Chefe de ajuda da ONU exige provas após Israel acusar funcionários de ligações com o Hamas
Chefe de ajuda da ONU exige provas após Israel acusar funcionários de ligações com o Hamas
Reuters
25/07/2025
Por Michelle Nichols
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - O chefe de ajuda das Nações Unidas, Tom Fletcher, exigiu que Israel forneça provas de suas acusações de que funcionários do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) seriam afiliados aos militantes palestinos do Hamas, mostrou uma carta vista pela Reuters nesta sexta-feira.
Em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU na quarta-feira, o embaixador israelense na ONU, Danny Danon, declarou que Fletcher e o OCHA não eram mais neutros e que centenas de funcionários do escritório passariam por uma verificação de segurança. Israel também deve restringir os vistos da OCHA a um mês, segundo o embaixador.
'Israel descobriu evidências claras de afiliação ao Hamas nas fileiras da OCHA', disse Danon ao conselho de 15 membros, sem fornecer provas.
Em uma carta ao Conselho de Segurança na quinta-feira, Fletcher disse que os comentários de Danon marcam a primeira vez em que tal preocupação foi levantada. Também afirmou que as acusações eram 'extremamente sérias e têm implicações de segurança para nossa equipe'.
'Espero que as autoridades israelenses compartilhem imediatamente com o conselho qualquer evidência que as tenha levado a fazer tais afirmações', defendeu Fletcher.
Ele observou que, em todo o mundo, a OCHA se envolve com todas as partes envolvidas em conflitos armados para garantir o acesso humanitário, pressionar pela proteção de civis e promover o respeito aos princípios humanitários.'Como as autoridades israelenses sabem, nossos contatos com o Hamas também apoiaram a libertação de reféns', acrescentou.
Danon declarou que Israel tem o compromisso de ajudar os civis e levar ajuda aos necessitados, mas alertou que “não trabalharemos com organizações que escolheram a política em vez dos princípios'.
A atual guerra em Gaza foi desencadeada em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas matou 1.200 pessoas no sul de Israel e fez cerca de 250 reféns, de acordo com registros israelenses. Desde então, a campanha militar de Israel matou quase 60.000 palestinos, segundo autoridades de saúde de Gaza, e reduziu grande parte do enclave a ruínas.
'Devemos exigir que todas as partes cumpram as normas do direito internacional nesse conflito', escreveu Fletcher na carta. 'Não podemos escolher entre exigir o fim da fome dos civis em Gaza e exigir a libertação incondicional de todos os reféns.'
Israel, que controla a entrada de todos os suprimentos em Gaza, nega responsabilidade pela escassez de alimentos.
(Reportagem de Michelle Nichols)
Reuters

