Imigração dos EUA detém mãe de sobrinho da secretária de imprensa da Casa Branca

Por Ted Hesson

WASHINGTON (Reuters) - Agentes de imigração dos Estados Unidos detiveram a mãe do sobrinho da secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disseram as autoridades nesta quarta-feira, em um sinal do amplo alcance da repressão do presidente Donald Trump à imigração.

Um porta-voz do Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS, na sigla em inglês) disse em comunicado que as autoridades de imigração prenderam a mulher, a brasileira Bruna Caroline Ferreira, mas se recusou a fornecer as circunstâncias exatas.

Notícias informaram que Ferreira havia sido levada sob custódia em Revere, Massachusetts, perto de Boston.

O DHS disse que Ferreira havia entrado nos EUA com um visto de turista e não conseguiu sair. Mas seu advogado, Jeffrey Rubin, disse que ela estava buscando residência permanente e que já havia sido protegida contra deportação por um programa para imigrantes trazidos para os EUA ilegalmente quando crianças.

Trump, um republicano, enviou agentes de imigração para as principais cidades dos EUA em um esforço para atingir níveis históricos de deportações, varrendo muitos residentes de longa data e não criminosos.

Mais de dois terços das cerca de 53.000 pessoas presas pelo Serviço de Imigração e Controle Alfandegário dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês) e detidas até 15 de novembro não tinham condenações criminais, de acordo com estatísticas do ICE.

O DHS disse que Ferreira já havia sido presa anteriormente por agressão, mas não forneceu detalhes. A Reuters não pôde confirmar de forma independente a suposta acusação.

Em resposta a um pedido de comentário à Casa Branca, uma fonte familiarizada com o assunto confirmou que Ferreira é a mãe do sobrinho de Leavitt. Segundo a fonte, o sobrinho viveu em tempo integral desde o nascimento em New Hampshire com o irmão de Leavitt, Michael Leavitt, e nunca morou com Ferreira.

O DHS disse que Ferreira está sendo mantida em um centro de detenção do ICE na Louisiana.

'De acordo com o presidente Trump e a secretária Noem, todos os indivíduos ilegalmente presentes nos Estados Unidos estão sujeitos à deportação', disse o porta-voz.

Rubin, um advogado de Boston que representa Ferreira, disse em um comunicado que sua empresa esperava garantir sua rápida libertação.

Ela já havia se inscrito no programa Ação Diferida para Chegadas na Infância (Daca, na sigla em inglês), que oferece isenção de deportação e permissão de trabalho para imigrantes trazidos para os EUA quando crianças, disse ele.

Rubin disse que o mesmo governo que ofereceu a ela um caminho para a cidadania agora optou por 'abusar dos poderes que lhe foram confiados' com 'deportação em massa aleatória'.

Uma página do GoFundMe organizada pela irmã de Ferreira, Graziela Dos Santos Rodrigues, tem como objetivo arrecadar US$30.000 para suas despesas legais, descrevendo-a como uma mãe altruísta e trabalhadora.

'Ela fez tudo o que estava ao seu alcance para construir uma vida estável e honesta aqui', diz a página. 'Ela manteve seu status legal por meio do Daca, seguiu todos os requisitos e sempre se esforçou para fazer a coisa certa.'

A detenção foi 'especialmente dolorosa' para seu filho de 11 anos, 'que precisa da mãe e espera todos os dias que ela esteja em casa a tempo para as festas de fim de ano', disse a página.

(Reportagem de Ted Hesson)