Iraquianos votam em eleição em meio à desilusão e expectativas de poucas reformas
Iraquianos votam em eleição em meio à desilusão e expectativas de poucas reformas
Reuters
11/11/2025
Atualizada em 11/11/2025
Por Ahmed Rasheed e Muayad Hameed
BAGDÁ (Reuters) - Os iraquianos começaram a votar nesta terça-feira nas eleições parlamentares para escolher uma nova legislatura de 329 membros, informou a televisão estatal, com o encerramento das votações em todo o país previsto para as 18h (horário local, 12h em Brasília).
O primeiro-ministro Mohammed Shia al-Sudani busca um segundo mandato em um exercício que um eleitorado jovem e crescente vê cada vez mais como um veículo para os partidos estabelecidos dividirem a riqueza petrolífera da nação do Oriente Médio.
A previsão é de que o bloco de Sudani conquiste o maior número de cadeiras, mas não alcance a maioria, o que pode significar meses de negociações pós-eleitorais entre muçulmanos xiitas e sunitas, bem como partidos curdos, para dividir os cargos do governo e escolher um primeiro-ministro.
As eleições no Iraque são cada vez mais marcadas pelo baixo comparecimento. Muitos eleitores perderam a fé em um sistema que não conseguiu romper um padrão de captura do Estado por partidos poderosos com apoiadores armados, enquanto os iraquianos comuns reclamam da corrupção endêmica, dos serviços precários e do desemprego.
O comparecimento às urnas é projetado por analistas e pesquisadores para cair abaixo do 41% registrado em 2021, graças, em parte, à desilusão geral e ao boicote do clérigo xiita populista Moqtada al-Sadr, que conta com centenas de milhares de eleitores em sua base de apoio principal.
A votação deste ano apresenta uma série de candidatos jovens que esperam entrar na política, mas suas chances contra as antigas redes de clientelismo são incertas.
'Esta eleição não dependerá da popularidade. Dependerá do dinheiro gasto', disse o ex-primeiro-ministro Haider al-Abadi em uma entrevista televisionada no mês passado.
Os analistas alertam que a baixa participação entre os civis poderá corroer ainda mais a confiança em um sistema que, segundo os críticos, beneficia poucos e negligencia muitos.
'Para os 21 milhões de eleitores registrados do Iraque, a votação de terça-feira pode fazer pouco mais do que endossar uma ordem política familiar', disse o analista político Ahmed Younis, de Bagdá.
'Não se espera que os resultados façam mudanças drásticas no mapa político iraquiano.'
Ainda assim, a votação, cujos resultados são esperados após vários dias, ocorre em um momento delicado para o país.
O próximo governo precisará navegar pelo delicado equilíbrio entre a influência dos Estados Unidos e do Irã e administrar dezenas de grupos armados que estão mais próximos de Teerã e que respondem mais aos seus próprios líderes do que ao Estado, ao mesmo tempo em que enfrenta a crescente pressão de Washington para desmantelar essas milícias.
(Reportagem de Ahmed Rasheed e Muayad Hameed)
Reuters

