Fornecedor de água de Gaza suspende serviços após Hamas deter funcionário

CAIRO (Reuters) - Uma empresa de Gaza que opera usinas de dessalinização de água que atendem a quase metade da população do enclave interrompeu suas operações em protesto contra a detenção de um de seus funcionários pelo Hamas.

Youssef Yassin, membro da diretoria da Abdul Salam Yassin Company, disse que a medida afetaria mais de 1 milhão de pessoas que normalmente recebem água da empresa.

Mais de 70 caminhões que transportam contêineres de água pelo enclave também interromperam as operações, acrescentou ele, arriscando mais cortes no fornecimento depois que a rede de tubulações foi seriamente danificada durante a guerra.

'Sei que é catastrófico, mas proteger nossos funcionários é uma questão sagrada', afirmou Yassin à Reuters.

Yassin disse que o Hamas não havia dado nenhuma razão para a prisão no final da segunda-feira. O Hamas não fez comentários imediatos quando contatado pela Reuters na terça-feira.

O Hamas vem gradualmente reafirmando o controle em áreas de Gaza das quais Israel se retirou, à medida que as negociações pós-guerra sobre seu futuro se arrastam. As potências estrangeiras exigem que o grupo se desarme e deixe o governo, mas ainda não chegaram a um acordo sobre quem os substituirá.

Israel continua a controlar cerca de metade da Faixa de Gaza.

A medida é uma rara demonstração de dissidência contra o Hamas, que governa o enclave palestino desde 2007. Em março e abril, ocorreram breves manifestações exigindo o fim da guerra e que o Hamas renunciasse ao poder, mas foram interrompidas após um aviso de que a desordem pública não seria tolerada.

Se o protesto da empresa persistir, poderá exacerbar a crise crônica de água no enclave, que foi agravada ainda mais por dois anos de guerra.

Israel interrompeu todo o fornecimento de água e eletricidade para Gaza no início da guerra, mas retomou alguns fornecimentos mais tarde.

A maior parte da infraestrutura de água e saneamento foi destruída e as bombas do aquífero geralmente dependem da eletricidade de pequenos geradores, para os quais raramente há combustível disponível.

(Reportagem de Nidal al-Mughrabi)