O ACNUDH tem uma forte responsabilidade legal e moral de denunciar atos de genocídio', diz a carta assinada pelo Comitê de Funcionários em nome de mais de 500 funcionários. 'Deixar de denunciar um genocídio em andamento prejudica a credibilidade da ONU e do próprio sistema de direitos humanos', acrescentou.

O documento citou a percepção do fracasso moral do órgão internacional por não ter feito mais para impedir o genocídio de 1994 em Ruanda, que matou mais de 1 milhão de pessoas.

Não houve resposta imediata do Ministério das Relações Exteriores de Israel. Israel já havia rejeitado acusações de genocídio em Gaza, citando seu direito de autodefesa após o ataque mortal do Hamas em 7 de outubro de 2023, que matou 1.200 pessoas e resultou em 251 reféns, de acordo com dados israelenses.

A guerra subsequente em Gaza matou quase 63.000 pessoas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, enquanto um monitor global de fome afirma que parte da população está sofrendo de fome.

Alguns grupos de direitos, como a Anistia Internacional, já acusaram Israel de cometer genocídio e uma especialista independente da ONU, Francesca Albanese, também usou o termo, mas não a própria ONU.

No passado, autoridades da ONU disseram que cabe aos tribunais internacionais determinar o genocídio.

Em 2023, a África do Sul apresentou um processo de genocídio sobre as ações de Israel em Gaza à Corte Internacional de Justiça, mas o caso ainda não foi julgado por seus méritos -- um processo que pode levar anos.

'A situação em Gaza nos abalou a todos até o âmago', disse a porta-voz do ACNUDH Ravina Shamdasani, citando as circunstâncias difíceis enfrentadas pelo escritório ao tentar documentar os fatos e dar o alarme. 'Houve e continuará havendo discussões internas sobre como seguir em frente', afirmou ela em referência à carta.

Turk, que tem condenado repetidamente as ações de Israel em Gaza e alertou sobre o risco crescente de crimes de atrocidade, disse que a carta levantou preocupações importantes.

'Sei que todos nós compartilhamos o sentimento de indignação moral com os horrores que estamos testemunhando, bem como a frustração diante da incapacidade da comunidade internacional de pôr fim a essa situação', disse ele em uma cópia de sua resposta vista pela Reuters, pedindo aos funcionários que 'permaneçam unidos como um Escritório diante de tal adversidade'.

(Reportagem adicional de Alexander Cornwell em Jerusalém)

Reuters

Compartilhar matéria

Mais lidas da semana

 

Carregando, aguarde...

Este site usa cookies para garantir que você tenha a melhor experiência.