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ENTREVISTA-Fiocruz busca antecipar em até 100 dias produção local de vacina da AstraZeneca

Placeholder - loading - Recipiente de dose da vacina da AstraZeneca/Oxford envasada pela Fiocruz 27/01/2021 REUTERS/Pilar Olivares
Recipiente de dose da vacina da AstraZeneca/Oxford envasada pela Fiocruz 27/01/2021 REUTERS/Pilar Olivares

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Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) trabalhará para antecipar em até 100 dias o início das entregas da vacina contra Covid-19 da AstraZeneca com a Universidade de Oxford feitas integralmente no país, disse em entrevista à Reuters o vice-presidente de Produção e Inovação da Fiocruz, Marco Krieger.

A Fiocruz, que até o momento entregou 4 milhões de dosesimportadas prontas da Índia da vacina ao Programa Nacional deImunização (PNI) do Ministério da Saúde, prevê entregar atéjulho à pasta 100,4 milhões de doses da vacina envasadas em suasinstalações após importação do insumo farmacêutico ativo (IFA),que vem da China.

O cronograma para a produção local integral prevê oinício das entregas a partir de setembro, num total de 110 milhões de doses, e é este prazo que o Krieger afirma que pode ser antecipado.

'Setembro é a meta 'by the book', sem antecipação. Se fosse fazer pelo tratamento tradicional. A Anvisa (Agência Nacional deVigilância Sanitária) tem feito uma avaliação de risco muitoimportante e achamos possível que a gente possa fazer a produçãoem um controle só... e a gente comece a liberar a produção numadiferença de quase 100 dias (antes)', disse Krieger ementrevista à Reuters na sexta-feira.

'Isso seria importante para um momento com possíveldificuldade de vacina', acrescentou Krieger.

No momento, além das 4 milhões de doses da vacina da AstraZeneca importadas, a campanha de vacinação contra a Covid-19 no Brasil conta com 20,6 milhões de doses da CoronaVac, do laboratório chinês Sinovac, que está sendo envasada pelo Instituto Butantan com IFA vindo da China. Esses dois imunizantes são aplicados em duas doses.

A vacinação no país tem caminhado a ritmo lento, com apenas cerca de 6% da população acima de 18 anos vacinada com a primeira dose, de acordo com levantamento da Fiocruz.

Na sexta-feira, a Anvisa concedeu registro no Brasil para a vacina AstraZeneca/Oxford, apontada pelo vice-presidente da Fiocruz como o melhor, mais efetivo e mais acessível imunizante contra o coronavírus disponível no mercado mundial. Até o momento, a CoronaVac não obteve registro da Anvisa, mas uma autorização para uso emergencial.

Krieger explicou que existem etapas na produção para obtenção do registro da vacina produzida 100% na Fiocruz e que a entidade buscará eliminar a necessidade de algumas dessas etapas.

Ele afirmou que, para obtenção do registro da produção integral local, é necessário que três lotes sejam produzidos, o que demanda tempo. Como a vacina já está em uso na Europa e em outros países além do Brasil, ele acredita na possibilidade de obtenção de registro com a produção de um lote apenas.

'Vamos começar a produzir em maio e ver como acelerar o lado regulatório', acrescentou.

'Talvez a gente não precise de três lotes de produção para ter o registro. Talvez a gente precise só de um lote. Aí a gente ganharia 100 dias', disse.

'Há dados técnicos e científicos que mostram que a gente usa o mesmo equipamento, a mesma célula e o mesmo protocolo que é usado em 17 centros do mundo. Isso tem uma consistência.'

PRIMEIRAS ENTREGAS

Antes da produção do IFA próprio, a expectativa da Fiocruz é que as primeiras doses da vacina da AstraZeneca envasadas pela fundação sejam entregues ao PNI nesta semana, e Krieger disse que a meta é chegar ao fim do mês com uma produção diária de 1 milhão de doses e fazer entregas semanais ao ministério.

A Fiocruz vai receber da China ainda em março o dobro da quantidade de IFA prevista inicialmente, suficiente para a produção de 30 milhões de doses do imunizante.

Além disso, Krieger espera a assinatura ainda neste mês ou no próximo do contrato de transferência de tecnologia com a AstraZeneca que viabiliazará a fabricação integral da vacina no Brasil, com IFA também produzido localmente, sem necessidade de importação.

Ele disse que a fábrica onde a vacina será produzida já está praticamente pronta e aposta que a Fiocruz poderá queimar etapas regulatórias para acelerar as entregas da vacina produzida 100% no Brasil.

'Vamos produzir a vacina no primeiro semestre para entregar no segundo semestre. Vamos ter que vencer os desafios regulatórios', disse.

PROTAGONISMOO cronograma de entregas de vacina com IFA importado prevê 3,8 milhões de doses em março, 30 milhões em abril, 25 milhões em maio, 25 milhões em junho e 16,6 milhões em julho.

Com o início da produção em larga escala, atrasada devido à dificuldade de importação de IFA da China, Krieger acredita que a vacina AstraZeneca/Oxford e a Fiocruz assumirão o protagonismo da campanha de vacinação contra a Covid-19 no Brasil, que atualmente está com o Butantan e a CoronaVac.

'Essa é uma vacina que fornece uma proteção muito rápida para as pessoas já na primeira dose. Como vamos produzir muitas doses, podemos quase multiplicar pelo número de protegidos. A gente respeita todas as outras iniciativas, mas o protagonismo (da vacina de Oxford) vai ser muito importante para ajudar o Brasil a sair desse momento tão dramático. Vamos ter a melhor arma para o pior momento', disse.

'Se juntar todas as características e acompanhar as avaliações feitas no mundo , não tenho dúvida do protagonismo desse projeto', disse Krieger.

O Brasil vive atualmente o pior momento da pandemia, batendo recordes de mortes diárias, com média de quase 2 mil na última semana, também num momento em que novas variantes mais transmissíveis do coronavírus se disseminam pelo Brasil, especialmente a originada em Manaus.

Dados preliminares indicam que a vacina da AstraZeneca protege contra a chamada variante de Manaus. O imunizante, por outro lado, teve sua aplicação suspensa em alguns países da Europa enquanto são investigados casos de pessoas que desenvolveram coágulos sanguíneos após receberem a vacina.

Esses casos estão sendo analisados por uma comissão da Organização Mundial da Saúde (OMS) que afirmou não haver indício de causalidade.

Escrito por Reuters

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