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ENTREVISTA-Luz vermelha acenderá em maio para sistema de saúde do Rio, diz secretário estadual

Placeholder - loading - Mulher usa máscara enquanto outras pessoas aguardam em fila de banco no Rio de Janeiro 15/04/2020 REUTERS/Ricardo Moraes
Mulher usa máscara enquanto outras pessoas aguardam em fila de banco no Rio de Janeiro 15/04/2020 REUTERS/Ricardo Moraes

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Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O secretário estadual de Saúde do Rio de Janeiro, Edmar Santos, manifestou preocupação com o avanço da Covid-19, doença respiratória provocada pelo coronavírus, no Estado em entrevista à Reuters e disse que, no momento, a luz está amarela, caminhando para laranja, mas previu que ficará vermelha em maio, com a chegada do momento mais crítico da doença.

Santos, que está infectado com a Covid-19, disse temer um momento 'muito, muito complicado' no Estado e afirmou que a curva de contágio em solo fluminense não está achatando, apesar das medias de isolamento social adotadas pelo governo de Wilson Witzel (PSC), que também está diagnosticado com a doença.

'Ainda não acendemos a luz vermelha, mas estamos da luz amarela para laranja. Mas se as mortes não sensibilizarem a população, no começo de maio a luz vermelha acende para o sistema de saúde', disse o secretário em entrevista concedida à Reuters na noite de sexta-feira.

De acordo com dados oficiais, o número de mortes confirmados pela doença no Estado mais que dobrou em uma semana. No último balanço divulgado no domingo, o Rio contabilizava 402 óbitos enquanto no domingo anterior eram 170. Outras 185 mortes estão em investigação. O balanço oficial confirma ainda 4.675 casos da doença, ante 2.855 uma semana antes.

'Com aumento no número de óbitos e da pressão de internação, vemos que a curva não está achatando e daqui a duas semanas podemos estar num cenário muito, muito complicado', disse.

Segundo o secretário, essa aceleração e o número elevado de casos ocorre antes mesmo de se atingir o pico da Covid-19 no Estado. Ele estima que o auge da doença ocorrerá daqui a duas semanas, na virada de abril para maio.

'Estou temendo esse momento. Você sabe que sempre tive um tom equilibrado... a gente sempre criticou governos ausentes. Dessa vez tomamos as medidas no horário certo, na hora correta e enfrentamos mil resistências, mas estou um pouco desolado ao ver que podemos jogar fora uma oportunidade que foi dada.'

O secretário avaliou que a população fluminense relaxou o distanciamento social, que é uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para conter a disseminação do vírus, com mais pessoas indo às ruas nos últimos dias. Dados estatísticos mostram que a taxa de isolamento no Grande Rio está perto de 50%, sendo que o ideal recomendado pela OMS é de 70%.

'Não chegamos no pico da doença e vemos pessoas enchendo calçadas no Rio, na Baixada e outros municípios. Acho que a gente está perdendo uma chance valiosa de achatar a curva e frear a epidemia', avaliou.

'Tenho percebido uma pressão muito grande nos últimos dias nas nossa unidades hospitalares por internação e transferência para os hospitais de referência. E o pico é só daqui umas duas semanas. Se seguir esse comportamento social, a gente ainda vai ter uma piora muito grande de casos e óbitos.'

ENCOMENDAS ATRASADAS

Outra preocupação do secretário, que está trabalhando de casa isolado, é com a estrutura para enfrentar a doença. O Estado se preparou para testagem em massa da população, mas dos cerca de 1 milhão de testes comprados da China, o Rio tem à disposição apenas 50 mil. Além disso, dos 900 respiradores encomendados, somente 50 chegaram do país asiático até agora.

O governo estadual também está viabilizando oito hospitais de campanha para pacientes com Covid-19, mas com atrasos nas encomendas da China, o cronograma de conclusão das unidades temporárias está comprometido. Dos oito planejados para ficarem prontos até o fim do mês, apenas dois deles devem entrar em operação: no Maracanã e no Leblon

A falta de equipamentos e estrutura também afeta a prefeitura do Rio, que no domingo recebeu seu primeiro hospital de campanha, no Riocentro, mas a unidade temporária ainda não tem os respiradores comprados da China e só deve estar operacional no mês que vem. A cidade do Rio contabiliza 245 mortes e 3.126 casos de coronavírus.

Para aumentar o desafio do Estado e da cidade, a taxa de ocupação da rede pública de saúde está elevada e pode chegar à saturação caso a demanda por leitos aumente rapidamente nos próximos dias.

Até a semana passada, dos 619 leitos da rede pública que atendem ao Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade, 548 estavam ocupados. No Estado, a ocupação de leitos de UTI também beira 90%.

Escrito por Reuters

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