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Chegada do coronavírus deixa favelas do Rio em alerta e até crime organizado entra no combate

Placeholder - loading - Maria das Neves, de 76 anos, moradora do Complexo do Alemão 22/03/2020 REUTERS/Ricardo Moraes
Maria das Neves, de 76 anos, moradora do Complexo do Alemão 22/03/2020 REUTERS/Ricardo Moraes

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Por Ricardo Moraes e Debora Moreira e Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Os bailes funk foram proibidos e o comércio tem que fechar as portas mais cedo. Na luta contra o coronavírus, o tráfico e as milícias impuseram toques de recolher nas favelas do Rio de Janeiro, onde há uma grande preocupação com a disseminação da doença diante da falta de condições adequadas de higiene e da dificuldade de se manter em isolamento.

Na Cidade de Deus, comunidade da zona oeste do Rio onde moram quase 40 mil pessoas, foi registrado no fim de semana o primeiro caso de Covid-19 em uma favela da cidade. Outros 60 casos são considerados suspeitos em comunidades do Rio, que têm população de quase 2 milhões de pessoas.

Moradores de diferentes comunidades relataram, sob condição de anonimato devido à sua segurança, que tanto o tráfico de drogas quanto milícias impuseram medidas restritivas para diminuir a circulação de pessoas de forma a combater a disseminação do vírus.

À medida que o coronavírus avança pelo Brasil, com 46 mortes e 2.201 casos confirmados no país até terça-feira, a preocupação nas favelas é agravada devido à falta de saneamento básico e abastecimento de água, além do grande número de pessoas morando em casas pequenas, muitas vezes com um cômodo e sem circulação de ar.

'Às vezes, nem água a gente tem para lavar a mão corretamente”, disse à Reuters Jefferson Maia, de 27 anos, morador da Cidade de Deus. 'Ter casos próximos acaba sendo preocupante, porque a Cidade de Deus é grande, mas, ao mesmo tempo, é pequena. Se todo mundo se esbarra e todo mundo tem contato, as pessoas acabam ficam preocupadas”.

Thamiris Deveza, médica da família que trabalha no Complexo do Alemão, disse que moradores reclamam há cerca de 15 dias sobre a falta de água em suas casas, o que dificuldade ainda mais seguir as orientações sanitárias de lavar sempre as mãos e se proteger do vírus altamente contagioso.

“Vivenciei também pessoas levando copo para a unidade de saúde para poder encher de álcool em gel, porque a maioria das farmácias já não tem e, quando tem, o preço é super elevado”, acrescentou.

O Rio de Janeiro é o segundo Estado com mais casos confirmados de coronavírus no Brasil, com 305, atrás apenas de São Paulo (810), segundo dados desta terça. O Estado já confirmou seis mortes em decorrência do Covid-19.

O governador Wilson Witzel alertou na sexta-feira que o sistema de saúde do Estado pode entrar em colapso em 15 dias.

O prefeito da capital, Marcelo Crivella, anunciou que serão distribuídos galões d´água e barras de sabão nas comunidades, e que idosos com problemas de saúde serão realocados para hotéis. Segundo ele, a prefeitura já possui 400 quartos à disposição.

'Os que correm mais risco precisam ser preservados o quanto mais cedo”, disse Crivella.

A partir desta terça-feira, a companhia de limpeza urbana do Rio, a Comlurb, inicia uma grande faxina na cidade com jatos d´água e detergente para limpar áreas de grande circulação de pessoas, como estações de ônibus, trem, metrô e as proximidades dos hospitais da cidade.

Mas, apesar dos esforços, as comunidades mais pobres ainda representam um enorme desafio para a saúde pública, em meio à pandemia do coronavírus, disse Edimilson Migowski, infectologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

'A entrada do coronavírus em áreas adensadas, menos planejadas e menos assistidas pode ser algo devastador', disse ele à Reuters. 'Onde falta água, sabão e detergente vai ser difícil de segurar a propagação', acrescentou.

(Reportagem adicional de Gabriel Stargardter)

Escrito por Reuters

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