Dólar sobe no Brasil com fluxo de moeda para exterior e pesquisa favorável a Lula
Dólar sobe no Brasil com fluxo de moeda para exterior e pesquisa favorável a Lula
Reuters
16/12/2025
Atualizada em 16/12/2025
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO, 16 Dez (Reuters) - O dólar fechou a terça-feira em alta firme ante o real, na contramão do recuo da moeda norte-americana ante outras divisas, em meio ao fluxo de recursos para o exterior neste fim de ano e a uma nova pesquisa eleitoral indicando vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em todos os cenários para 2026.
O dólar à vista fechou o dia em alta de 0,78%, aos R$5,4640. No ano, porém, a moeda acumula baixa de 11,57%.
Às 17h03, o contrato de dólar futuro para janeiro - atualmente o mais líquido no Brasil - subia 0,88% na B3, aos R$5,4800.
A moeda norte-americana oscilou em alta ante o real durante praticamente toda a sessão, impulsionada desde cedo pelas tradicionais remessas de recursos ao exterior no fim de ano, feitas por empresas e fundos, conforme profissionais ouvidos pela Reuters.
O movimento se intensificou ainda durante a manhã, em meio às especulações no mercado de que a pesquisa Genial/Quaest mostraria Lula bem colocado na disputa em relação a seus adversários de direita.
Em um dos cenários estimulados do levantamento, divulgado no início da tarde, Lula obteve 41% das intenções de voto para presidente, com o senador Flávio Bolsonaro (PL) com 23% e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com 10%.
Em um cenário sem Tarcísio, Lula tem 39%, Flávio soma 23% e o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), aparece com 13%. Lula venceria uma eventual disputa em segundo turno contra todos os candidatos mais competitivos. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) não foi incluída no levantamento, cuja margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Mais do que a vitória de Lula nos diferentes cenários, chamou a atenção o fato de Flávio estar mais bem colocado na pesquisa do que Tarcísio, nome favorito do mercado para a disputa com o atual presidente.
“Quando saiu o nome do Flávio (em 5 de dezembro), o mercado tinha a certeza de que o candidato mais competitivo era o Tarcísio”, comentou Felipe Tavares, economista-chefe da BGC Liquidez, ao lembrar da disparada do dólar e da curva de juros naquele momento.
Segundo ele, com o passar dos dias a avaliação do nome de Flávio foi melhorando, o que contribuiu para reduzir a pressão sobre os ativos brasileiros, mas “hoje nós confirmamos o mesmo ponto”.
“Quando a Quaest sai mostrando o Lula forte, volta o medo de que não se concretize a alternância política. Por isso o mercado piorou.”
Após marcar uma cotação mínima de R$5,4157 (-0,11%) às 9h24, ainda na primeira meia hora da sessão, o dólar à vista escalou até a máxima de R$5,4768 (+1,02%) às 12h37 - antes mesmo da divulgação oficial da pesquisa Genial/Quaest, cujos resultados já eram especulados nas mesas.
“Houve compras (de dólares) características de fim de ano e desde cedo a moeda se descolou do que ocorria lá fora”, comentou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik. “E o mercado operou antes mesmo da divulgação da pesquisa eleitoral, porque havia comentários de que ela seria ruim para a oposição”, acrescentou.
No início do dia, o Banco Central publicou a ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), que na semana passada manteve a taxa básica Selic em 15% ao ano.
No texto, o BC apontou ganhos gerados pela 'condução cautelosa' dos juros, vendo contribuição determinante da política monetária para a desaceleração dos preços. Além disso, o BC enfatizou o firme compromisso com a meta de inflação, de 3%.
Os efeitos da mensagem da ata sobre o câmbio, no entanto, foram diluídos pela maior influência do fluxo e da pesquisa eleitoral.
No exterior, o dia foi marcado pela divulgação de novos dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos, com o dólar sustentando baixas ante boa parte das demais divisas. Às 17h13, o índice do dólar - que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas - caía 0,14%, a 98,122.
(Edição Alberto Alerigi Jr.)
Reuters

