Merkel diz ter apoio necessário para negociar imigração com aliados da Baviera
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Por Paul Carrel e Jörn Poltz
BERLIM/MUNIQUE (Reuters) - A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que seu partido, a União Democrata-Cristã (CDU), chegou a um meio-termo com a aliada da Baviera União Social-Cristã (CSU) para aumentar os controles de imigração do país, garantindo o apoio necessário para buscar acordos antes de uma cúpula da União Europeia no final de junho.
Merkel disse em coletiva de imprensa nesta segunda-feira que um plano para repelir pessoas nas fronteiras da Alemanha pode desencadear um efeito dominó, mas disse ter concordado com uma demanda da CSU de proibir a entrada de pessoas que já haviam sido expulsas do país.
A CSU tinha pedido nesta segunda-feira novas medidas para conter a imigração, mas disse que um plano para repelir imigrantes na fronteira ainda precisava ser trabalhado.
Uma crise surgida entre Merkel e seus aliados conservadores da CSU referente à imigração se agravou na última semana, mas surgiram sinais de uma possível concessão quando o presidente da sigla, Horst Seehofer, disse no domingo que a desavença pode ser superada.
Seehofer, que é ministro do Interior da Alemanha, quer o direito de rejeitar imigrantes que já se registraram em outro país da União Europeia, mas Merkel se opõe a qualquer medida unilateral de Seehofer que reverta sua política de portas abertas adotada em 2015 e mine sua autoridade.
Já se especula que a aliança conservadora de 70 anos entre a CSU e a CDU pode ruir se as duas siglas não resolverem suas diferenças. Neste caso a coalizão de três meses da chanceler, que também inclui os Social Democratas de centro-esquerda, perderia sua maioria parlamentar.
Ao chegar para uma reunião de líderes da CSU em Munique nesta segunda-feira, o primeiro-ministro bávaro, Markus Soeder, disse que a CSU quer apoiar o plano-mestre para limitar a imigração na fronteira, mas que deixará para Seehofer decidir como implantar a medida.
Uma parte importante do plano-mestre é a possibilidade de repelir as pessoas na fronteira , disse Soeder aos repórteres ao chegar para uma reunião da Presidência do partido na capital do país.
A absoluta maioria da população alemã apoia esta ideia e este conceito, e é por isso que queremos oferecer apoio hoje para implantá-la , disse. Caberá ao ministro do Interior decidir a implantação .
Ao apoiar o plano-mestre , a CSU desafiaria Merkel e criaria o risco de desestabilizar sua coalizão, mas deixar que Seehofer decida sua adoção pode postergar o debate por ora e lhe permitir chegar a um meio-termo com Merkel.
Muitos culpam a política de portas abertas de Merkel pelo crescimento do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que atualmente é a maior sigla opositora no Parlamento.
Mais de um milhão de imigrantes, a maioria fugindo de conflitos no Oriente Médio, entraram na Alemanha desde 2015.
(Reportagem adicional de Madeline Chambers e Michelle Martin)
Escrito por Thomson Reuters
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