Impacto do vírus na economia italiana é exposto em previsões da UE
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Por Francesco Guarascio
BRUXELAS (Reuters) - A dívida pública da Itália atingirá quase 160% do PIB este ano e sua economia encolherá acentuadamente, projetou a União Europeia, destacando o impacto a longo prazo das medidas de isolamento contra o coronavírus no Estado da zona do euro mais afetado pela epidemia.
O comissário de Economia da UE, Paolo Gentiloni, elogiou as medidas tomadas pelo governo italiano para conter as consequências econômicas da crise.
Mas depois de ter sido afetado mais cedo e com mais força pelo surto do que outros países da zona do euro, 'a previsão é de que a recuperação da Itália irá demorar mais' do que em outros lugares do bloco, disse ele em entrevista coletiva.
A Itália registrou mais de 29.000 mortes relacionadas ao novo coronavírus, a terceira maior contagem do mundo.
A previsão sombria de Bruxelas, a primeira desde que a pandemia começou, pode colocar ainda mais pressão sobre a dívida do governo italiano, que já está sendo testando por mercados apesar das compras maciças de títulos do país por parte do Banco Central Europeu.
Um ultimato ao BCE sobre o seu principal programa de estímulo na terça-feira pela suprema corte da Alemanha causou uma acentuada liquidação da dívida italiana, elevando o rendimento de 10 anos em quase 20 pontos-base, para uma máxima de uma semana e meia de 1,947%. Esse rendimento estava sendo negociado a cerca de 1,87% nesta quarta-feira.[nL1N2CN0LV]
A Comissão, o braço executivo da UE, disse que a dívida da Itália deve saltar para 158,9% do PIB -- seu valor mais alto desde a Segunda Guerra Mundial -- este ano, antes de cair marginalmente em 2021. Os 134,8% registrados em 2019 correspondem ao segundo valor mais alto na União Europeia.
No final de abril, o governo de Roma previa um aumento para 155,7% este ano.
O aumento da dívida deve-se em parte a uma grande queda no Produto Interno Bruto da Itália, que a Comissão -- usando dados coletados até 23 de abril -- prevê que cairá 9,5% este ano e 18% nos seis meses até junho.
A projeção em toda a zona do euro é de uma queda média do PIB de 7,7% este ano.
(Reportagem de Francesco Guarascio)
Escrito por Reuters
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