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ANÁLISE-Consumo ajuda economia no fim de 2020 mas incerteza é palavra de ordem agora

Placeholder - loading - Pessoas caminham em rua de comércio popular do Rio de Janeiro antes do Natal, em meio à pandemia da Covid-19 23/12/2020 REUTERS/Pilar Olivares
Pessoas caminham em rua de comércio popular do Rio de Janeiro antes do Natal, em meio à pandemia da Covid-19 23/12/2020 REUTERS/Pilar Olivares

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Por Camila Moreira

SÃO PAULO (Reuters) - O consumo ajudou a economia brasileira no final do ano passado e o desempenho da atividade no quarto trimestre mostrou-se firme, mas o Brasil inicia 2021 com um rol de incertezas que vai da questão fiscal à piora expressiva da pandemia e ao cenário externo.

No quarto trimestre, o Produto Interno Bruto do Brasil apresentou expansão de 3,2% sobre os três meses anteriores, contra expectativa em pesquisa da Reuters de crescimento de 2,8%, depois de uma expansão recorde de 7,7% no terceiro trimestre. Em 2020 como um todo a economia contraiu 4,1%.

Um dos destaques para esse resultado foi a alta de 3,4% do Consumo das Famílias em relação ao terceiro trimestre. Sob a ótica da oferta, o setor de Serviços, mais afetado pelas medidas de isolamento devido à pandemia, cresceu 2,7% no período, enquanto a indústria expandiu 1,9%.

'Foi um momento da retomada em que ainda tinha consumo forte e a indústria recompondo os estoques, dois motores firmes. Mas diz muito pouco do PIB deste ano, as coisas mudaram bem', avaliou o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale.

Incerteza é a palavra de ordem para 2021. O ponto mais alarmante é a piora expressiva da pandemia de Covid-19, o que deixa em dúvida o andamento da atividade sob a sombra de endurecimento das restrições, esgotamento do sistema de saúde e recordes de mortes.

O Brasil registrou na terça-feira 1.641 novas mortes em decorrência da Covid-19, recorde para um único dia desde o início da pandemia, elevando o total de vítimas fatais da doença no país a 257.361.

O recrudescimento da doença ajuda a colocar o cenário para o consumo também em dúvida, em meio a uma melhora muito lenta do mercado de trabalho e ao fim, no ano passado, do auxílio emergencial fornecido pelo governo aos vulneráveis.

'Ainda que volte o auxílio agora, o nível de renda agregado da população vai ser substancialmente mais baixo do que no segundo semestre, o que vai se refletir no consumo', completou Megale.

A PEC Emergencial, que abre caminho para o pagamento de novas parcelas do auxílio e propõe gatilhos para ajuste de gastos, tem votação prevista para esta quarta-feira. Novo parecer, oficialmente protocolado e lido em plenário na véspera, traz uma versão mais desidratada da proposta do governo, de forma a facilitar sua votação. A PEC não traz valores ou prazos da renda assistencial, mas o governo já adiantou que calcula um repasse de 250 reais por 4 meses.

Completam a tempestade perfeita do início de 2021, nas palavras do economista do BV Carlos Lopes, o cenário externo e a fragilidade fiscal, que envolve também a renovação do auxílio.

Há meses o agravamento da situação fiscal brasileira tem sido motivo de preocupação para os mercados, em meio a temores de que, num cenário de endividamento recorde, os gastos do governo no combate à crise decorrente da pandemia não sejam compensados com medidas de austeridade.

O próprio Ministério da Economia pontuou após a divulgação dos dados do PIB que as incertezas econômicas continuam elevadas, mas que a consolidação fiscal e a continuidade das reformas estão entre os pontos mais importantes para um primeiro trimestre considerado 'desafiador'.

'Somam-se vários fatores locais, que têm uma única raiz, que é a fragilidade fiscal em que o país se encontra. E todos os ruídos políticos de troca de comando em estatais, redução de impostos, tudo isso envolve uma situação fiscal delicada, todo o medo do mercado está em cima disso', disse Lopes.

O cenário externo vem se mostrando como fator de pressão sobre ativos de risco. A recente alta dos rendimentos de títulos governamentais, principalmente dos Estados Unidos, foi um dos fatores para a forte alta do dólar, que está acima de 5,70 reais. Ainda preocupa a perspectiva de alta global da inflação com juros mais altos no mundo.

'A alta de juros lá fora pressiona o Brasil a subir os juros também, principalmente com o mercado cheio de dúvidas sobre o fiscal. Uma economia global forte ajuda o Brasil a crescer, mas torna mais necessário que o Brasil suba juros. Mas acho difícil o Brasil entrar em recessão no primeiro semestre com o mundo crescendo forte', avaliou o economista do Itaú Unibanco Luka Barbosa.

No Brasil, o Banco Central já indica claramente alta dos juros e a volatilidade dos mercados pode afetar a confiança no país.

CARREGAMENTO

As expectativas para o crescimento da economia neste ano giram entre 3% e 4% -- a pesquisa Focus realizada semanalmente pelo BC mostram que a mediana da expectativa do mercado é de expansão de 3,29%, enquanto a projeção oficial do Ministério da Economia é de crescimento de 3,2% do PIB.

Mas especialistas alertam que esse não seria um resultado tão forte quanto parece, devido ao carregamento estatístico. Se o PIB tiver crescimento zero na média de todos os trimestres de 2021, o crescimento no ano já seria de 3,6%. Para ficar abaixo disso, seria necessário uma queda do PIB.

'Para ficar acima de 4% depende da vacinação. Se evoluir de forma célere e eficaz, o cenário pode ser mais benigno', disse Barbosa.

Escrito por Reuters

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