Bolsonaro decide trocar presidente da Petrobras, dizem fontes
Publicada em
Atualizada em
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro decidiu que o general da reserva Joaquim Silva e Luna não deverá continuar na presidência-executiva da Petrobras, disseram três fontes com conhecimento da situação à Reuters nesta segunda-feira.
A saída de Luna deverá ocorrer após descontentamento de Bolsonaro com a forte alta nos preços de diesel e gasolina praticada pela companhia no início do mês.
Duas das fontes citaram que o nome do executivo não está entre os conselheiros indicados pelo governo para formar o novo Conselho de Administração da estatal.
A exclusão de Luna de tal lista indica que ele deve deixar o comando da Petrobras, segundo as fontes, que falaram na condição de anonimato devido à sensibilidade do tema.
Procurados, o Palácio do Planalto e a Petrobras não comentaram o assunto imediatamente.
Uma assembleia de acionistas para renovar o conselho foi agendada para o dia 13 de abril.
O movimento ocorre após o presidente Bolsonaro ter criticado a alta de cerca de 25% no preço do diesel anunciada pela Petrobras no início deste mês, quando também reajustou o valor da gasolina em quase 19%, na esteira dos ganhos do petróleo no mercado internacional.
Questionado em meados deste mês, Bolsonaro afirmou que existia a 'possibilidade' de substituição do atual presidente da Petrobras.
Caso a saída de Luna seja efetivada, será o segundo presidente da Petrobras a deixar a companhia por insatisfação de Bolsonaro relacionada aos preços de combustíveis.
No ano passado, o então presidente da estatal Roberto Castello Branco saiu em condições semelhantes.
'Embora a decisão seja igual à tomada um ano atrás, quando o Executivo decidiu não reconduzir Castello Branco e indicar o General Silva e Luna à presidência da Petrobras, os desdobramentos do fato para as ações hoje se deram de forma bem mais contida', disse a corretora Ativa.
As ações preferenciais da Petrobras chegaram atingir uma mínima de 30,98 reais na sessão após a notícia, mas reduziam perdas e fecharam em baixa de 2,2%, a 31,60 reais.
'Isto acontece pela hora na qual a notícia foi divulgada e pelo mercado já trabalhar há semanas com a possibilidade de a mudança ser executada', acrescentou a Ativa.
Na gestão Luna, a Petrobras buscou seguir a sua política de paridade de preços de combustíveis, mas evitando repassar volatilidades do mercado de petróleo imediatamente. No início de março, após um salto nas cotações internacionais devido à guerra na Ucrânia, a companhia efetivou o forte reajuste argumentando que isso era necessário para o abastecimento do país, que depende de importações de combustíveis.
A informação de que Bolsonaro decidiu tirar Luna da presidência da estatal foi publicada antes pela edição online da revista Veja, que cita o especialista do setor de energia Adriano Pires como nome mais forte no Planalto para assumir a comando da companhia.
'A indicação seria técnica e o nome de Pires é reconhecido pelo mercado como uma indicação que não romperia com as transformações operacionais e financeiras que vêm sendo executadas na companhia desde a metade da década passada', opinou a corretora.
(Por Rodrigo Viga Gaier; com reportagem adicional de Roberto Samora e André Romani)
Escrito por Reuters
SALA DE BATE PAPO